Cantora mexicana Natalia Lafourcade traz novidades ao pop latino
Que o intercâmbio de informações entre o Brasil e os demais países da América Latina é fraco, já estamos todos cansados de saber. Por esta triste realidade, uma artista como Natalia Lafourcade, é negligenciada por uma parte do público que poderia torná-la uma estrela de grande porte por aqui.
Leia Mais
Crítica: As veias abertas da América Latina no rap de Anita Tijoux10 artistas feministas que devemos celebrar
O campo em que Natalia atua, o pop, é carente de nomes que fujam do modus operandi da indústria baseada nos EUA e sua máquina de criar estrelas. Por mais bem produzidas que sejam, as ideias vão sendo reprocessadas ao infinito em um sistema de validade que precisa sempre despontar novos e jovens nomes. Evidentemente há pontos fora da curva como Sia, VAULTS, Jessie Ware e muitas outras, mas o mercado de vozes femininas pop é bem monótono na forma.
A mexicana Natalia Lafourcade vem trazer algumas ideias novas e personalidade para outro nicho: o pop latino. Com passagens por orquestras sinfônicas e um gosto por bossa nova, Natalia traz uma sofisticação em arranjos que em geral caminham na esteira da calmaria, onde é possível perceber a nuance dos instrumentos. Vale ouvir nos fones faixas como “Ya No Te Puedo Querer” e “Antes de Huir”. Além disso, ela mostra talento para cativar o ouvinte com hits pegajosos, como é o caso da canção-título “Hasta La Raíz”.
O álbum trata prioritariamente do amor e de como levamos conosco um acumulado de coisas boas e ruins de relacionamento (“Yo te llevo dentro, hasta la raíz / Y, por más que crezca, vas a estar aquí”, diz a letra). A cantora consegue usar referências mexicanas e latinas como inspiração e não como uma espécie de chamariz para agregar valor ao seu trabalho autoral. Como uma das artistas pop mais talentosas de sua geração, merece quebrar a barreira que existe entre Brasil e o resto da América do Sul. [Paulo Floro]
NATALIA LAFOURCADE
Hasta La Raíz
[RCA, 2015]