Ciara segue com o apelo intacto semelhante a quando surgiu no hit instantâneo “1, 2, Step”, um dos maiores sucessos adolescentes dos anos 2000 de todos os tempos. O recado do seu sucesso é dito logo na faixa de abertura “Love Myself”, um hino do empoderamento: “a melhor coisa que posso fazer por mim, é me amar”, canta ela. Isso condiz muito com a trajetória da cantora até aqui.
Rainha das paradas, ela emplacou diversos singles de sucessos ao longo da década passada sobretudo com a estreia, Goodies (2005) e The Evolution (2006), mas não experimentou o mesmo estrondo com seus álbuns anteriores. O retorno triunfal aconteceu com “Body Party”, um R&B sexy e cheio de camadas que representava uma renovação no seu repertório.
A partir ela entrou em uma nova e interessante fase que, ao mesmo tempo em que sustentava a quintessência do R&B dançante e sensual, trazia uma produção mais sofisticada e atual. Ciara manteve-se fiel à sua cartilha e soube se renovar bem, mas sem diluir o que a fazia tão interessante. Não à toa, a artista é uma das principais vozes hoje a favor de uma atenção maior à saúde mental, com campanhas online e tudo.
Vale também destacar que este disco é o primeiro lançado por ela de forma independente após a sua saída da gravadora Epic/Sony Music.
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Com Beauty Marks temos Ciara dialogando com o pop mais poperô, como pode ser visto em faixas de apelo rápido, a exemplo da divertida “Level Up”. Há também aproximações com estilos como electro pop (“Greatest Love”), electro-R&B (“Freak Me”) e até disco oitentista na ótima “Thinkin Bout You”.
A que mais se aproxima de seus hits do início de carreira é “Dose”, que tem tudo para entrar na sua coleção de hits. Beauty Marks pode não se aproximar da fase áurea de Ciara e estar distante da efervescência criativa que vive o gênero hoje, mas ainda assim é um registro potente de uma artista em capacidade máxima e com segurança de sobra.
CIARA Beauty Marks [Beauty Marks Entertainment, 2019] Produzido por Ciara, Maejor e outros