Coletânea Laboratório Tropical reúne artistas brasileiros pela lógica do improvável

Primeiro volume da coletânea apresenta oito faixas inéditas criadas a partir de encontros presenciais entre 16 músicos de oito Estados

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Em cima: Louise França e Getúlio Abelha, Dante Oxidante e Zé Cafofinho, Luê e PECI, Realleza e Otis Selemani. Embaixo: Layse e Amanda Pacífico, 2DE1 e Ju Strassacapa, Dr Drumah e Alienação Afrofuturista, Irma Ferreira e Rimon Guimarães. (Foto: Erik Torres).

A coletânea Laboratório Tropical Vol. 1, lançada pelo selo Lab Dorsal na última sexta (31), reúne 16 artistas de oito Estados brasileiros em um projeto que propõe criação coletiva e presença física após anos de produção marcada pelo isolamento digital. Formado por oito faixas, o álbum nasce de encontros presenciais entre músicos, produtores e compositores, totalizando mais de 30 colaboradores.

Idealizado pelo diretor musical João Davi, o projeto busca romper barreiras estilísticas e propor caminhos alternativos à lógica de mercado baseada em algoritmos. Segundo ele, a iniciativa pretende estimular artistas e selos a investir em processos coletivos e em trocas presenciais como forma de ampliar circulação e fortalecer a autonomia criativa. Os feats foram definidos pela “improbabilidade”, aproximando artistas que normalmente não estariam na mesma produção.

O disco apresenta faixas que transitam por diferentes referências sonoras, da mistura de pop latino-brasileiro à fusão entre forró eletrônico, brega pop, axé, experimentações rítmicas e produções de caráter ancestral. As colaborações incluem encontros como Amanda Pacífico & Layse, Getúlio Abelha & Louise França, Dante Oxidante & Zé Cafofinho, Irma Ferreira & Rimon Guimarães, Alienação Afrofuturista & Dr. Drumah, 2DE1 & Ju Strassacapa, Realleza & Otis Selimane e PECI & Luê.

As músicas foram desenvolvidas a partir de convivência em estúdio, experimentação e troca direta entre os participantes, criando arranjos e composições que, segundo o idealizador, não surgiriam em processos isolados ou em feats produzidos à distância. As faixas abordam temas como ancestralidade, afeto, criação coletiva, o fazer artístico e a relação com território.

Capa por Adriana Meira
Capa por Adriana Meira. (Divulgação).

“Nesse primeiro disco temos a premissa daquilo que será toda a nossa postura e construção de mercado. Diferentes estilos, de diferentes lugares se unindo para fazer música sem barreiras, potencializando assim as raízes brasileiras amplas territorialmente e culturalmente. Esperamos que possamos expandir a música de cada um desses artistas furando bolhas de ouvintes que não receberiam toda essa amplitude estética por conta do algoritmo, explica João Davi, via e-mail. “Honestamente eu espero inspirar outros artistas e selos a entenderem que a força está nas pessoas, na arte, e nos encontros. Que a força coletiva impulsiona o que não tem uma chance ou uma chancela de participar dessa pequena fatia do mercado dominado por grandes corporações e big techs. Mas nós artistas é que temos a maior commodity. Sem a gente a indústria não tem nada a oferecer”.

Com esse primeiro volume, o Laboratório Tropical se apresenta como uma plataforma para produções colaborativas e para a diversidade musical do país, propondo novas formas de encontro e criação em um cenário dominado por playlists, grandes corporações e filtros algorítmicos.