Em pleno domingo de carnaval muitas eram as opções de atrações musicais na cidade. Mesmo com os tradicionais polos do Recife Antigo, Rec-Beat, polos descentralizados, blocos de rua e privados, houve quem procurou um endereço mais discreto logo ali nas proximidades da Rua da Moeda. Das 15h até 23h o Bar do Reggae, símbolo de resistência do underground dos anos 90 e 2000, se tornou a sede de um movimento independente chamado Rock na Calçada. O objetivo do projeto é de dar visibilidade às novas produções independentes locais e nacionais, e, estimular a ocupação dos espaços públicos como meio de difusão e interlocução direto com o público.
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Johnny Hooker renascido
Caixa de ressonância com Larissa Luz, Don L e Arrete
O público que se fez presente pôde injetar uma dose agressiva de new metal e hard rock com as bandas Insânia, Cospe Fogo e Bettercup. O blues rock teve vez com a Delamancha, que tocou sua música com uma gaita marcada seguindo as cordas das guitarras. Zeca Viana pousou sua nave psicodélica para saudar a todos com o Lo-Fi pernambucano num show one-man band.
Os jovens estreantes da Gelo Baiano tocaram o que eles próprios chamam de tapioca virtuosi e visitaram do samba ao funk com seu rock libertino. Também tiveram atrações de fora da cidade. A primeira delas foi o surf rock psicodélico e intenso da banda Os Aquamans, de Surubim, interior do Estado e o manguebeat paraibano com a tradicional Pau de dar em Doido (PB).
A 21ª Edição do Rock Na Calçada acabou ganhando um tom de levante, uma vez que, segundo a própria produção do evento, a cena independente sempre fica de fora do circuito de Carnaval. “Há uma grande contradição nisso tudo porque Pernambuco é considerado um celeiro importador de vários segmentos da cultura – música, teatro, artesanato, dança – Esse mercado cultural da cidade é um modelo que não abriga, não dá oportunidades para que gente nova possa aparecer. Isso que estamos fazendo é muito importante pro nosso cenário, pra mostrar que independente de tudo isso que acontece nós estamos aqui contemplando e dando visibilidade à cena”, diz Du Lopes, Produtor cultural e cabeça do RNC.