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O filme é estrelado por Matt Damon. Ele interpreta Sonny Vaccaro, executivo da Nike que remodelou o marketing esportivo na década de 1980. (Foto: Divulgação/Warner Bros).

Crítica: Air, de Ben Affleck, reconta com frescor os bastidores da histórica parceria entre Michael Jordan e Nike

O filme é um drama cômico que não se propõe a ser uma biografia do atleta, mas sim retratar o processo que levou a contratação, pelos executivos da marca, do maior jogador de basquete de todos os tempos

Crítica: Air, de Ben Affleck, reconta com frescor os bastidores da histórica parceria entre Michael Jordan e Nike
3.5

Air: A História Por Trás do Logo
Ben Affleck

EUA, 2023, 1h52, 12 anos. Distribuição: Warner Bros. Pictures
Com Matt Damon, Ben Affleck, Jason Bateman e Viola Davis
Em cartaz nos cinemas (a partir de 6 de abril de 2023)

Quando lançado, em 1985, o Nike Air Jordan foi um sucesso instantâneo entre o público. Era a primeira vez que um jogador assinava sua própria linha de sapatos e imprimia em um único calçado sua personalidade. No entanto, o caminho para chegar a esse fenômeno foi sinuoso. Naquela época a Nike era vista como uma marca de tênis de corrida, e Adidas e Converse eram as queridinhas dos jogadores de basquete. Como, então, convencer um novato da NBA, a principal liga de basquetebol da América do Norte, a assinar contrato com uma empresa que sequer tinha alguma relevância no nicho?

Bem, é essa a história que o diretor Ben Affleck tenta recontar em Air: A História Por Trás do Logo. O longa-metragem, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (6), resgata detalhes dos bastidores do processo que resultou na histórica parceria entre a marca Nike e o estreante Michael Jordan, uma colaboração que nasceu para mudar o mundo do esporte e do marketing. E, por mais surpreendente que possa parecer, não é o jogador quem toma as rédeas dessa história.

O filme acompanha Sonny Vaccaro (Matt Damon), executivo da acanhada divisão de basquete da Nike. Convencido do potencial de um atleta iniciante da NBA chamado Michael Jordan, Sonny arrisca tudo o que tem naquele momento — como o escasso orçamento disponível e até mesmo a própria existência do seu departamento, que tem sofrido demissões recorrentes — para transformar esse talento no novo rosto da marca. A aposta dele, porém, é vista com bastante desconfiança pelos colegas, Howard White (Chris Tucker) e Rob Strasser (Jason Bateman), e pelo chefe da companhia, o CEO Phil Knight (Ben Affleck).

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Sonny (Matt Damon) procura a mãe do jogador, Deloris Jordan (Viola Davis), para apresentar sua proposta. (Foto: Divulgação/Warner Bros).

Certo de que o garoto é a nova promessa do basquete e determinado a fechar esse contrato, Sonny decide tomar uma atitude desesperada e considerada pouco profissional. Ele passa por cima da autoridade do agente esportivo David Falk (Chris Messina) e viaja de carro até a casa da família do jogador. A partir daí, somos introduzidos a uma personagem que é a verdadeira peça chave desse processo: a mãe Deloris Jordan, interpretada por Viola Davis. Sem um ator representando a estrela da NBA — apenas um dublê de corpo —, o filme concentra-se, na verdade, na figura materna e revela o quão decisiva sua participação foi para a colaboração com a marca.

Aliás, a escalação de Viola Davis para o papel foi uma contrapartida do próprio MJ para que a história do Air Jordan pudesse ser contada através das telas do cinema. E esse é, definitivamente, um dos grandes acertos da produção. A atriz conduz tudo de forma muito equilibrada e balanceada, com as nuances que cabem a essa mãe que não duvida por um segundo do que seu filho é capaz, mas que também precisa manter os pés no chão. A performance de Davis contribui significativamente para incrementar o lado dramático do filme.

Assinado por Alex Convery, o roteiro é um drama com elementos de comédia e os momentos mais cômicos ficam a cargo do núcleo “corporativo”, protagonizado por Damon, Tucker, Bateman, Affleck e Messina, que são hábeis em alcançar o equilíbrio perfeito para divertir o público. Dessa maneira, Air é capaz de imprimir toda a vitalidade e entusiasmo necessários para narrar os detalhes dessa história, sem soar enfadonho, tampouco anacrônico.