A banda BIKE realizou seu segundo show no Recife dentro do projeto Life’s Too Short neste último sábado (16) em uma noite de sete horas ininterruptas de shows. O evento aconteceu na casa de entretenimento e artes o Nascedouro, no bairro do Poço da Panela, e foi preenchido, em predominância, pelo energético (e jovem) público admirador da cena independente. O casarão, há pouco mais de um ano, deixou de ser apenas uma residência familiar e passou, periodicamente, a ter o quintal como palco de criação – batizado de Nascedouro – e propagação artística experimental.
Com o primeiro evento realizado em 2 de abril de 2016, o selo chegou à quinta edição e trouxe dentro de sua estrutura uma marcante diversidade musical. A noite foi aberta com o som noise-alternativo da banda recifense Alexandre María Group, formada por Alexandre María, Caio Wallerstein, Carlos Felipe e Danilo Galindo, que apresentou um rock dançante, embalando e contagiando o público nas primeiras horas do evento.
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BIKE e o convite ao transe
O guitarrista e vocal Alexandre María, responsável pela composição e criação, afirmou que passou por um drástico processo evolutivo depois de assistir um documentário sobre a banda de estúdio da Motown: The Funk Brothers – e, posteriormente, descobriu a verdadeira música experimental, como os artistas Sun Ra, Keiji Haino e John Cage. Isto o fez se aproximar mais da cena underground americana dos anos 1980. Além das influências musicais as melodias também recebem o peso poético da literatura internacional e brasileira. “No início de 2016 nós gravamos nosso primeiro EP, o 22 Graus, e na segunda música, “Pela Manhã”, eu cito os nomes de Henry Miller, Clarice Lispector e Franz Kafka. Eu me sinto inspirado quando estou lendo algum livro e muito das coisas que estou lendo são inseridas no processo de criação da musical.”
A BIKE, formada por Julito Cavalcante, Diego Xavier, Gustavo Athayde e Rafa Bulleto, foi a segunda atração do evento, com o som psico-lisérgico nutriu e concentrou o público no quintal criativo do Nascedouro. A banda paulistana teve seu primeiro álbum, 1943, lançado em julho de 2015 e depois de despontar no cenário musical percorreu por quinze estados brasileiros. Recentemente, a BIKE fez sua primeira turnê na Europa, passando por Portugal, Inglaterra, Escócia e na Espanha se apresentou por dois dias no festival Primavera Sound, em Barcelona. A banda está percorrendo todo Nordeste num circuito de lançamento do novo álbum, Em Busca da Viagem Eterna, e pela terceira vez se apresentam na cidade do Recife – e a segunda apresentação no Life’s Too Short.
A noite foi encerrada ao som instigante da banda recifense de noise-rock instrumental Cosmo Grão, que fez o público vibrar com uma série de composições variadas e que transitam entre o punk rock, noise, metal, stoner, rock psicodélico e, também, com uma pegada significativa da música instrumental pernambucana. A banda, formada por Chico Rocha (guitarra), Thiago Menezes (guitarra), Rafael Gadelha (baixo) e Cássio Sales (bateria), foi criada no ano de 2008, mas só em 2012 que o projeto amadureceu.
Em 2015 a Cosmo Grão lançou seu primeiro EP e no ano seguinte o primeiro álbum, Cosmograma, viabilizado através de financiamento coletivo. A banda já participou de eventos populares como No Ar Coquetel Molotov e o Under the Sun, e por ter criado a trilha sonora para o média metragem Catimbau (2016), chegou a participar do grande festival de música Womex.
O Life’s Too Short já está com data marcada para a sexta edição, o evento vai acontecer no dia 4 de novembro e já tem uma atração confirmada, a banda potiguar Koogu. Um dos fundadores e idealizadores, Mateus Cabral, contou que ainda não tem confirmação do local, mas quem tiver interesse em ficar por dentro dos festivais do Life’s Too Short só precisa acompanhar a página oficial do evento no Facebook:
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