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Editora L&PM conseguiu resgatar livros em meio à enchente. (Foto: Reprodução/Instagram).

Como a maior catástrofe socioambiental do RS impacta a cadeia do Livro e Leitura

Livrarias, bibliotecas e editoras refletem sobre as perdas causadas pelas inundações

Por Rafael Glória, do Nonada Jornalismo, em Porto Alegre

É com uma voz trêmula que a escritora Irka Barrios me atendeu na manhã de quinta-feira, 23 de maio. No dia anterior, ela voltou pela primeira vez para casa no bairro Rio branco em Canoas, uma das cidades mais afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. “Eu fiquei muito chocada, a gente não foi avisada. Ninguém foi avisado pelos poderes públicos. Então, não nos preparamos adequadamente. Deixei alguns livros no primeiro andar, em umas prateleiras altas, porque eu achei que a água não ia subir. Achei que a água ia no máximo até a canela, nos joelhos. E na minha casa subiu quase dois metros. O que me deixou mal, hoje, e eu não consigo parar de pensar nisso é que quando eu cheguei em casa, tava lá os livros  e eles tinham virado essa gosma…Essa imagem dos livros me deixou muito mal”, diz. Além disso, todos os móveis e itens de sua casa foram praticamente perdidos. 

O cenário em Canoas é desolador, com muitos bairros ainda inundados. A situação é semelhante a um cenário de guerra. E há muito lixo na rua. Jairo Luiz de Souza é escritor e idealizador da Biblioteca Comunitária Dilan Camargo, que desde 2019 é focada em literatura infantil e juvenil no bairro Harmonia. Sua residência é no mesmo terreno da biblioteca que ele  construiu. Ele conta que em setembro de 2023 já tinham perdido parte do telhado do local em uma grande tempestade. Mas com a ajuda de uma vaquinha realizada por amigos, ele conseguiu reverter o prejuízo. 

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O acervo contava com cerca de quatro mil livros. “A biblioteca estava linda, muito bonita. Só que daí, no dia 4 de maio, aconteceu tudo isso. Eu tive que sair de casa à noite. Fui resgatado por um casal de amigos da minha filha. E aí a gente saiu. Ainda não tinha chegado a água na minha rua. Mas estava nas ruas próximas. Eu sou deficiente físico, tenho uma perna amputada. Como é que eu ia conseguir colocar alguma coisa para cima da casa? E então, eu fiquei na esperança de que a água não ia subir tanto. Você sempre tem aquela expectativa de que não aconteça o pior. Mas aí no outro dia, no sábado, quando já me mandaram vídeos na minha rua. Já vi que a água estava no telhado da biblioteca”, relata.  

Faz dias que Jairo não consegue voltar para Canoas para começar a ver de perto todo o estrago na biblioteca e em sua casa. Atualmente, ele está na casa de uma filha em Porto Alegre. “Eu tenho muita vontade de voltar lá. O coração está apertado. Porque eu quero ver o impacto. Eu já levei lá o Mário Pirata, levei o Calunga de Caxias, levei a Gláucia de Souza, levei o Dilan, todos esses autores que são da linha mais infantil, infanto-juvenil. Levei turmas de escolas, o pessoal da comunidade. A gente fez vários encontros lá. Cheguei a colocar mais de 100 crianças na biblioteca”, relembra.

Em todos os relatos colhidos pelo Nonada Jornalismo, o medo de acontecer uma nova enchente e uma forte insegurança com o poder público. Uma sensação grande de descaso paira pelo Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, no Sarandi, um bairro periférico, fica a Conceito Arte, um importante espaço cultural e que também há uma biblioteca comunitária. Segundo Priscila Macedo, presidente do espaço e coordenadora da Biblioteca Girassol, a perda foi total.  “A parte elétrica, todo o acervo da biblioteca não temos mais, os equipamentos não temos mais. A parte da nossa cozinha, a gente vai ver se consegue recuperar. A gente tinha ganhado um fogão há pouco tempo novo, não sei como é que tá a situação do fogão, mas perda total, né? Perda total da casinha e perda total dos nossos bens pessoais também”, diz. No momento, eles estão planejando um mutirão de limpeza para o sábado, dia 25. 

