Crítica: Franz Ferdinand | Right Thoughts, Right Words, Right Action

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Fotos: Andy Knowles/Divulgação
Fotos: Andy Knowles/Divulgação

Franz Ferdinand abraça a new wave no novo disco

Por Maurício Angelo
Do Movin’Up

A banda escocesa Franz Ferdinand sempre flertou, sempre esteve lá com um ou dois pezinhos fincados na new wave, chupinhando e processando algumas das melhores influências da época: Talking Heads, B-52′s, Blondie, Roxy Music e, do pós-punk, bebendo onde 97% das bandas atuais bebem (especialmente), Gang Of Four.

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Right Thoughts, Right Words, Right Action vai um pouco mais fundo nessa influência. “Right Action” é o cartão de visitas, a carta de intenções. “Evil Eye” clama pra ser a “Rock Lobster” do século XXI. “Love Illumination” é a candidata natural para hit: dançante, empolgante, grudenta, com riff decente e pegadinha cool. É a tal “gema indie para as pistas” que o Franz Ferdinand se especializou em fazer. E como fazem esse bagulho bem.

“Stand On The Horizon” dá duas piscadinhas para essa pegada disco alternativa que nunca sai de evidência, como se Ottawan fizesse amor com Debbie Harry com New Order e Duran Duran de trilha sonora. A música também mostra outro talento natural do grupo: a capacidade de trabalhar bem a sobreposição de vozes, backings e efeitos.

Essa “iluminação” da virada dos anos 70 para os 80 grita alto em “Fresh Strawberries” e “Bullet” e seus timbres pra lá de típicos. Talvez seja fácil acusar Alex Kapranos, Bob Hardy, Nick McCarthy e Paul Thomson de serem bons emuladores. Quando se olha para as bandas similares da mesma geração do FF é de se perguntar quem não é.

E aí o Franz se destaca por seu próprio talento. Kapranos já é uma voz marcante dessa geração, a cozinha não é preguiçosa, eles sabem sacar riffs que empolgam com frequência, deixam o groove do baixo ocupar seu espaço fundamental (“Brief Encounters”, por ex) e sempre há um punhado de melodias e refrões fáceis. Sem falar da ótima comunicação com seu público e na “estilera” que buscam em seus clipes.

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O FF é a banda “moderninha” por excelência. Sendo fácil desprezá-los e fácil se empolgar com o que de melhor conseguem produzir. A segunda metade do disco não é tão inspirada quanto a primeira. Ainda assim, Right Thoughts, Right Words, Right Actions é o ajuste de fórmula – eles sempre mudam um ou outro ingrediente, capricham mais neste ou naquele, variam o ponto – capaz de manter a banda em alta rotação, com shows disputados, pelo menos três candidatas a novos clássicos do repertório e um álbum de se orgulhar por trás.

Afinal, pouquíssimas bandas da mesma geração envelheceram tão bem (e conseguiram se manter relevantes até hoje) quanto eles.

franzFRANZ FERDINAND
Right Thoughts, Right Words, Right Action
[Domino, 2013]

Nota: 8,0

Maurício Angelo é jornalista e editor do Movin’UP, onde esse texto foi publicado.