Owen Pallett faz reset na carreira em busca da auto-descoberta
O cantor e violonista canadense Owen Pallett deu adeus ao seu projeto Final Fantasy (que chegou a se apresentar no Coquetel Molotov em 2008) e lança seu primeiro disco com seu próprio nome. Por isso, In Conflict é um trabalho de afirmação. Ou melhor explicando: um disco sobre a busca de Owen para atingir o seu melhor após conseguir delinear um estilo próprio com os três álbuns anteriores.
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O garoto franzino que batizou seu projeto musical em homenagem à famosa série de videogames japonesa Final Fantasy decidiu se desnudar de qualquer artifício conceitual em um álbum sóbrio que parece um manifesto, uma carta de intenções. Talvez por isso, a capa do disco se resuma às letras das músicas e um borrão aleatório jogado em cima da tela. Quem fez algo parecido ano passado foi Rodrigo Amarante, com Cavalo, também um disco sobre auto-descoberta.
In Conflict é a maturação de Pallett como compositor e também como cantor. Ele sofisticou seu alcance vocal a um timbre muito próprio que se evidencia desde a abertura com “I Am Not Afraid”. As letras vão na mesma onda da estética sonora: ele quer se descobrir e faz isso usando os ouvintes como confessionário. Enquanto em seus discos como Final Fantasy existia certo humor e alegorias meio desconexas, aqui há mais exposição em temas como romances e sexualidade. Só para efeitos de comparação, o segundo disco do cantor consistia basicamente em descrever as regras de magia do RPG Dungeons & Dragons em forma de quarteto de cordas.
Na musicalidade, Owen Pallett segue explorando o synth-pop com instrumentos como violino, viola e piano. Mas o apelido de “barroco pop” que recebeu no passado parece não se encaixar muito nesta sua nova fase. Ele está menos experimental em um trabalho não muito afeito a riscos. Seu intuito é atuar como um atleta de primeiro escalão: veio para exibir o seu melhor – e também descobrir até onde pode chegar. Assim, In Conflict acaba sendo o seu melhor disco em muito tempo – talvez tão bom quanto He Pools Cloud, que o tornou conhecido na época do Final Fantasy.
Ainda opulento, ecos de sua formação clássica, mas também pop e simpático a novos ouvintes que não conhecem seu histórico musical, Owen Pallett acerta em cheio ao recomeçar. [Paulo Floro]
OWEN PALLETT
In Conflict
[Domino, 2014]
Nota: 8,2