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Biblioteca da Conceito Arte antes da inundação (Foto: reprodução)

Mariana Marmontel, conhecida como Nega Mari, uma das fundadores do Poetas Vivxs, um coletivo periférico e que atua através do hip-hop, da literatura, música e da educação, diz que sua casa está debaixo da água há 17 dias na Vila Farrapos, bairro periférico de Porto Alegre. “Tem todas essas coisas que a gente não sabe se vai conseguir recuperar, mas tem coisas que a gente sabe que não vai, como, por exemplo, o meu acervo de livros, que eu levava para as escolas, onde a gente fazia oficinas, rodas de conversa. Eu tinha um acervo de fanzines também, que tinha autores de todo o Brasil, que com certeza foi perdido”

Ela conta que os livros eram uma forma de geração de renda para os integrantes do Poetas Vivxs, já que cada membro ganhou uma cota para vender em bares da cidade. “Eu e meu namorado Maicon, a gente recém tinha pego um pedido de 100 livros para cada um de nós, a gente ainda não tinha vendido esses livros, e esses livros estão embaixo d ‘água. E a gente nem tem a possibilidade de não pagar a editora, porque a editora também foi afetada pela enchente”, diz. 

Jorge, além de tocar a biblioteca comunitária Dilan Camargo, também é escritor, e conta que perdeu todos os 700 livros que tinha para vender e trabalhar nas escolas. Apesar de todas as dificuldades, ele pensa em reabrir a biblioteca assim que possível. “E agora, como eu estou em Porto Alegre, e eu pretendo continuar aqui por um período, até arrumar a casa.Eu quero arrumar a biblioteca antes da casa. Para poder voltar com a biblioteca, sabe? Nesses dias todos, eu penso muito mais na biblioteca do que na minha casa. Porque eu passava o dia todo ali. Era a minha vida”, diz. 

Irka Barrios ia lançar seu novo livro, intitulado Vespeiros, no dia 17 de maio, em Porto Alegre. Agora, deve ser lançado apenas no fim de junho ou em julho. “Todo teto da nossa casa estava preto, mofado. Também vai ter que ser tudo limpo, né? Desinfetado, está insalubre. Não dá para respirar esse mofo.  Então, também tem isso, não dá pra voltar pra casa. Então, vai ser um longo  retorno, não vai ser fácil”, diz.

Crise climática no RS pode impactar mercado editorial nacional

O Nonada conversou com algumas entidades e instituições do livro, entre elas,  a Secretaria de Formação, Livro e Leitura, do Ministério da Cultura, representada pelo Secretário Fabiano Piúba. Ele diz que as ações são pensadas sempre em conjunto e em alinhamento com o Ministério Extraordinário criado para apoiar a reconstrução do Rio Grande do Sul e com a Secretaria de Cultura do Estado. 

“No campo do Livro e da Leitura e da Biblioteca, estamos tendo conversas com a secretaria da Cultura Beatriz Araújo, e ela trouxe essas demandas, então vêm com maior legitimidade, porque vem do próprio poder público. Em relação às bibliotecas, obviamente isso depende da aprovação dessa instância maior de governança. Mas vamos mapear quais foram os danos causados nas bibliotecas públicas municipais em relação ao acervo, em relação ao mobiliário, em relação a equipamentos, em relação à infraestrutura, provavelmente a necessidade de reforço estrutural, de reforma, de pinturas. E o mesmo vamos fazer com as bibliotecas comunitárias. E nós não vamos fazer isso de maneira direta, isso é de uma forma articulada e integrada”, explica Piúba. 

Perguntado sobre ações para o mercado editorial do Rio Grande do Sul, Piúba relembra da importância do estado para o setor. O secretário avalia que a Feira do Livro de Porto Alegre é a “feira mãe” do livro no Brasil, porque a partir dela, outras cidades foram começando também as suas feiras. 

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Praça da Alfândega, onde ocorre anualmente a Feira do livro de Porto Alegre (Foto: Rafael Gloria/Nonada)

“A ministra, inclusive, já estava programada para participar da feira este ano. O Jeferson Assumção, que é o diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, já tem estabelecido algumas conversas com o setor, tanto editorial como livreiro, para que se possa pensar em ações. Provavelmente uma das demandas que está vindo por parte do mercado é a questão de linhas de crédito específicas. Então, existindo essas linhas de crédito para o comércio, para o setor produtivo e comercial, também pode se inserir essa possibilidade para as livrarias, porque a gente não pode estar pensando de maneira isolada. Se é o setor econômico, como é que o nosso setor de livro e leitura pode estar inserido? Se é a questão de infraestrutura, como é que os museus, as bibliotecas e equipamentos culturais e espaços históricos possam também ser incorporados nessas linhas”, aponta. 

Piúba informa que o Ministério da Cultura junto com o Ministério do Meio Ambiente vai realizar em novembro, no âmbito do G-20, o seminário Cultura, Meio Ambiente e Sustentabilidade. “Essa, para mim, é uma relação muito vital de políticas públicas, entre cultura e natureza. Sei que é um tema vital para a ministra Margareth Menezes. Junto com a ministra Marina Silva, elas vão realizar esse seminário. Imagino que em função dessa catástrofe do Rio Grande do Sul, também vai ser discutida como uma experiência para atenção e qualificação dessas políticas de enfrentamento de crises climáticas”, diz. 

