Clairo
Charm
Independente, 2024. Gênero: Indie, Pop
Charm já era um lançamento muito aguardado pelos fãs de Clairo e pelos ouvintes de música alternativa no geral. O terceiro álbum da cantora norte-americana segue uma linhagem de outros trabalhos elegantes e marcados por um estilo sóbrio e minimalista que segue a artista sobretudo a partir do Immunity, seu disco de estreia.
Assim como os seus antecessores, Charm é resultado da colaboração integral de Clairo com um determinado produtor. Desta vez, Leon Michels, que se faz presente no disco inteiro e ocupa o lugar que pertenceu a Jack Antonoff no último trabalho da cantora (ainda bem).
Neste álbum, Clairo parece encontrar um meio termo entre o bedroom-pop de Immunity, com seus diversos elementos eletrônicos, e o folk de Sling. O resultado é um disco sofisticado com teclados e sintetizadores que complementam a produção rica em instrumentos mais tradicionais, como fica bem evidente em “Juna”.
Charm tem uma “personalidade” própria bem demarcada, mas ainda sim relembra muito sons clássicos como o Tapestry de Carole King – algo que aparece bastante nas ótimas “Add Up My Love” e em “Sexy to Someone”.
Assim como em seus outros discos, o eu lírico de Clairo fala, sobretudo, de questões afetivas, e uma luta interna sobre o dilema entre se abrir emocionalmente e acabar se esgotando dentro dessa relação.
Charm mostra um amadurecimento da artista, principalmente se colocarmos em perspectiva os primeiros singles de sua carreira ainda em 2016 e 2017. Há um crescimento na qualidade das letras, e isso é o que chega primeiro aos ouvidos. Em seguida ganha evidência a produção mais sofisticada dentro do estilo musical escolhido, o que faz da audição uma experiência interessante. Charm é um álbum refrescante, sincero e íntimo; mais uma peça no mosaico que tem formado a imagem artística de Clairo.
Ouça Charm, de Clairo
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