Coquetel Molotov traz Deerhoof, Tagore e Céu: “Esta é com certeza a nossa melhor fase”

deerhoof
O Deerhoof vem ao Recife para show e conversa. (Divulgação).
O Deerhoof vem ao Recife para show e conversa. (Divulgação).
O Deerhoof vem ao Recife para show e conversa. (Divulgação).

O festival No Ar Coquetel Molotov, no Recife, cresceu cultivando uma identidade tão própria que acabou criando uma cultura em torno de si. Seu público atua como uma fanbase que pede atrações, participa em enquetes para montar programação, debate e reclama nas redes sociais. Nada mais natural que a nova fase do festival, em uma grande área verde e aberta, funcione como uma espécie de confraternização de toda essa comunidade. Seguindo exemplo de outros festivais internacionais, o Coquetel oferece agora uma experiência, mais do que uma série de shows em palco.

A Coudelaria Souza Leão fica na Várzea, uma das regiões mais arborizadas do Recife e com espaço suficiente para que o Coquetel cresça ao longo dos anos. As edições no Teatro da UFPE ajudaram a fazer a fama do evento e cultivar seu público, mas tornou-se pequeno com o passar dos anos. “É um desafio porque o novo local traz também novas responsabilidades. Apesar de ser um dia, temos mais bandas participando que os dois dias de festival na UFPE e a estrutura é muito maior”, diz Ana Garcia, uma das organizadoras e curadoras.

Este ano o No Ar traz como destaques a banda norte-americana Deerhoof, além de destaques da cena brasileira como Céu, BaianaSystem e Boogarins. Esta 13ª edição ainda conta com Karol Conká (PR), Jaloo (PA) e Baleia (RJ), atrações que fazem parte da renovação da cena independente nacional. De Pernambuco o evento traz Tagore (PE), Barro (PE) em show com participação de Juçara Marçal, Phalanx Formation (PE) e AMP (PE). De nomes internacionais ainda estarão presentes Moodoïd (França) e Los Nastys (Espanha).

O No Ar acontece no dia 22 de outubro, na Coudelaria Souza Leão, a partir das 13h. Os ingressos para primeiro lote do evento custam R$ 60 (inteira), R$ 45 (social com 1kg de alimento) e R$ 30 (meia-entrada) e podem ser adquiridos no Barchef (RioMar e Casa Forte, no Recife) e pelo site. Além de shows o festival terá ainda uma feira de moda e design, praça gourmet, intervenções artísticas e até batalha de vogue (!).

A ordem das atrações ficou assim:

COUDELARIA SOUZA LEÃO – RECIFE
SAB – 22/10 – Abertura dos portões: 13h

PALCO AESO
Atrações a serem anunciadas

PALCO SONIC
15h30 Luneta Mágica (AM)
16h40 AMP (PE)
17h40 Los Nastys (Espanha)
18h50 Rakta (SP)
20h00 Barro (PE) com part. especial de Juçara Marçal (SP)
21h10 Jaloo (PA)
22h10 Vogue Fever: Recife (Duelo de Vogue)
23h10 Ventre (RJ)
00h20 Deerhoof (EUA)
01h40 Museu do Tubarão (PE)
03h00 Plectro Arts apresenta: Phalanx Formation (PE) – Live show & Dj set

PALCO VELVET
17h00 Tagore (PE)
18h10 Baleia (RJ)
19h20 Moodoid (França)
20h40 Boogarins (GO)
22h50 Céu (SP)
00h10 Karol Conka (PR)
01h40 Baianasystem (BA)

SOM NA RURAL
20h30 – Jonathan Wolpert
22h00 – PRK
23h30 – Cleiton Rasta
01h30 – DJ Mozaum

Prévias
A semana que antecede o festival no Recife vem com uma série de atividades que tem como maior destaque a Mostra Play The Movie, que chega a sua décima edição na cidade. Desde o dia 07 de outubro, o Barchef vai receber festas de aquecimento do festival com discotecagens diferentes a cada sexta-feira, tendo início com a discotecagem do trio Aslan Cabral, Natascha Lux e Cassio Bomfim na primeira semana. Nas datas seguintes vão sacudir a pista do Pub em Casa Forte os DJs Dago Donato e Patricktor4 (14/10) e Alexandre Matias e GGabriel no dia 21 em uma edição especial da Noite Trabalho Sujo. Em todas as festas, a entrada é gratuita.

