Cobertura Recifest: festival celebra diversidade sexual em tempos sombrios

Sem patrocínio, Recifest será realizado com equipe voluntária (Foto: Divulgação)
Sem patrocínio, Recifest é realizado com equipe voluntária (Foto: Divulgação)

Teve início, nesta quarta-feira (20), a 7ªedição do Recifest – Festival de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero, no Cinema São Luiz, no Recife. A programação bastante enxuta, em comparação ao ano anterior, foi justificada por Labelle Rainbow, que apresenta esta edição, pela falta de patrocínio e apoio para eventos desde a instalação do novo governo, apontando esta postura como forma de censura. A equipe do festival é composta inteiramente por voluntários que auxiliam a conservação do evento para mais esta edição.

Na primeira noite, foram exibidas duas sessões de curtas-metragens que misturam as obras que concorrem aos prêmios de Melhor Filme Pernambucano e Melhor Filme Nacional. A primeira sessão, intitulada “Inundar o mundo”, foi aberta pela performance dos atores do filme Mar Fechado (Aurora Jamelo) que começou ainda no hall do cinema e conduziu o público até a sala de exibição. O primeiro filme é derivado de uma peça de teatro e não parece funcionar individualmente como obra audiovisual. É preciso o complemento de outras linguagens para atender por completa a mensagem proposta por Jamelo.

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 A programação é reduzida: ao invés de cinco dias como em anos anteriores, são apenas três. (Foto: Divulgação)

Na sequencia, o sensorial Pattaki (Everlane Moraes), reafirma o tema da sessão com imagens poéticas e provocadoras inspiradas no texto La islaen peso do escritor cubano Virgilio Piñera. O paulista Preciso dizer que te amo (Ariel Nobre) traz um discurso bastante importante sobre a luta contra o suicídio de pessoas trans, mas a construção deste se faz por metáforas pouco surpreendentes. Colombia (Manuela Andrade) retrata com precisão a angustia millennial e impressiona nas especificidades locais para caracterizar o cenário de desilusão no encontro de duas mulheres, uma que chega em busca de si e outra que parte com o mesmo objetivo.

Ainda sobre encontros, felicidade delas (Carol Rodrigues) é um filme sem diálogos que permite as situações e imagens conduzirem toda a narrativa sem deixar mal entendidos. Todos os filmes deste recorte se entrelaçam em suas relações com mar, seja de forma sagrada ou onírica, em nenhum deles há óleo. Mas, sim, reflexões e inquietações sobre resistência.

O título da segunda sessão “Pense, Dance” faz refêrencia à frase usada pela atriz e cantora Linn da Quebrada e a retomada das exibições foi dada pelo pernambucano Banzo (Rafael Nascimento) deu uma vídeodança que provoca a cerca da presença negra nas universidades públicas, seguido por Juca (Maurício Chades) o mais longo da noite, com 28 minutos, é experimental e cheio de intervenções que simulam redes sociais interferindo no passeio de um grupo de amigos em busca de um lugar onde possam assistir a uma chuva de meteoros.

Ilhas de Calor (Ulisses Arthur) é um filme sobre adolescência, bullying e desejo, sem abordagem novelesca ou personagens adultificados,ainda que remeta ao clássico da sessão da tarde 10 coisas que eu odeio em você(Jil Junger), na cena em que o protagonista Fabrício lê um poema em sala de aula. NEGRUM3 (Diego Paulino) terminou a noite com muito lacre e close certo. O documentário sobre a juventude paulista negra e gay fez o chão do cinema, literalmente, tremer e encerra com um videoclipe, deixando o público com vontade de voltar para mais um dia de exibição.

O festival acontece até sexta-feira (22), com as exibições iniciando sempre às 19h e com programação gratuita.

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