Karina Buhr ganha o público na performance
DIVERSÃO DEFINE
Palcos emparelhados fizeram a diferença no Abril pro Rock 2011, numa edição marcada por shows memoráveis de Arnaldo Antunes e Karina Buhr
Por Rafaella Soares
Da Revista O Grito!
Fotos de Rafael Passos
Peso de ensurdecer. Há alguns anos, a tradicional noite de rock pesado do festival Abril pro Rock não reunia uma escalação tão focada em música rápida, mas do que peso. A sexta-feira (15) trouxe os camisa-preta ao Chevrolet Hall para a 19ª edição do Festival mais longevo do Nordeste. O produtor Paulo André Pires, à frente do APR desde sua criação, falava no Facebook em cinco mil pessoas, número que daria conta do público geral no primeiro dia.
Os primeiros shows, aqueles que ficam por conta de receber o público corajoso que encarar chuva e o cansaço do fim de uma semana, foram da pernambucana Cangaço, seguida de Facada (CE). Do lado externo do Chevrolet Hall, diversos ônibus fretados comprovavam a migração de metaleiros de estados próximos – grande número, para prestigiar o show da americana Misfits.
O conhecido peso de Dereck em seu novo projeto heavy, Musica Diablo
Desalma, banda de trash metal com pouco tempo de estrada, mas que despontou no cenário com turnês fora do Estado, incluindo o Festival DoSol (RN). Também foram responsáveis por reunir nomes relevantes da cena na coletânea Terra Batida. Fizeram um show sem maiores intercorrências no som – que viria a acontecer mais no fim da noite.
Nos dois palcos, montados um ao lado do outro, os shows começavam sem intervalo entre si. Seguiram ao power trio, a apresentação de Violator (DF), que pareciam bastante entusiasmados em tocar num festival de visibilidade, e falavam volta e meia em humildade e que “não existem ídolos no metal”.etc. Depois, foi a vez da Torture Squad (SP) provocar os headbangers com seu heavy metal.
Musica Diablo, projeto paralelo de Dereck Green, a voz gutural mais gente boa da música pesada, mostrou que o americano tem carisma e talento que excedem ao seutrabalho no Sepultura. Com ele,ainda tocam integrantes do Nitrominds.
DRI (EUA), e seu som que lembra Dead Kennedys, Black Flag e letras de Suicidal Tendencies, fez um show curto eeficiente antes da atração principal.Quando os mascarados do Misfits subiram ao palco, o público já estava azeitado para ouvir clássicos como Saturday Night e Die, Die, die, My Darling (mais conhecida por alguns na versão do Metallica, feita em 1998 pra coletânea Garage Inc).
Timing: Tulipa Ruiz trouxe o hype e o elogiado disco ao APR
Acontece alguma coisa nessa tarde de domingo
Skatalites era a headliner, mas não tinha como pensar uma escalação tão diversificada na segunda noite do APR. No domingo (17), Feiticeiro Julião recebeu o público que chegou timidamente desde a abertura, às 17h. Muita chuva e o próprio espaço do Chevrolet, que dá uma impressão de dispersão ás vezes maior do que de fato acontece, aparentou casa vazia. Mamelungos (PE),nome que tem feito bons e freqüentes shows, com repertorio bacana, está cavando seu espaç. Se preocupam com produção e fazem divulgação meio na forma de guerrilha. Funciona, são uma promessa. Holger (SP) tocou depois deles, mas Chicha Libre foi que animou de verdade, com sua cumbia.
Em seguida, o show agradável da paulista Tulipa Ruiz, super simpática. A moça tem presençade palco, apesar de algumas músicas mais arrastadas, e surpreendeu ao executar “Da maior importância”, clássico de Caetano Veloso.
A história da canção: a transa mal-sucedida entre Caetano e Gal, na década de 1970. A referência acaba conferindo uma atenção maior dada a artista. Bem acompanhada, Karina Buhr toca com os guitarristas Catatau e Edgar Scandurra (ex Ira!). “Eu menti pra Você”, retirado do disco lançado ano passado é hit certo. Os tempos de Teatro Oficina fizeram um bem danado pra ela, pois a menina é uma performer incrível e preenche todo o pavilhão.
Arnaldo, “foi pra galera”
Depois de uma homenagem bacana a Lula Côrtes no telão, é a vez de
Arnaldo Antunes ganhar a plateia ao descer para se juntar ao público. Um dos pontos altos de seu show foi a parceria com o queridinho indie Marcelo Jeneci, em “Longe”. A noite ainda teria Ortinho e Edgar Scandurra para mais colaborações num dos shows mais divertidos da história do Abril Pro Rock.
Já os pernambucanos da Eddie tocaram todos seus clássicos, mas foram bastante prejudicados pelo som. Uma pena. Apesar da superexposição que a banda tem na cidade, com shows frequentes em casas noturnas e shows gratuitos, sua presença no festival reforçou o fato deles serem uma das poucas bandas hoje em dia na cidade a contar com fãs tão fieis.