Do dia 16 ao dia 21 de outubro, o festival No Ar realiza uma série de oficinas ligadas à arte, HQs, performance e dança trazendo pela primeira vez à cidade um workshop de Voguing na boate Metrópole. Além destas atividades, o No Ar vai promover uma imersão musical de gravação com a banda Boogarins no estúdio Casona e uma visita da banda Deerhoof ao Paço do Frevo ao lado de alunos da Escola Técnica de Criatividade Musical de Pernambuco.

Ana Garcia e Jarmeson de Lima, do Coquetel Molotov: criatividade pra crescer. (Foto: Hannah Carvalho).
Ana Garcia e Jarmeson de Lima, do Coquetel Molotov: criatividade pra crescer. (Foto: Hannah Carvalho).

Para comentar as atrações e demais novidades deste ano batemos um papo exclusivo com Ana Garcia, produtora e curadora do Coquetel Molotov. Veja abaixo:

O que você pode destacar na programação este ano? Que boas surpresas podemos esperar?
Este ano estamos realizando alguns sonhos, mas o que estou mais animada para ver em ação no festival será a batalha de vogue. Estamos trazendo uma galera de Minas Gerais, incluindo o Trio Lipstick, para realizarem uma oficina aqui (que será na Metrópole) e uma batalha dentro da programação do festival. Acho que irá pegar o público de surpresa. Acredita que BH é a única cidade na América Latina que tem batalhas de vogue continuamente? E eles ainda tem um festival!!! Trazem uma galera incrível de fora. É uma cena muito linda e que agora está sendo cada vez mais difundida e fico feliz que tivemos essa ideia de colocar em um festival de música. Também estou muito ansiosa pelo show do Deerhoof, que é uma das minhas bandas favoritas e paqueramos com eles há anos. Com o apoio do Consulado Americano estamos conseguindo trazê-los pela primeira vez ao Brasil. Eles são conhecidos mundialmente pelo “melhor show”. Também acho que o trio Rakta vai nos surpreender, estou louca para ver Tagore com o seu novo disco, o que Aslan Cabral vai armar com as suas intervenções artísticas, teremos Amanda Falcão nas cartas de tarot novamente.

A mudança para a Coudelaria trouxe um novo gás ao festival, que passou a oferecer uma experiência ao público, mais do que uma série de shows. Como está sendo essa nova fase pra vocês?
É um desafio porque o novo local traz também novas responsabilidades. Apesar de ser um dia, temos mais bandas participando que os dois dias de festival na UFPE e a estrutura é muito maior. Temos que armar tudo, desde palcos a banheiros, então exige um outro tipo de organização. A equipe começa a dar plantão na Coudelaria cinco dias antes. Mas acho que desafio faz bem para todo mundo, pelo menos eu preciso disso para me instigar a correr cada vez mais atrás. Ao mesmo tempo, eu e Jarmeson [de Lima, produtor e curador do festival] somos centrados e sabemos que precisamos ir crescendo aos poucos. Então, esta sendo com certeza a nossa melhor fase.

Este ano teremos novidades em relação a essas intervenções artísticas?
Sim, teremos, muitas. Inclusive Aslan Cabral com a Casa Navio e Núcleo Criativo Casa Torta irão oferecer a oficina “Direcionando o percurso ou Antes de agir, obras de viver” de 17 a 21 para que no dia do festival os colaboradores realizarem as intervenções. Achei a ideia fantástica porque dá a possibilidade de interagirem em diversos momentos. Eu não sei exatamente ainda o que irá acontecer e nem quem já está confirmado porque fica uma surpresa até para a produção.

