Cobertura Rec-Beat 2018: Na instiga da nova cena de Recife com Diomedes Chinaski, Luiz Lins e MC Tocha

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Uma das marcas principais do Rec-Beat é a presença do inusitado e do experimental em sua escalação. E foi com essa proposta que teve início neste sábado (10), a 23ª edição do evento com um dos line-ups mais diversificados desde que foi concebido. A estrutura fica montada no Cais da Alfândega, no Bairro do Recife e segue até a terça-feira (13), sempre a partir das 19h30, com entrada gratuita. O evento é um dos mais esperados durante o Carnaval e teve público lotado para receber MC Tocha, fenômeno do brega recifense e, um pouco antes, os rappers Diomedes Chinaski e Luiz Lins, que fizeram uma celebração desse novo e instigante rap nordestino.

O Rec-Beat foi aberto com uma atração internacional: a DJ Ipek (Alemanha/Turquia), que começou a tocar com pouca plateia. Ela fez um show de música eletrônica bastante animado, mostrando presença de palco, com seu exclusivo e híbrido soundmix.

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Aos poucos, o público ia chegando e ocupando os espaços próximos ao palco montado às margens do Rio Capibaribe. Em seguida, quem se apresentou foi a cantora e compositora capixaba Ana Muller, que trouxe o repertório do seu primeiro EP. Essa foi a primeira vez que a cantora trouxe ao Recife seu show completo, com banda. A sonoridade da artista tem folk, MPB e pop. Dentre as músicas mais conhecidas, Muller cantou “Fragmentar” e “Me Olha”, fazendo a alegria de uma legião de fãs.

Um dos pontos altos da noite ficou a cargo do cantor cearense Daniel Peixoto, ex-integrante da banda de electropunk Montage. Com uma apresentação eletrizante, ele fez o público dançar com Massa, seu segundo disco solo. Performático no palco, Daniel mostra em seu trabalho a transgressão de identidade de gênero e sexualidade. “Vamos ficar loucos! Quem ainda não está, vamos ficar loucos!”, instigando a plateia. O artista faz uma mistura sensacional e sensorial, que nos faz fechar os olhos e sentir que podemos dançar o que quisermos.

Este ano, os pernambucanos ganharam destaque trazendo trabalhos que apontam para a inovação da música pop. Diomedes Chinaski e Luiz Lins chegaram para comprovar que a renovação da cena local chega com uma proposta bastante inventiva e que aponta para uma quebra de paradigmas no rap. Com uma proposta de revalorização do sotaque e dos ritmos locais, ele propõe um rap de sabor intenso, de rimas pesadas e diretas e por uma personalidade que não emula ninguém e que se destaca justamente pelo que tem de diferente em relação ao som feito no Sul. “O rap do Nordeste já tem capacidade e público para conquistar espaços como esse, mas ainda não somos tão valorizados quanto artistas do Sul e Sudeste”, diz Diomedes, logo após o seu show lotadíssimo e com plateia visivelmente emocionada. “Tocar aqui no Rec-Beat foi uma experiência incrível, que não consigo nem explicar em palavras”. Ele levou ao palco nomes que estão ganhando destaque na cena local de rap, como é o caso da MC Negrita. Natural de Paulista, na Região Metropolitana do Recife, ele fez sucesso com o hit “Sulicídio”, que dava a real sobre o preconceito de região, feita ao lado do baiano Baco Exú do Blues. Diomedes dividiu o palco com Luiz Lins, de Nazaré da Mata, outro nome promissor local.

Momento mais esperando da noite, o pernambucano MC Tocha foi recebido por um Cais da Alfândega lotado e por fãs ansiosos pela presença do artista. Tocha é autor de vários sucessos e o primeiro MC de brega-funk a se apresentar no Rec-Beat para a alegria dos recifenses. Ao lado do MC Troinha, Dadá Boladão, MC Metal e Sheldon, Tocha representa o brega-funk recifense, uma das mutações que surgiram das hibridizações do funk ao longo dos últimos anos. Tocha procura ter um estilo próprio: roupa, óculos, tatuagens e cabelo. Acompanhado pelo Balé do Tocha, o autor de “Paralisou” e “Passinho do Guery” fez o público dançar até não querer mais já na madrugada deste domingo (11).

Este é o primeiro Carnaval desde que o brega recifense passou, em maio passado, a ser oficialmente reconhecido como uma das expressões artísticas genuinamente pernambucanas. O gênero tem espaço garantido nas grades de eventos financiados pelo governo estadual, ao lado de outras expressões como frevo, maracatu, coco, ciranda, por exemplo.

Em seu primeiro dia, a 23ª edição do festival chegou extrapolando fronteiras e celebrando a música que une, transforma e altera os sentidos. A festa segue neste domingo. Confira a programação. Acompanhe a nossa cobertura do Carnaval pelo Instagram e Twitter.

Fotos de Kelvin Andrad / Máquina3.

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