Angel Haze: de promessa do rap independente para diva pop pouco inspirada
A rapper Angel Haze sofreu nas mãos de sua gravadora, a Republic, que postergou diversas vezes o lançamento de seu álbum de estreia, Angel Haze, que foi lançado no último dia de 2013 após a própria cantora reclamar em público de tanta demora. Mas a falta de timing não é o único problema desse trabalho, que reúne hip hop e pop em um mistura sem muita inspiração.
Descoberta em 2012 quando lançou um EP elogiado de graça na internet, Reservation, Raykeea Angel Wilson, 22 anos, foi eleita uma das promessas de 2013 na lista de nomes para ficar de olho da BBC. O primeiro single desse novo trabalho saiu em agosto e a própria Haze vazou seu álbum online no dia 18 de dezembro, seguido de furiosos tuítes contra seu selo. Segundo o site Rap-Up, a Island/Republic planejava soltar o trabalho apenas em março deste ano. “Foda-se. Estou fazendo isso pelos meus fãs”, tuitou.
Analisando o trabalho longe das picuinhas artista-fã-gravadora, Dirty Gold é um disco que demora a encontrar sua identidade. Tida como principal representante feminina do hip hop independente, Angel resistiu a imprimir o estilo mais experimental e de poucas consessões que vemos no rap underground e até mesmo em suas mixtapes anteriores. O que aconteceu aqui é que os produtores decidiram transformar a cantora em mais uma artista pop, a competir em um cenário já saturado. É um velho problema de rappers que saem de mixtapes de sucesso para disco de estúdio por uma grande gravadora.
Faixas como “Battle Cry” tiram todo o brilho que fazia Haze ser tão interessante em um passado não muito distante. Com um refrão pegajoso e meloso, a música se aproxima mais de uma experiência pop de Katy Perry do que uma ousada produção da fase áurea de Missy Elliot, com quem Haze chegou a ser comparada. Depois da arenga com sua gravadora, esperamos que Angel Haze se mostre mais abusada em seu próximo disco, transpondo o estilo autoral que compõs sua base de fãs em seus primeiros trabalhos independentes.
ANGEL HAZE
Dirty Gold
[Republic, 2013]
Nota: 6,0