Crítica: Capicua | Capicua

Capicua 1

Palavras otimistas e estimulantes animam um discurso que reflete uma ideia presente de portugalidade

Da colaboração da Revista O Grito!, em Lisboa

O manual de intenções de Capicua irrompe no tema “1º Dia”, onde a rapper debita palavras otimistas numa toada insistente e numa ginástica rítmica categórica: “Eu quero a vida como no primeiro dia, cada dia como no primeiro dia e ver a vida como no primeiro dia”. E na graciosidade do compacto “Maria Capaz”, o sotaque típico da cidade do Porto é afirmado com veemência por uma MC “que escreve o seu nome com maíusculas”.

Outro aspecto importante do trabalho, para além de incluír instrumentais de gente como Ruas, Sam the Kid ou Nelassassin, resulta do trabalho de pós-produção de D-One e Ghuna-X que criaram um corpo coeso a partir de todo o material disponível. Do álbum, é legítimo afirmar que raramente atinge um ponto de saturação, o que é notável tendo em conta o carácter e o discurso persistente do hip hop.

Como síntese de um disco salutar, “Terapia De Grupo” é um tema que não merece ser esquecido e incorpora bem uma ideia presente de portugalidade: “não é só pesadelo é a falta de auto-estima, isso é que nos corroi e rouba a serotonina”. [Pedro Salgado]

Capa CDCAPICUA
CAPICUA
[OPTIMUS DISCOS, 2012]

Nota: 8.0