Há alguns anos, os headliners têm sido artistas nacionais, o que já é um diferencial em relação a outros festivais do mesmo porte. Como avaliam o momento da cena brasileira hoje?
A cena brasileira está fervendo e com muita música boa, então desde 2010 começou a fazer sentido pro festival colocar cada vez mais artistas brasileiros para encerrar o festival. E, ao mesmo tempo, trazer cada vez mais artistas experimentais ou menos pop estrangeiros para o festival. Já tem festivais, eventos, principalmente em São Paulo, concorrendo para trazer nomes maiores do independente e com o dólar super alto não faz sentido tentar “concorrer”. Mas tem sido uma transição muito natural do festival e temos gostado bastante do rumo que tem tomado.

Público na edição do ano passado. (Foto: Flora Pimentel).
Público na edição do ano passado. (Foto: Flora Pimentel).

Ao longo dos anos o No Ar criou uma identidade própria que dialoga bastante com seu público. Acredito que isso também acabe criando uma “pressão” ou “expectativa” em relação à programação. Como lidam com isso?
A expectativa do público é sempre muito grande, principalmente com os artistas de fora já que o festival acaba sendo um dos poucos meios que o público recifense tem de ver shows internacionais. Entendemos a ansiedade e queremos retornar a fazer mais shows para que isso possa diminuir no festival, como fizemos no ano passado com o Mac Demarco. Mas, de qualquer forma, o público tem sido muito incrível, participam das enquetes, sugerem o tempo todo novos artistas, conversam, discutem, porque algo é legal ou não, e lidamos com isso com naturalidade. Estamos sempre online e conversando diretamente com eles, o que torna tudo mais dinâmico. Mas nunca senti isso como pressão. Sabemos que o papel do festival não é apenas atender anseios do público, tem um papel muito maior que isso.

O Brasil enfrenta hoje um dos seus momentos mais delicados nos últimos anos, tanto em relação à instabilidade institucional, mas também a crise econômica. E isso acabou afetando a cadeia produtiva, os festivais. Isso tem afetado o Coquetel de alguma maneira?
Claro, afeta o mercado como um todo, mas a nossa crise começou em 2012, agravou em 2014, e hoje estamos colhendo um pouco dos frutos que começamos a plantar há uns anos. Por isso que no meio dessa crise estamos conseguindo realizar o Coquetel Molotov Belo Horizonte, por exemplo, que era pra ter saído no ano passado. Ou o de Salvador, que será em novembro, que era para ter saído dois anos atrás. Mas encaramos as dificuldades como desafio e tentamos sempre pensar de uma forma mais criativa para conseguir captar e sair do óbvio. Realizar edições do festival em estados que tenha mecenato, já que não temos ainda em Pernambuco, nos possibilita a captar com diversas empresas como a Oi e a Skol em BH e Salvador, respectivamente. Ou procurar empresas que são mais sensíveis a cultura, como foi o caso do Instituto Conceição Moura e que nos possibilita levar o festival para o interior de Pernambuco [este ano a edição será em Belo Jardim].

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Qual o desafio de renovar o público e ainda assim atender à galera que acompanha vocês desde o início, ainda no Teatro da UFPE?
Adoramos o desafio, escutamos muita música, estamos sempre indo pros shows. Eu converso muito com músicos, produtores, jornalistas de todas as idades. Você só pode entender o que os jovens estão curtindo, escutando, querendo, se participar. Não tem outra forma! Então, o desafio acaba sendo algo que acontece naturalmente. Eu acho mais difícil manter quem acompanha desde o começo, principalmente aqueles que eram muito fãs da Sala Cine e gosta de música mais experimental. Foi bonito ver as duas tribos juntas no ano passado no festival, espero que isso aconteça novamente.

Como imaginam o festival em um futuro a médio prazo, tipo mais dez anos?
Não consigo. Aliás, nunca conseguir ficar imaginado nada depois de três anos, mas parando agora para pensar nisso, eu acho que o festival terá uma perna lá fora. Foi o que a minha bruxinha disse! Hahahaha, mas faz sentido. Seria bom invadir mais cidades no Brasil e ter uma edição lá fora. Portugal? Estados Unidos? Não sei ainda. Espero renovar o formato em alguns anos também, mas não tenho ideia como. Exatamente como nunca tivemos a ideia que um dia iríamos para um lugar como a Coudelaria enquanto estávamos na UFPE.

