NO CENTRÃO, MENOS (IN)FELICIANO, MAIS AMOR
Público foi para as ruas pedir a saída de Marco Feliciano, mas também um país sem homofobia, racismo e um Estado verdadeiramente laico
Com gritos de “Feliciano, fora, fora, fora!”, cerca de 300 pessoas ocuparam as ruas do Centro do Recife neste sábado (6) para pedir a renúncia do pastor Marco Feliciano (PSC) da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Organizados via Facebook, os manifestantes se encontraram na Praça da República, perto do Teatro Santa Isabel. Dali, partiram para a Conde da Boa Vista, um dos mais tradicionais palcos de protestos na cidade.
“Nossa luta é todo dia, contra o racismo, o machismo e a homofobia”, foi outro grito de protesto entoado. Desde que foi empossado como presidente da comissão, Feliciano tornou-se o político mais malquisto do Brasil e o mais antipático aos desejos da população. É tanta a pressão por sua saída que ele proibiu a entrada do público nas sessões que preside. O deputado também mandou prender um manifestante por chamá-lo de racista. É dele a pérola solta no Twitter, onde afirma que africanos e seus descendentes são amaldiçoados. Outra máxima: “a podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição”.
Nas últimas semanas, várias cidades do Brasil realizaram protestos contra Marco Feliciano. Nas redes sociais, o público também está engajado, sobretudo com o movimento “Feliciano Não Me Representa“. No Recife, no mês passado um protesto realizado em frente à sede do PSC em Santo Amaro reuniu pouco mais de 50 pessoas. Desta vez, o número aumentou dada a maior articulação via Facebook e anúncio na mídia. Estavam presentes no ato representantes de movimentos sociais, como Mulheres em Luta e o político Edilson Silva. Mas, a presença maior foi mesmo de pessoas comuns, universitários, homens e mulheres de variadas idades. A pouca participação de ONGs defensoras dos direitos humanos, gays, além de lideranças locais feministas e homossexuais é algo que merece registro.
“Temos que ir atrás de uma outra gestão, mais popular. Por causa de uma governabilidade, o Estado faz acordos sujos com esses fundamentalistas”, disse Edilson Silva, durante o protesto. “É importante mostrar o protagonismo de Pernambuco para uma mazela que vem assolando o País inteiro desde que os fundamentalistas religiosos passaram a ocupar o nosso legislativo”, disse um dos organizadores do ato, Erik Justino.
A passeata seguiu pela Av. Dantas Barreto, Av. Guararapes e entrou na Conde da Boa Vista, hoje uma via anti-protesto com grades dividindo as duas mãos e paradas de ônibus que tornaram a pista bastante apertada. Mesmo assim, os manifestantes seguiram e chegaram a se sentar no chão para protestar. No meio do Centro movimentado, muita gente se perguntava o que era a manifestação. “Quem é esse Feliciano”, questionou um senhor à espera do ônibus. Outro leu a placa “Mais Amor, Menos Pastor” e exclamou: “É tudo ladrão, pastor e político”.
Veja abaixo mais fotos da passeata. [por Paulo Floro e Alexandre Figueirôa]
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