O faniquito bom de Tiê
Cantora explora novas possibilidades do pop em disco longe de qualquer rótulo
Tiê entra, definitivamente em uma nova fase da carreira, com este terceiro trabalho, Esmeraldas. Burilado após uma fase de transição em que foi revelada como nova promessas das vozes femininas do pop nacional, o trabalho traz profundidade e escopo que ajudarão Tiê a chegar a um outro patamar no cenário nacional.
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Produzido por Adriano Cintra e Jesse Harris, Esmeraldas foi gravado em São Paulo e Nova York. Entre as participações especiais estão David Byrne e Guilherme Arantes, dois nomes que nos ajudam a entender as referências buscas pela cantora neste seu novo momento.
Do primeiro ela compartilha uma busca por mais inovação no rock. “All Around You”, que encerra o álbum, resume o “faniquito” que foi esse trabalho, apontando em diversas direções. De Arantes, Tiê compartilha a consciência de saber a importância de um bom arranjo e do apelo pop necessário para se comunicar bem com o público. Eles estão juntos em “Máquina de Lavar”.
Esmeraldas é mais do que uma carta de intenções do amadurecimento de Tiê. É a prova de que o pop nacional pode ter graça e ao mesmo tempo almejar mais complexidade e facetas. Depois de trabalhos que oscilavam entre a extrema delicadeza e a melancolia (Sweet Jardim, de 2009 e A Coruja e o Coração, de 2011), ela chega apostando em diferentes estéticas, com extrema variação de resultados. Temos a ode ao regionalismo com a faixa-título; o hit “A Noite”, onde encontramos ecos de baladas dos Beatles com sua sonoridade límpida e “Urso”, com uma base eletrônica bem construída que serve de contraponto à voz aguda, mas firme de Tiê.
Saindo do estanque que se convencionou chamar de “nova MPB”, Tiê mostra com este disco que pode ser indie-rock, pop, o que quiser. [Fernando de Albuquerque]
TIÊ
Esmeraldas
[Warner Music, 2014]
Nota: 8,0
