Crítica-HQ: Novos quadrinhos de Robocop

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Foto: Divulgação/Boom Studios.
Foto: Divulgação/Boom Studios.
Foto: Divulgação/Boom Studios.

HQs tentam explorar novas facetas de Robocop
Editora Alto Astral estreia no mercado de quadrinhos com revistas baseadas no longa de José Padilha

O Robocop dirigido por José Padilha nos cinemas mostrou um novo universo ao personagem, mais realista e cyberpunk que o original de Paul Verhoeven dos anos 1980. Agora, esse cenário ganha uma expansão com quatro HQs que acabam de sair pela editora Alto Astral, que estreia no mercado nacional de quadrinhos. As histórias são independentes e trazem diferentes aspectos da Detroit futurista e do policial robô.

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Nos EUA, as HQs saíram pela Boom Studios, que já apostava em Robocop antes mesmo desse reboot chegar aos cinemas. Em agosto de 2013, a editora publicou uma minissérie baseada no roteiro original de Robocop 3, de Frank Miller. Agora, a aposta é cativar os fãs do filme com tramas independentes à história passada em tela. Os títulos que chegam às bancas são RoboCop: Homem e Maquina, RoboCop: Viver e Morrer em Detroit, RoboCop: Lembranças da Morte e RoboCop: Beta.

Como a maioria das HQs baseadas em filmes, as revistas de Robocop não podem fazer muito além de expandir aspectos que não couberam em tela – ou não tiveram tempo hábil. Não é possível esperar por algo disruptivo que altere os eventos da franquia nos cinemas. Dito isso, os roteiristas conseguiram explorar bem o que lhes foi dado, cada um em um aspecto definido. Do ponto de vista da narrativa e da linguagem típica dos quadrinhos, nada muito inovador, infelizmente.

Foto: Divulgação/Alto Astral.
Foto: Divulgação/Alto Astral.

RoboCop: Viver e Morrer em Detroit, a melhor das quatro HQs lançadas, mostra Robocop desvendando um esquema de tráfico de pessoas. O roteiro de Joe Harris (de Ghost Projekt) é ágil para manter nossa atenção, mas empaca na obviedade. Apesar de seu feijão-com-arroz, fez um bom trabalho ao lado de Piotr Kowalski, numa história bem contada e que tem um ritmo parecido com o que vimos em tela esse ano. Já seus colegas não tiveram a mesma sorte nos demais títulos.

RoboCop: Homem e Maquina explora o lado psicológico de Alex Murphy enquanto autômato. Como se sabe, ele não é um robô per se, mas um homem dentro de uma máquina. É essa condição que garante sua existência, ao mesmo tempo em que o aprisiona em uma situação robótica: não há outra alternativa de vida além de cumprir sua função de policial. Michael Moreci (nome conhecido dentro da Boom Studios), não consegue ir além do que já sabemos da história do personagem. Com a ação quase toda passada dentro da mente de Murphy, vimos apenas a repetição de um enfoque. Ele sofre em sua condição: ok, massa, mas seria bom um outro olhar sobre isso.

Robocop – Beta é uma boa surpresa. Ed Brisson, conhecido por seus trabalhos na Image, como Sheltered e Prophet, consegue criar uma trama com algumas reviravoltas que atraem o interesse dentro do universo de Robocop. É o título que sai melhor na sua tentativa de ir além de um apêndice da versão nos cinemas. A arte de Laiso, versátil para explorar as diversas situações da trama, é outro ponto positivo. Por fim, Lembranças da Morte, de Frank J. Barbieri (Blackout) ganha pontos por alguma ousadia ao apostar em uma viagem onírica de Alex Murphy ao lado de seus demônios internos. Mas logo que começamos a ler, sabemos para onde a ação vai nos levar. A arte é do brasileiro João “Azeitona” Vieira, responsável pela publicação indie Zine.

Apesar de não ser um material incrível, a Alto Astral, conhecida por títulos populares como “Guia Astral”, “TodaTeen” e “Malu”, se sai muito bem nessa sua primeira iniciativa nos quadrinhos. As revistas contam com uma edição cuidadosa, papel de qualidade, boa distribuição e preço justo. É bom para o mercado mais competidores em bancas além das onipresentes Panini e Abril, o que vai possibilitar mais público e a chegada de trabalhos inéditos no Brasil.

ROBOCOP – VIVER E MORRER EM DETROIT
De Joe Harris (texto) e Piotr Kowalski (arte)
[Editora Alto Astral, 24 págs, R$ 5,90 / 2014]
Tradução: Vivian Lourenço

Nota: 6,5

ROBOCOP – HOMEM E MÁQUINA
De Michael Moreci (texto) e Jason Copland (arte)
[Editora Alto Astral, 24 págs, R$ 5,90 / 2014]
Tradução: Vivian Lourenço

Nota: 4,5

ROBOCOP – BETA
De Ed Brisson (texto) e Emilio Laiso (arte)
[Editora Alto Astral, 24 págs, R$ 5,90 / 2014]
Tradução: Vivian Lourenço

Nota: 6,0

ROBOCOP – LEMBRANÇAS DA MORTE
De Frank J. Barbieri (texto) e João “Azeitona” Vieira (arte)
[Editora Alto Astral, 24 págs, R$ 5,90 / 2014]
Tradução: Vivian Lourenço

Nota: 6,0

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