Com as inundações, o calendário editorial do estado também sofre as consequências, já que feiras literárias em outras cidades gaúchas foram adiadas, sem novas datas remarcadas, a exemplo do Festival Internacional Literário de Gramado (FiliGram). Editoras gaúchas também foram afetadas, seja com alagamento de seus espaços ou com a interrupção das atividades por falta de luz e acesso aos locais de trabalho, além da suspensão das atividades do aeroporto internacional Salgado Filho até, pelo menos, agosto. Outras organizações, como a ONG Cirandar, a distribuidora Ama Livros e a Livraria paulinas, também foram totalmente inundados.

O presidente da Câmara Rio Grandense do Livro, Maximiliano Ledur, diz que está sendo feito um levantamento do número de livreiros afetados até então, mas as informações vão mudando frequentemente. “Para se ter uma ideia, só de associados da Câmara, um pouco mais de 100 sócios, cerca de 30 foram afetados de alguma forma direta pela catástrofe, então é muita gente. Há muitas distribuidoras que estão embaixo da água agora, ou que já estão fazendo a limpeza e o levantamento do que perderam. Temos o exemplo da livraria Cameron que os seus três depósitos foram atingidos”, comenta.  

A Câmara vai pleitear recursos junto aos órgãos, entre todas as esferas, o município, o Estado e a União. “Buscar recursos diretos para o setor, para o setor livreiro mesmo, para os mais atingidos, que sejam empréstimos a fundo perdido ou empréstimos duros, de várias formas. Já tem vários projetos sendo tramitados nesse sentido”, diz.  

Ainda há a questão da tradicional Feira do Livro de Porto Alegre, que este ano completa a efeméride de 70 edições. A Câmara é a responsável pela organização. “Não adianta a gente querer decidir agora sobre a Feira. Eu acho que até novembro, a Praça da Alfândega já vai estar recuperada. Sabemos que o fornecedor de barraca já teve o seu depósito atingido, não sabemos em que estado tudo vai ficar. Vamos ficar de olho nos próximos 30, 60 dias. O que eu posso garantir é que a gente vai fazer de tudo para que ocorra”, explica. 

A prioridade da Câmara agora é ajudar os afetados diretamente. “São várias alternativas que estamos pensando, por exemplo, daqui a pouco fazer uma feira para as pessoas comprarem livros de editoras, livrarias e distribuidoras das regiões afetadas. Esse é o nosso apelo hoje. Tem outras campanhas também em paralelo com a Câmara Brasileira do Livro, de arrecadação e que vão fazer durante a Bienal de São Paulo, então está tendo também uma mobilização nacional do setor para ajudar a nossa região”, complementa. 

Em relação às editoras afetadas, as informações ainda estão sendo descobertas. A tradicional L & PM publicou que conseguiu entrar no estoque que fica no bairro Quarto Distrito, também muito afetado em Porto Alegre. “Encontramos muitos livros danificados pela água. No entanto, também encontramos caixas intactas que serão salvas. Tivemos perdas menores em relação ao estoque (cerca de 10.000 livros), mas perdas consideráveis em relação aos móveis e equipamentos, tanto do depósito como da sede. Pretendemos voltar a operar em uma semana ou quando restabelecerem a energia elétrica no 4o. Distrito”, a mensagem foi escrita no dia 22 de maio. A editora Jambo é outra que só teve acesso ao depósito recentemente  e teve muitas perdas. Publicaram nas redes sociais imagens de livros destruídos e muita parte do estoque perdido. 

Tudo isso fez o Clube dos Editores, entidade que reúne várias editoras do Rio Grande do Sul, a propor uma campanha para apoiar o Mercado Editorial do Rio Grande do Sul. Na nota, eles  propõem, entre outras ações: comprar livros de editoras gaúchas em livrarias locais do Estado, indicar aos amigos obras publicadas por editoras do Rio Grande do Sul e também adquirir no formato digital, caso a editora não consiga vender no físico. 

A Associação Gaúcha de Escritores (AGES) está fazendo uma campanha para que se compre livros de autores gaúchos em suas redes sociais. “Também estamos solicitando à Secretária de Estado da Cultura do RS, Beatriz Araujo, uma audiência para tratar sobre a liberação dos valores da Lei Paulo Gustavo, retida deste o ano passado, nos caixas do Governo. Por outro lado vamos pedir uma audiência com a secretaria municipal de cultura para que libere os valores dos projetos contemplados, ano passado, pelo FUMPROARTE e que até agora não chegou nas mãos dos trabalhadores da Cultura. Vamos ver qual as respostas que estes órgãos vão nos dar”, diz a presidente da Instituição, Liana Timm.

