A$AP Rocky faz disco ‘chapado’ sobre sexo e LSD
Diversos artistas já tiveram drogas como matéria-prima e inspiração para criar trabalhos importantes. A$AP Rocky (nome de guerra do norte-americano Rakim Mayers), um dos rappers mais importantes de sua geração, é mais um dessa leva ao fazer um álbum baseado nas suas experiências com LSD. Cheio de texturas, este seu segundo disco de estúdio é uma grata evolução em sua carreira, ao experimentar diversas sonoridades sem se afastar do seu estilo característico.
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Parte do coletivo novaiorquino A$AP Mob, Rocky honra o seu grupo ao propor um rap cheio de nuances e experimentações. Aqui ele explora o terreno da psicodelia e traz uma produção que passeia por referências do rap clássico do final dos anos 1980 até o eletrônico jazzístico de hoje em dia. Nesta sua ode ao LSD, o músico trouxe um tom chapado em quase todas as faixas, como se quisesse compartilhar com o ouvinte a experiência.
Há diversos bons momentos em que a produção enaltece o carisma e a interpretação de Rocky, como no combo inicial “Canal St.”, “Fine Whine” e a ótima “LSD”. Somos colocados em uma atmosfera pesada, cheia de elementos que prendem não só a atenção, mas convidam o ouvinte a um outro estado de consciência. Destaque ainda para “Jukebox Joints”, uma obra-prima do poder do rap em dar peso e força rítmica aos gêneros em que se esfrega, neste caso a psicodelia. É o que o hip hop tem de mais contemporâneo hoje.
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Mas disco se perde com a falta de foco. As letras, com algumas exceções, parecem perdidas e repetitivas numa toada cíclica sobre sexo, drogas, ascenção social, poder de compra, mais sexo, mulheres. Além disso, a parte final do disco se distancia bastante da produção bem resolvida do início. Faixas como “Max B” e “Better Things” parecem sobras de alguma mixtape e não dialogam bem com o resto do trabalho. Parece que faltou curadoria. Apesar das decisões duvidosas de produção neste disco “chapado”, A$AP Rocky segue como um dos nomes mais importantes do hip hop atual.
A$AP ROCKY
At.Long.Last.A$AP
[RCA, 2015]