Cobertura: Elton John @ Chevrolet Hall, Olinda

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Fotos: Bruno Takahashi / Divulgação
Fotos: Bruno Takahashi / Divulgação

Elton John conquista público ancorado em hits
Show ao piano mostrou boa forma do músico e surpreendeu quem esperava algo mais intimista

Por Rafaella Soares
Da Revista O Grito!, no Recife

Nada de minimalismo: Elton John provou na noite deste domingo (10), que seu talento ao piano e um punhado de canções pop eternizadas na memória afetiva dos fãs – ou na memória afetiva de quem ouviu rádio FM nos últimos 40 anos – são mais do que suficientes não só para realizar um show incrível, como também ressaltar a qualidade do repertório do artista sem os habituais recursos estéticos exagerados. Ironia ou não, o grande feito da apresentação do inglês, reconhecidamente tido como showman, mora no set list recheado de standards. São músicas que evocam um tempo em que a música pop era concebida para durar mais que a vida útil de um álbum, comercialmente falando.

A apresentação no Recife foi a última no Brasil da turnê The 40th Anniversary of the Rocket Man, e o anúncio prévio de que ele tocaria sem banda gerou expectativa, mas a apreensão deu vez a um espetáculo que, se não apela para grandiosidade visual, compensa em boa música em seu estado essencial. As luzes de smartphones e flashs de câmeras portatéis atualizavam o antigo hábito de isqueiros acessos na platéia, tornando-se parte do cenário.

Subindo ao palco do Chevrolet Hall com a pontualidade britânica que se esperava do astro, sobretudo numa noite de domingo, Elton deu início aos trabalhos às 21h com “The One”, para então emendar com “Sixty Years On”. “Border Song” veio em seguida, apenas um prelúdio para a execução de um de seus maiores clássicos: “Your Song”, tema que ficou conhecido pelo público mais jovem após entrar na trilha sonora de Moulin Rouge (de Baz Luhmann), interpretada pelo casal protagonista da película, Ewan McGregor e Nicole Kidman. A música foi acompanhada em coro. Antes de tocá-la Elton arriscou: “Talvez eu nem estivesse aqui se não fosse por esta música”, revelando saber o alcance que uma música ganha, catapultada pela audiência do cinema.

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Depois foi a vez de “Levon”, para então aparecer o hit “Tiny Dancer”, outra pepita resgatada pelo cinema, na cena mais do que conhecida de Quase Famosos (de Cameron Crowe). Veio uma sequencia de “Mona Lisa and Mat Hatters”, “I’m Still Standing” e “Believe”, para então ouvirmos “Daniel”, clássico absoluto ao lado de “Rocket Man”, entoada em coro por boa parte da casa de shows. Depois veio “I Guess That’s Why They Call It The Blues”, e depois uma sequência com “Philadelphia Freedom”, “Nikita” e “Don’t Let the Sun Go Down On Me”, lindas. Antes da já esperada “Candle In The Wind”, “Honky Cat”. “Sorry Seems to Be the Hardest Word” antecedeu “Bennie And The Jets”, confirmando a profusão de sucessos colecionados nas últimas quatro décadas.

O bis foi matador, com “Crocodile Rock”, “Skyline Pigeon” (me atrevo a dizer que ninguém pode dizer que gosta de música pop sem saber cantarolar pelo menos o embromation desta) e “The Circle of Life” – o cinema novamente: teve direito a clipe do filme O Rei Leão, e até mesmo esse momento arrasa-quarteirão soft era coerente com a noite. Podia encerrar por aí, mas “Can You Feel the Love Tonight” arrebatou sorrisos e mandou pra casa satisfeitos os que estavam ali.

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