O curta “Coração do Mar”, do cineasta Rafael Nascimento foi um dos curtas mais aplaudidos da noite dessa quarta-feira (24), na Mostra Universitária do 12º Curta Taquary. A narrativa fala justamente sobre o assassinato de uma criança, vítima de uma bala perdida na sua comunidade, por um policial militar. Existe uma progressão narrativa bem construída, fazendo com que o espectador ficasse sempre atento às camadas da história. O trágico final vem acompanhado de manchetes de jornais que trazem alguns casos semelhantes ao tratado no curta.
Também no dia 24, foram exibidas as mostras internacional e da diversidade. Produtores e cineastas de diversas cidades brasileiras marcaram presença no festival. Um dos momentos mais aplaudidos foi durante a exibição do curta “Casulo”, de Rafael Aguiar, que conta a história de pai e filho, em que o último, órfão de mãe, assume o papel dela dentro da história. “Eu gosto do interior. Trazer um filme do interior de Minas Gerais para o interior de Pernambuco é algo incrível para mim”, afirma Aguiar.
Destacam-se, também, os documentários exibidos naquela noite: dentro da mostra universitária, o “Quando me deixam falar”, de Ivson Henrique e Lais Rilda, estudante da UFPE; “Aqueles Dois”, de Émerson Maranhão. O primeiro, faz um resgate histórico sobre o feminismo e a união feminina das mulheres no Cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco; o segundo, um recorte da vida de homens trans e a relação com a família, trabalho e a vida amorosa.
Dia 25 de abril
Nessa quinta-feira, iniciaram-se as oficinas “Oficina Criativa de Animação”, com Tiago Delácio e Rafael Buda, ambos de Pernambuco, e “Interpretação: estado e criação de cena”, com o ator Silvero Pereira. Ambos os grupos alcançaram um público bem variado, desde estudantes secundaristas locais de Taquaritinga do Norte, bem como os realizadores do evento. “Não interfere qual idade você tem. Tem muito a ver com seu desejo e vontade de aprendizagem. Às vezes eu aprendo muito mais com uma criança do que com alguém da minha idade. A relação de superação da Yasmin [aluna de 13 anos da oficina] é muito engrandecedor para mim. Porque me modifica e os que estão aprendendo na oficina. Não é uma colonização”, comenta Silvero.
Os filmes exibidos foram bem aclamados, tendo vários um teor mais político, mas também emotivo. Além disso, houve a Mostra de Curtas Fantásticos, com produções locais (pernambucanas) e de outras cidades. Os filmes “A Parteira” e “Impávido Colosso”, de Catarina Doolan e Fábio Rogério & Marcelo Ikelda, respectivamente, foram aclamados pelo público por terem um tom mais intimista – no primeiro – e crítica ao sistema político brasileiro – no segundo. Ambos os filmes participaram da Mostra Competitiva Brasil.
A Mostra Diversidade também trouxe um teor poético, em “Glicerina”, de Xulia Doxagui (PE) e “Quando decidi ficar”, de Maycon Carvalho (PB).