Por Rafaella Soares
Da Revista O Grito!
Fotos: Dellany Meira
Seis meses depois de ficar devendo um show aos fãs do Recife, por conta das péssimas condições oferecidas à banda e músico na ocasião, o cantor Lobão aportou novamente na cidade, e com uma responsa um tanto maior: tocar no espaço imediatamente vizinho ao programado antes, o Teatro da UFPE, e ser a atração principal do Festival Coquetel Molotov, em sua 8ª edição.
No último dia 08 de abril, o show que faria, marcado para acontecer na Concha Acústica do mesmo Teatro da UFPE (Cidade Universitária), foi cancelado devido à forte chuva que impossibilitou a permanência dos músicos no palco – descoberto – e ainda gerou uma série de queixas no Twitter – tanto do velho lobo verborrágico, que não aceita mordaça, quanto do público, frustrado em sua expectativa de vê-lo em ação.
A inglesa The Fall foi escalada e creditada em todo o material de divulgação do evento, mas, às vésperas de embarcar pro Brasil, o vocalista Mark Edward Smith alegou problemas de garganta para não cumprir o compromisso. O fato é que a reputação do grupo não é nada boa nesse sentido, e era preciso correr contra o curtíssmo tempo para encaixar uma atração de mesmo porte.
Depois de alguma especulação, Lobão foi o nome confirmado para encerrar a primeira noite do Festival No Ar – Coquetel Molotov, em uma noite que também teve Maquinado – projeto solo do guitarrista da Nação Zumbi, Lucio Maia, HEALTH (USA) E Guillemots (UK), escalação heterogênea renovada depois de tantas edições priorizando os talentos indies da Suécia.
Quando Lobão subiu ao palco, várias teorias sobre a afinidade de sua música com o perfil do Festival, originalmente pensado como uma vitrine para bandas independentes-desconhecidas-cultuadas, e hoje, um evento no calendário fixo que pode passear entre o encontro de Milton Nascimento com Lô Borges e The Kills, foram soterradas pelo barulho vigoroso de sua guitarra.
Usada à serviço do rock (?) brasileiro há quase 30 anos, os riffs de João Luiz Woerdenbag Filho, aliados às composições de sua verve afiada, funcionam com todas as gerações que sua carreira já abrangeu. O show ‘Tratorização Absoluta’, abrange seu trabalho mais recente, como a faixa “Das tripas coração” – bonita homenagem aos contemporâneos Cazuza, Ezequiel Neves e Julio Barrozo, sem deixar de registrar hits como A vida é Doce, Mais uma vez – do CD-empreitada “A vida é doce” (1999), lançado em bancas de revista e responsável pela retomada da carreira do Lobo carioca pós-período low profile-, Decadence avec Elegance, A Queda, Ainda me lembro, Noite e Dia.
No bis, teve desde uma versão gonza de “Help”, dos Beatles, passando por “Essa noite não”, “Me chama”, “Vida louca Vida”, “Vida Bandida”, “Rádio Blá” e “Corações Psicodélicos”. Os fãs foram à forra – e teve boatos de que até quem não é muito empático ao cara, se rendeu à sua lucidez, em entrevista nos bastidores.
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