Crítica – HQ: O Esqueleto – O Início, de Salvador Sanz

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Salvador Sanz é um dos nomes mais interessantes da atual geração de quadrinhistas argentinos. Temos sorte de sua produção estar sendo publicada no Brasil com relativa regularidade. Tudo graças à Zarabatana Books e seu trabalho hercúleo de aumentar o intercâmbio de nosso mercado de quadrinhos com os vizinhos latinos. O Esqueleto, nova HQ de Sanz, é uma grata surpresa fruto desse esforço.

A HQ curta, de apenas 16 páginas, mostra o melhor de Salvador Sanz, um exímio contador de história de ficção científica soturna e trágica. Ele é autor de obras como Legião e Angela Della Morte, que exploram a mesma temática (todos publicados por aqui). Este novo quadrinho mostra um planeta destruído por um vírus que contaminou todo o gado do planeta e que fez dos humanos monstros canibais. Neste contexto, apenas os vegetarianos se salvaram.

A história foca em Esqueleto, um vegetariano sobrevivente que precisa fugir desses canibais assassinos. O autor consegue, em um curto espaço de tempo, criar uma atmosfera perturbadora e uma narrativa tensa desde os primeiros momentos. O que ajuda a criar este clima é a arte escura e pesada, com rachuras em vermelho que reforçam o aspecto de cenário arrasado.

Divulgação.
Divulgação.

Como toda boa ficção científica, Esqueleto explora nossos piores medos. Aqui temos o exagero de um consumo não sustentável de carne animal e a hecatombe do fim dos alimentos. Longe de se mostrar ativista do veganismo, comida orgânica, ou do que seja, Salvador Sanz cria uma obra sobre a tragédia do ser humano enquanto espécie. Um ser vivo que conseguiu aniquilar seu próprio ambiente e que hoje está condenado a devorar a si mesmo até a completa extinção.

A imagem que Salvador faz dos humanos canibais, monstros que deformam o maxilar e ficam em letargia para digerir carne e ossos, é incrivelmente assustador. A HQ curta é o início de uma história maior que o autor está desenvolvendo, mas ainda sem prazo para sair.

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