O passinho, essa dança tão tipicamente pernambucana, ligada ao brega-funk, é a nova estratégia de resistência dos moradores de Caranguejo Tabaiares, comunidade da região central do Recife.
Os jovens da comunidade lançaram o Brega-protesto “Sem destruição” mandando um recado para a prefeitura de que não sairão de seu lugar. O decreto de desapropriação da área saiu há três meses, assinado pelo prefeito Geraldo Júlio.
Desde então, os moradores criaram a campanha “Revoga o Decreto, Prefeito”, tirando fotos com os moradores e apoiadores e postando nas redes sociais.
Além disso, o Coletivo Caranguejo Tabaiares Resiste, formado por moradores e uma rede de apoio com organizações da sociedade civil, como Centro Popular de Direitos Humanos e Articulação Recife de Luta realiza semanalmente um Cinedebate, motivo criado para fazer a comunidade se manter unida.
Caranguejo Tabaiares fica em uma região entre os bairros de Afogados e Ilha do Retiro e faz parte de uma Zona Especial de Interesse Social (Zeis), de tradição pesqueira, onde moram cerca de cinco mil pessoas. A justificativa da desapropriação é uma requalificação da área conhecida como Canal do Prado (parte do programa Capibaribe Melhor), o que incluí serviços de drenagem, pavimentação, construção de calçadas, iluminação pública e paisagismo.
A área onde a comunidade está instalada é uma das que mais sofrem com a especulação imobiliária da cidade.
O Videoclipe Brega-protesto “Sem destruição” foi no último dia 10 deste mês, com direito a cinedebate, na comunidade, com plateia lotada. Os jovens, crianças e adultos cantavam o refrão cheio de significado em coro “Sem, sem, sem destruição, eu sou de Caranguejo e daqui não saio não”.
“Muito importante essa manifestação dos nossos jovens e Caranguejo Tabaiares. Isso aí é fruto da formação e da criatividade das comunidades. É isso que a gente quer fomentar a partir do Caranguejo Tabaiares Resiste. Fomentar a criatividade e a beleza que existe nas nossas comunidades. Com o Cinedebate, com o brega-protesto e com várias formas e ações nós vamos seguir lutando e mostrando a riqueza e a grandiosidade que existe nas nossas comunidades. Nós vamos continuar resistindo!”, comenta Sarah Marques, moradora e uma das principais mobilizadoras do coletivo.
Veja o clipe abaixo. Para saber mais sobre a comunidade e sua luta, aqui o FB.