Por fim, para os leitores de BH, o que podem adiantar da primeira edição do No Ar por lá?
Estamos levando um pouco de Pernambuco para lá!!! Fazendo uma mini invasão com Jam da Silva, Sofia Freire, Cataria Dee Jah. Ainda vamos levar Amanda Falcão para jogar tarot na feirinha. Vamos levar a nossa equipe também. Estamos bem animados com isso tudo. Será em um formato menor, mas intenso, com muitas bandas no mesmo dia, em um local que até lembra um pouco a Coudelaria aqui e quem sabe próximo ano conseguimos fazer dois dias?!

Karol Conká retorna ao No Ar. (Divulgação).
Karol Conká retorna ao No Ar. (Divulgação).

Veja a programação completa:

PRÉVIAS
BARCHEF (Pub)
Entrada Gratuita

SEX – 07/10 – 23h – INCENDIARIA
DJs Aslan Cabral + Natascha Lux + Cassio Bomfim

SEX – 14/10 – 23h – PRÉVIA TROPICAL
Dago Donato + Patricktor4

SEX – 21/10 – 23h – NOITE TRABALHO SUJO RECIFE
DJs Alexandre Matias + GGabriel

* MOSTRA PLAY THE MOVIE – 10 ANOS
PAÇO ALFANDEGA (Terraço)
Entrada Gratuita

TER – 18/10
19h00 – Curta “Evandro Abra um Bar” (Dir. Túlio Falcão, 2013)
Longa “Time Will Burn” (Dir. Marko Panayotis, 2015)
20h30 – Cine-Concerto com Besta-Fera (PE)

QUA – 19/10 – Mostra Play the Movie
19h00 – Curta “Cada Qual Seu Samba” (Dir. Iuri Lannes, 2016)
Longa “O Outro Lado do Disco” (Dir. Rodrigo Lariú, 2015)
20h30 – Cine-Concerto com Madimboo (PE)

OFICINAS
MAMAM – Rua da Aurora

16/10 – 10h – Nestor Jr.
19/10 – 17h – Beatriz Perini – Zines
20/10 – 17h – Diego Sanches – Quadrinhos

ATELIE PANGEIA – Recife Antigo
17 a 21/10 – 13h – Direcionando o percurso ou Antes de agir, obras de viver

METRÓPOLE – Boa Vista
20/10 – 19h – Oficina de Voguing

CASONA – Candeias
18 a 20/10 – 15h – Imersão com Boogarins (GO)

PAÇO DO FREVO – Recife Antigo
21/10 – 15h – Encontro com Deerhoof (EUA)

SHOWS
COUDELARIA SOUZA LEÃO – RECIFE
SAB – 22/10 – Abertura dos portões: 13h

PALCO AESO
Atrações a serem anunciadas

PALCO SONIC
15h30 Luneta Mágica (AM)
16h40 AMP (PE)
17h40 Los Nastys (Espanha)
18h50 Rakta (SP)
20h00 Barro (PE) com part. especial de Juçara Marçal (SP)
21h10 Jaloo (PA)
22h10 Vogue Fever: Recife (Duelo de Vogue)
23h10 Ventre (RJ)
00h20 Deerhoof (EUA)
01h40 Museu do Tubarão (PE)
03h00 Plectro Arts apresenta: Phalanx Formation (PE) – Live show & Dj set

PALCO VELVET
17h00 Tagore (PE)
18h10 Baleia (RJ)
19h20 Moodoid (França)
20h40 Boogarins (GO)
22h50 Céu (SP)
00h10 Karol Conka (PR)
01h40 Baianasystem (BA)

SOM NA RURAL
20h30 – Jonathan Wolpert
22h00 – PRK
23h30 – Cleiton Rasta
01h30 – DJ Mozaum