COQUETEL É SHOW REVELAÇÃO PARA THIAGO PETHIT
Músico foi destaque em noite que ainda teve Vitor Araújo, Blonde Redhead e Acabou Chorare na íntegra
Por Paulo Floro
Um outro Thiago Pethit subiu ao palco neste segundo dia do festival No Ar Coquetel Molotov, que aconteceu no Teatro da UFPE, no Recife, neste sábado (22). Bastante diferente do show tímido que fez nesse mesmo festival, em 2009 – em que parecia se perder na imensidão do palco. Foi bom o Coquetel seguir apostando nele para revelar hoje um artista bastante seguro em suas referências, ecoando Bowie, cinema vintage, heróis glam decadentes e uma sensualidade estranha, mas também bonita, em seu corpo esguio.
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O novo disco, Estrela Decadente, tem diversos momentos que promovem explosões e levam Pethit a explorar sua teatralidade. Caso de “Surabaya Johnny”, cantado ao lado de Cida Moreira. O show explorou praticamente seu álbum mais recente, cantado com o público em candidatas a hits, “Devil In Me”, “Pas des Deux”. Mas, também houve espaço para recuperar momentos mais intimistas de Berlin, Texas, como “Nightwalker”.
Desta vez, Pethit largou o pedestal do microfone, passeou pelo palco, deu pinta com o público em seu macacão de detalhes dourados. Vai sair deste No Ar ainda maior.
Outro destaque de hoje foi Vitor Araújo. O pianista pernambucano fez um show auxiliado por uma proposta visual bem pensada, criada pelo designer Raul Luna. O músico se comunicou com a plateia através de um telão, bem ao estilo cinema mudo. “É uma honra fazer a estreia desse meu disco, A/B na minha cidade. Um cheiro, e até a próxima”. As canções tiveram participação de uma pequena orquestra. Com viagens que lembravam a fase experimental do Radiohead circa-2000, esse show de Araújo mostrou que o garoto passeia com destreza pelo mundo pop.
A apresentação dos norte-americanos do Blonde Redhead foi o que se esperava de um medalhão indie, com muita guitarra, peso, distorção e cabelos. Atrapalhou um pouco a vocalista estar claramente incomodada com o som. Ela falava o tempo todo com a mesa de som, pedindo ajustes no microfone e nos instrumentos. Para o público, estava tudo bem, o que deu a entender que talvez fosse puro preciosismo da parte dela (mas, não somos técnicos dessa área).
Outra coisa prevista – o momento de apoteose quando faixas do disco 23 foram tocadas – culminou com um show curto, mas intenso (e vamos aguardar com um tantinho mais de ansiedade o trabalho novo da banda).
O final foi de Moraes Moreira, que chegou para cantar na íntegra o clássico Acabou Chorare, mas percorreu todo o repertório dele e de sua banda, em busca de hits, com direito até a frevo antes do bis. O final mesmo foi com Luiz Gonzaga, completando a transformação do Coquetel, em sua nova identidade ainda mais eclética.
Sala Cine foi de Madrid
Frase de um amigo antes da entrada da Madrid no palco da Sala Cine: isso aí é o show da mágoa. Maldade. Formado por Adriano Cintra, ex-CSS e Marina Velloso, ex-Bonde do Rolê, a dupla trouxe uma sonoridade totalmente nova, criando léguas de distância com os grupos que os revelaram.
O público correspondeu tão bem que Marina teve que pedir desculpas explicando que tinham apenas um disco lançado. Nas próximas vezes, com sorte, nenhuma matéria vai precisar explicar a origem dos dois. Antes, a banda francesa Yeti Lane mostrou a rica cena independente francesa, bebendo na tradição de experimentar estilos musicais com pop – no caso deles, rock psicodélico. O disco mais novo deles, Echo Show, foi muito elogiado na Europa, mas repercutiu timidamente por aqui.