E o mundo conheceu mais um disco do Gorillaz. Assim como a single de abertura (“Humility”), o trabalho pareceu mais simples. Se Humanz, disco anterior, veio com excessos nas participações e nas faixas, o Now Now veio mais discreto com apenas 11 canções e poucas colaborações. Ele explora bastante os sintetizadores mais pop e surfa na onda do new wave.
Damon Albarn (cabeça do projeto), em entrevista, declarou que o álbum seria um tanto descompromissado com qualquer coisa. “Eu só queria fazer outro disco para que, quando a gente tocasse no verão houvesse algo legal pro público”. Bom, querendo ou não, ele me fez criar uma expectativa alta para o que estava por vir. O clipe de “Humility”, toda identidade visual e sonora apresentada como cartão de visitas me fez imaginar um cenário mais colorido, feliz e positivista do Gorillaz.
Como falei anteriormente no texto de expectativa para o álbum, esperava uma outra mensagem do Gorillaz. Me senti como se tivesse comprado um produto num site chinês e quando chegou, não era bem o que tinha na foto. É um disco que foca mais nas relações interpessoais, relacionamentos, nas pressões que recebemos da sociedade e sobre ter que se provar diariamente. Parece um Damon já cansado dessas turnês. Bons momentos como “Souk Eye” e “Trans” que me lembram momentos de ouro da discografia do Gorillaz, mas que não são suficiente para sustentar o disco.
Damon já não emplaca trabalhos como em outros tempos, mesmo ganhando o Brits de melhor grupo britânico no último ano. Se “Humility” será uma nova “Clint Eastwood” como foram “Feel Good Inc” no Demon Days (2005) e “On Melancholy Hill” no Plastic Beach (2010), só o tempo dirá.
No fim das contas, eu diria que esse disco só veio para fazer volume nas nossas prateleiras digitais. Nada memorável. Acho que o workholic Damon Albarn deveria aproveitar esses intervalos entre uma turnê e outra para viajar pela África e Japão, como ele tanto gosta e descansar.
GORILLAZ
The Now Now
[Parlophone, 2018]
Produzido por James Ford, Remi Kabaka Jr.