VINGANÇA DO BURRO
Banda brasileira mais famosa no mundo, prova que construíram no hype o respeito que tem hoje
Por Talles Colatino
CANSEI DE SER SEXY
Donkey
[Subpop, 2008]
Encarar o Cansei de Ser Sexy como uma banda de fato não foi fácil. Pelo menos quando surgiram, em meados de 2003. As músicas, distribuídas pela internet, provavam o que seria um fim da linha para qualquer grupo iniciante: letras, apesar de engraçadinhas, pouco inspiradas e músicos bem, digamos, limitados. Mas já nesse momento o Cansei de Ser Sexy entrava num hall bastante restrito de artistas que, apesar de tocarem instrumentos, não fazia necessariamente música. Pois música é algo sério demais – pelo menos para os ouvidos de uma maioria crítica, mas não menos consumidora. O Cansei de Sexy fazia diversão e construíram no hype o respeito que tem hoje.
Se atualmente eles são a maior banda brasileira estourada lá fora não é por nada: foi lá que eles puderam exercer sua brincadeira através de meios de distribuição musical menos burocráticos. Quando assinaram com a Trama, em 2005, só precisaram de poucos meses para começar a dividir palcos europeus com bandas como Ladytron e Basemant Jaxx. E estourar os hits moderninhos do seu primeiro disco homônimo.
O primeiro trabalho oficial do CSS denunciava a versatilidade da banda, mas ainda muito preso às primeiras e toscas gravações iniciantes. O disco é um verdadeiro bombardeio, que só franco-atiradores conseguiriam lançar com maestria: cada faixa coloca a banda numa experimentação musical diferente, guiado apenas por um electropop inegavelmente criativo. Do R&B ao indie, de tudo se encontra e foi daí que saiu clássicos que fizeram CDs arranharem nas pistas como “Music Is My Hot Hot Sex”, “Alala” e “Let’s Make Love And Listen Death From Above”.
Disponível no MySpace da banda há algumas semanas e com lançamento oficial marcado para essa semana, o segundo disco do CSS, Donkey, é a precisa prova dos nove que reforçou todo o auê que fizeram em cima da banda. Mas isso é mérito deles, pois o trabalho não decepciona. A primeira impressão é que temos ao ouvi-lo é a nítida quebra daquela metralhadora que era o primeiro trabalho. Donkey é um disco de rock, de bom rock. O instrumental melhorou sensivelmente e tom bem menos pretensioso faz dele um dos melhores lançamentos do ano.
O primeiro single já prova isso. “Rat Is Dead (Rage)” soa agressiva, urgente e não menos dançante. Uma escolha perfeita para a apresentar o disco que conserva ainda pérolas melódicas e super divertidas como “Left Behind” (cujo clipe lançado recentemente rende uma visita sua no Youtube), “Let’s Reggae All Night” e “Believe Achieve”, ambas apoiadas em distorções de sintetizadores que em nada atrapalha a evolução “rocker” do disco. E falando em rocker, fãs de bons riffs encontram o seu em Donkey, basta ir em faixar como “How I Became a Paranoid”, “I Fly” “Give Up”. E se algo pode ligar as onze faixas do disco é o potencial de todas elas de crescerem mil vezes ao vivo. E fazer da nova turnê do grupo uma das melhores dessa temporada.
NOTA: 9,0