Cobertura: Whisky Festival no Recife

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UM UÍSQUE PRA SE LIBERAR
Com uma banda que contrastava com a plateia animada, apresentação do Camera Obscura lotou a boate NOX em Boa Viagem

Por Fernando de Albuquerque
Foto de Diego Nunes

Do lado de dentro muita gente. Do lado de fora, muita gente também. No céu, alguns retrassos de chuva, no chão o cheiro de terra molhada. No palco, Lúcio Ribeiro e seu set animadíssimo. O cenário estava perfeito para quem chegava ou já estava lá dentro para conferir a apresentação do Camera Obscura, na boate Nox, no último sábado (29). Tudo confabulava para dar certo e deu, até certo ponto, mesmo com alguns casos de pessoas que só conseguiram entrar depois do show ter começado.

Na saída da festa – até as 3h da madrugada-, por exemplo, foram relatados mais de dez casos de equívocos, para mais, nos cartões de consumação da casa, além de uma certa indisposição dos seguranças e caixas em resolver o problema. Fora a discotecagem, completamente equivocada, do DJ da casa, no primeiro andar. O trance entoado por ele não combinou com o público presente que se concentrava, mais e mais, na área de fumantes no primeiro andar.

Leia entrevista exclusiva com a vocalista Tracyanne Campbell

Mas vamos ao que interessa. Os escoceses fizeram um show para lá de bem azeitado com o desfile do melhor que eles sabem, o indie pop. Canções alegres, bem executadas e bem suavizadas, mas sem um pingo de simpatia. “My Maudlin Career”, “Lloyd, I’m Ready to be Heartbroken”, “James”, “Swans”, “If Looks Could Kill” e “French Navy” fizeram todo mundo bater palma, dançar e soltar gritinhos emotivos. A apresentação começou cedo e levou todo mundo que estava espalhado pelas instalações da boate a se concentrarem no palco inferior. A casa lotada, contudo não fez o público desanimar ou se sentir incomodado com o aperto.

Mas incomodada mesmo estava a banda, talvez, que reclamou do barulho da plateia. No dia seguinte, um dos integrantes teria escrito no Twitter que parte do público recifense macularam o nome do Uísque, bebida tradicional de sua terra. Não sabe Tracyanne e cia., o quanto os pernambucanos se orgulhariam de violar as tradições escocesas se todos bebedores de uísque de seu país derem à bebida essa aura imaculada. Com cara de poucos amigos, a cantora só mostrou um riso tímido quando tocou “French Navy”. Destoava de todos, o trompetista e percussionista que dançava e pulava, ofuscado no fundo do palco.

Dentro da timidez permitida, rótulo que envelopa qualquer grupo indie, Campbell, a vocalista, interagiu suavemente com o público e quase teve sua voz ofuscada pelo coro da plateia quando os primeiros acordes de “French Navy” foram entoados. A música é single do novo disco da banda, My Maudlin Career e, foi o ponto alto da noite. No final do show eles voltaram com o pedido de bis e encerraram as duas horas de apresentação com “Razzle Dazzle Rose”.

O grupo que tem longo tempo de estrada, já que datam a fundação de 1996, teve a apresentação marcada por um público extremamente jovem. Era dificil ver alguém na casa dos 30. Se via, mas com certa dificuldade. Isso talvez explique a empolgação e a vontade de dançar , já que a cada acorde mais animado, a plateia pulava como se fosse o pop mais dançante dos últimos 50 anos. Atitude típica de quem é fã e se empolga, muito. Mas que, no Recife, muda de acordo com a agenda cultural da semana.

Colaborou Rafaella Soares.

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