NADA DE FORTES EMOÇÕES
Mesmo com um trabalho mais pop, Roberta Sá fez show contido, mas perfeitamente ensaiado
Por Fernando de Albuquerque
Da Revista O Grito!
Mais pop que seus trabalhos anteriores, Roberta Sá veio ao Recife lançar seu quinto trabalho, Segunda Pele, no Teatro da UFPE, como parte do projeto Natura Musical. Com fãs cantando praticamente todas as músicas do disco recém-lançado, ela mostrou uma clara evolução na sua proposta de samba tranquilo ligado à MPB mais tradicional. A apresentação bem elaborada chamou atenção pelo cenário chique, com badulaques no teto e uma projeção gigante que exibia imagens cheias de texturas e cores.
Roberta Sá chegou com muita simpatia, calça, bolerinho e blusas floridas, cantou músicas de Segunda Pele, como “Bem a Sós” e até arriscou momentos de maior sensualidade, tudo ajudado pela iluminação. Mas, o público ficou correspondeu ao tom contido e milimetricamente ensaiado de sua apresentação. Apesar da ótima qualidade técnica, Sá fez um show para quem não sai de casa em busca de fortes emoções.
É tudo tão bem produzido, que tudo parece ensaiado, pouco espontâneo, até mesmo nos gestos, no contato com a plateia. Nisso, uma vantagem é a voz bem trabalhada e arranjos bem tocados por sua banda formada por oito músicos. Os momentos mais interessantes do show foram “Fogo e Gasolina”, “Altos e Baixos”, escrita por Lula Queiroga e “Deixa Sangrar”, quando, finalmente, chamou o público para perto do palco. Todos levantaram-se das cadeiras do teatro, como se estivessem segurando uma emoção contida por mais de uma hora. Foi catarse ao som de frevo para encerrar bonito.
Ainda que esteja mais madura artisticamente, Roberta Sá pode soltar-se mais. Suas novas músicas dão margem para uma proposta mais despojada e menos centrada como vimos neste sábado. Com um grande número de fãs (prova disso foi o teatro lotado), talvez seja a hora de arriscar mais. [Colaborou Paulo Floro]