Crítica – Disco: Shabazz Palaces | Lese Majesty

Lese Majesty
Foto: Divulgação.
Foto: Divulgação.

Shabazz Palaces evita caminhos fáceis no seu hip hop experimental e imersivo

O grupo de Seattle, Shabazz Palaces sempre cultivou o mistério como um dos seus principais atrativos. Eles chegam neste segundo álbum ainda herméticos e revelando muito pouco ao seu público, o que só aumenta a aura de opulência que querem firmar. Lese Majesty é um convite para uma espiral de beats que capturam o ouvinte em uma atmosfera que bloqueia qualquer dispersão.

Leia Mais
Desconstrução é a chave para entender FKA twigs
Jamaicano Popcaan faz dancehall com novidades
ScHoolboy Q cria narrativa gangsta rap sobre violência

Nesse ambiente fechado, poucos segundos são suficientes para ficar preso nesse terreno movediço. Dividido em “suítes” (já dissemos que eles são opulentos, certo?), o álbum traz discretas evoluções que parecem contar uma história espacial e épica. Os pomposos nomes confirmam a intenção: “Noetic Noiromantics”, “Murkings on the Oxblood Starway”, “Palace War Council Meeting”.

Liderado pelo produtor Ishmael Butler, mais conhecido por Palaceer Lazaro e o multi-instrumentista Tendai “Baba” Maraire, o grupo é um dos mais importantes nomes do hip hop experimental atual. E por experimental queremos dizer também contestadores. O disco está a todo tempo tentando forçar os limites de alicerces como rima, batida e cadência. Além disso, as batidas estrategicamente montadas colocam o grupo como inovadores também no campo da música eletrônica.

Formados em 2009, a banda lançou dois EPs de forma anônima antes de serem descobertos pela gravadora Sub Pop (casa do The Shins e berço do grunge de Seattle). Os trabalhos ficariam conhecidos depois como Shabazz Palaces e Of Light. Em 2011 conheceram a aclamação mundial com a estreia Black Up.

Toda essa moral deu combustível para o grupo ousar ainda mais neste segundo trabalho, um misto de beats psicodélicos com rimas desconstruídas, aparentemente sem ritmo. A estrutura pode parecer caótica, mas desafio ouvir a abertura “Dawn In Luxor” até o fim e não seguir na viagem. Trabalho introspectivo, o Shabazz Palaces em dois discos apenas consegue estabelecer um novo limite dentro do hip hop.

Poucas experiências serão tão excêntricas quanto este Lese Majesty em 2014. [PF]

Lese_MajestySHABAZZ PALACES
Lese Majesty
[Sub Pop, 2014]
[Recomendado]

Nota: 8,5

Encontrou um erro? Fale com a gente

Editor