A atriz Catherine Deneuve se pronunciou sobre a repercussão de sua assinatura no texto que defendia “o direito dos homens em importunar”, publicado no Le Monde semana passada. Ela defendeu seu posicionamento, mas pediu desculpas às vítimas de assédio sexual.
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“Meu cumprimento de modo fraterno a todas as vítimas de atos odiosos que possam ter se ofendido por este texto publicado no Le Monde. É a elas, e apenas a elas, que apresento minhas sinceras desculpas”, disse a atriz. O texto que ela se refere foi assinado por 100 artistas e trazia críticas ao movimento #MeToo, em que mulheres compartilhavam casos de assédio e até mesmo de estupro.
Para Catherine e outras artistas, a onda de acusações surgida com o caso do produtor Harvey Weinstein teria gerado um clima de “denuncismo” e que isso ia de encontro às liberdades sexuais. “Efetivamente assinei a petição. Amo a liberdade. Mas não amo essa característica de nossa época em que todos se sentem no direito de julgar, de serem árbitros, de condenar”, disse Deneuve, citada pela AFP.
“Uma época em que simples denúncias de redes sociais geram punições, demissões e, com frequência, linchamentos midiáticos. Não desculpo nada. Não decido sobre a culpa desses homens, pois não estou qualificada para isso. E poucos estão”, disse. “Nada no texto afirma que o assédio tem algo de bom, do contrário não o teria assinado”, disse a atriz.
Ela se mostrou preocupada com o que chamou de “o perigo das limpezas nas artes”. “Vão queimar Sade? Classificar Da Vinci como pedófilo? Tirar os Gauguin dos museus? Este clima de censura me deixa sem voz e preocupada com o futuro da nossa sociedade”. Deneuve disse ainda que a solução virá a partir da educação de meninos e meninas.
Resposta das feministas
Dois dias depois da publicação do texto do Le Monde, um grupo de feministas francesas publicou uma carta-resposta em que critica Deneuve e colegas. Assinado por nomes como Caroline de Haas, a carta se manifesta dizendo que “aceitar insultos contra mulheres é permitir a violência”.
As feministas também reclamam que o grupo de Catherine utiliza a mídia de forma irresponsável ao banalizar a violência sexual. “Elas desprezam as milhões de mulheres que sofrem ou sofreram violência”.