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Sede da Conceito Arte, no bairro Sarandi, no dia 16 de maio (Foto: divulgação)

A força na coletividade

Talvez uma catástrofe socioambiental desse tipo nos leve a algo ancestral e que, muitas vezes, parece estar escondido ou abafado: o nosso sentido de coletividade. Ou pode ser que só fique mais acentuado, ou visível nesses momentos. A verdade é que observa-se inúmeros relatos também de apoio a pessoas que estão sofrendo no Rio Grande do Sul. E no setor cultural não seria diferente. Uma verdadeira montanha de ações coletivas tomaram de imediato as redes sociais. 

No caso da literatura, escritores como Julia Dantas sofreram graves perdas. Ela escreveu um impactante relato em sua newsletter, da qual compartilho um trecho aqui. Ela teve que sair de sua casa, que foi totalmente inundada. “Ao longo dos dias seguintes ou, se eu quiser ser honesta, num ritmo de ansiedade de hora em hora, minuto a minuto, acompanhamos os relatos e fotos no grupo de whatsapp do bairro, onde víamos a água subir mais e cada vez mais. A cada palmo, eu pensava em qual prateleira da estante de livros a água estaria batendo agora, quais objetos e roupas que acreditamos que ficariam seguros estavam submersos. Não sou especialmente apegada a coisas materiais e definitivamente não sou uma pessoa belicosa, mas acho que eu seria capaz de incendiar todos os brinquedos de infância da próxima pessoa que me disser que perdemos apenas coisas.

Nunca são apenas coisas. Salvamos os instrumentos musicais do Felipe, uma parte de quem ele é e do que ele faz. Também acho que salvamos uma mesinha que era da minha bisavó, parte do percurso da minha família. Mas já é certo que perdemos o sofá que pertenceu ao avô do Felipe e a mesa comprida que eu fiz sob medida anos atrás, sobre a qual escrevi quase dois livros inteiros e que estava prometida de presente para o Fred, com quem seguiria sua missão literária. Perdemos livros com dedicatórias, cadernos antigos escritos de cabo a rabo, palavras que nos acompanharam por anos, e agora não mais.”

Depois do relato, uma multidão de ações apoiando a escritora surgiram nas redes, principalmente no Instagram. Não só ela foi afetada, é claro, já falamos da Irka Barrios aqui, mas há muitos outros autores que também tiveram que sair das suas casas como o professor e escritor Guto Leite, a escritora Carina Luft, a Nathallia Protazio, a Juliane Vicente, todas essas pessoas que ainda estão tentando entender os danos e com o que vão ter que lidar no futuro. Todas essas pessoas também estão sendo ajudadas com ações, principalmente nas redes sociais de vendas de livros, ou doações via pix. 

A Livraria Taverna, que fica na Casa de Cultura Mario Quintana, um dos espaços culturais mais conhecidos de Porto Alegre, também acabou sendo inundada. Nas redes sociais, eles descreveram alguns dos problemas, e quando passei por lá, pude ver a movimentação para a limpeza, mas é tudo muito complicado porque não se sabe se a água pode invadir novamente o espaço devido a proximidade do local com o Guaíba.

“Quase todo o mobiliário foi atingido pela água e não será possível recuperá-lo. Conseguimos isolar os livros, mas parte do acervo já demonstra desgaste. Muitos títulos estão úmidos e com o papel envergado. A umidade do ar está muito elevada e, por ser um material extremamente sensível, é possível que parte do acervo também seja perdido. Não conseguimos calcular o prejuízo total por enquanto. Não sabemos como serão os próximos dias. Nem quando a água irá baixar ou quando conseguiremos abrir a livraria de novo. Mas seguiremos firmes, contando com o apoio de vocês”, relataram em um post na rede social. Eles também estão recebendo muito apoio da comunidade de modo geral. 

Ao mesmo tempo, caminhando pela Andradas, ou rua da Praia, como chamamos por aqui, percebe-se a tristeza e a melancolia que se abate sobre as pessoas. Um centro de uma cidade é o coração do local. E o centro de Porto Alegre é tomado por sebos, livrarias, aparatos culturais, museus, todos eles enlameados agora, um cheiro terrível de algo podre e feio, algo que vai demorar a passar. Mas é preciso ler, é preciso escrever, reconstituir, reescrever, reconstruir, voltar, morar, formar novas lembranças, registrar, construir, fazer alguma coisa para ajudar.

Esta publicação foi feita em parceria com o Nonada Jornalismo, de Porto Alegre (RS). Assim como a população do Estado, seus jornalistas também foram afetados pela tragédia, mas seguem firmes na cobertura de jornalismo cultural. Considere apoiá-los a partir de uma assinatura.

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