Cobertura: Afrobomba, no Sesc Pompéia em São Paulo

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DU PEIXE E SEU BAILE BEATNIK
Vocalista do Nação Zumbi e Los Sebosos Postizos subiu ao palco com a filha de Chico Science, Lula, para a estreia do Afrobombas

Por Guilherme Athaide
Em São Paulo

“Bem vindos a um filme sem roteiro”, saudou Jorge Du Peixe à plateia que encheu o Sesc Pompéia na última quinta (10). Foi a estreia do Afrobombas, novo projeto musical que ele divide com Louise Taynã (vocal e backing vocal), André Édipo (guitarra), Thiago Duar (baixo), Pernalonga (bateria), Ramon Lira (percussão), Dalua (percussão) e Guizado (trompete/eletrônicos).

Louise é mais conhecida como Lula. Destaque no jornal Folha de S. Paulo, a pernambucana de 22 anos é filha de Chico Science – com quem Du Peixe dividiu os palcos nos tempos de Nação Zumbi – e dona de uma bela voz. Seu sotaque carregado e o tom agudo diferenciam positivamente Lula de outras cantoras da cena atual. Acompanhando Jorge Du Peixe nos vocais, Lula se manteve segura em interpretações interessantes de um repertório composto por músicas inéditas testadas pela primeira vez no show e composições do pernambucano gravadas por outros artistas. Por diversas vezes, o simples acompanhamento se tornou um belo dueto, fazendo a plateia perceber a força da voz de Lula. E deixando todos com mais vontade de ouvi-la.

Entretanto, Lula se manteve tímida durante o show, deixando a pouca interação com a plateia para o veterano Du Peixe. Além da saudação inicial, que disse respeito ao fato de a banda ainda não ter disco lançado e apenas uma música divulgada na internet, o vocalista intitulou o show de Baile Beatnick, “que eram os hipsters das antigas”, como disse seguido de aplausos.

Influenciado por músicas jamaicanas e afro-rock, o conjunto de instrumentistas mostrou-se bem entrosado. Guizado soprou um trompete latino, pessoas na plateia dançavam ritmadas pelo baixo forte de Thiago Duar e a afinidade dos percussionistas era nítida. De um modo geral, o ritmo do Afrobombas recebe diversas influências e devolve ao público uma indecifrável mistura dançante.

Destaques para as músicas “Saudades do Mundo” – numa bela interpretação de Du Peixe –, “Chegar em Mim” – faixa do álbum da cantora Céu que evoluiu na voz de Lula – e “De Sal e Sol Eu Vou”, música da banda que nasce com cara de hit e que mostra tudo o que eles têm: vocais fortes e instrumentação de qualidade. Du Peixe cantou também “Longe” e “Passione”, composições que entraram na trilha sonora do filme Febre do Rato. Lula disse que esta última era “pra dançar agarradinho”, sugestão que a plateia seguiu.

Em pouco tempo de show a plateia já estava ganha, dançando, ouvindo e aprovando o novo som que surgia. “No Olimpo” fechou a apresentação, em o coro com público. Jorge Du Peixe apresentou os Afrobombas, e esperamos que os prazer continue sendo todo nosso.

Show no Sesc Pompeia (Foto: Afrobomba/Instagram)
Show no Sesc Pompeia (Foto: Afrobomba/Instagram)