Nos últimos anos, nomes interessantes vêm reavivando cenário do rock e propondo novas experimentações ao gênero. São artistas que buscam referências musicais além das testadas por bandas consagradas, entregando ao público não mais um som unicamente puro e marcado pela rebeldia, mas, sim, um dialogo entre ritmos anteriormente não associáveis. E os The Marías são um dos exemplos dessa nova geração.
Entre guitarras climáticas e psicodélicas, arranjos de metais jazzísticos, o flerte com os ritmos latinos e a mescla de versos em inglês e espanhol, os The Marías lapidam os alicerces que sustentam o som produzido por eles. Formada no ano de 2016 na cidade de Los Angeles, a banda é fruto do casal Josh Conway e da porto-riquenha María. Enquanto ele domina a bateria e comanda a produção, é María a responsável por compor e entoar os versos românticos, além de arrebatar o público com sua estética vintage.
A banda já tem em seu portfólio dois EPs, o Superclean Vol. I (2017) e Superclean Vol. II (2018). Os registros soam como curtas-metragens, que mesmo com enredos distintos, complementam entre si a sonoridade proposta pela dupla. O resultado é uma viagem imersiva para se entender o universo musical criado por Josh e María.
E é nesse universo que o ouvinte se depara com um soft-rock refinado. São camadas tênues de jazz, psicodelia, funk, louge, bolero, dream pop, synth e boas doses da música dos anos 1960 e 1970. O casal aposta no hibridismo para construir um som único, que transita nas tendências modernas do rock alternativo e na nostalgia emanada das décadas passadas. Faixas como “Only My Dreams”, “I Don’t Know You”, “Cariño” e “Basta Ya” são algumas das canções cuja essa mistura palpita a cada inserção dos instrumentos.
Somado a isso, está a estética visual da dupla, elemento importante para a construção da identidade artística da banda. Claramente inspirados na sétima arte e no cinema francês, os clips são marcados por filtros retrô e cenários com poucos efeitos práticos, mas que tornam-se imponentes a cada plano estampado na tela. Contudo, o ingrediente principal da videografia da banda é a atmosfera hipnótica e onírica, muito bem explorada pela figura da vocalista.
Na colagem do vintage, do contemporâneo e da mescla com a cultura latina, María e Josh, com apenas dois EPs na bagagem, sabem bem o caminho que querem traçar. Para este ano, a dupla já confirmou o primeiro álbum de inéditas, porém sem data definida.