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BaianaSystem retorna menos agitado e mais imerso em “O Mundo Dá Voltas”

Com um álbum inteiramente colaborativo, o grupo soteropolitano revisita suas raízes e amplia sua identidade sonora

BaianaSystem retorna menos agitado e mais imerso em “O Mundo Dá Voltas”
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BaianaSystem
O Mundo Dá Voltas
Máquina de Louco, 2025. Gênero: Rock, Afrorock.

O Mundo dá Voltas, quinto álbum do BaianaSystem, parecia ser algo distante para a banda nos últimos tempos. Após as interrupções impostas pela pandemia do Coronavírus e os problemas de saúde enfrentados pelo vocalista Russo Passapusso, o novo disco chega quase quatro anos depois do OXEAXEEXU (2021), que surgiu justamente a partir das questões enfrentadas pelos membros do grupo durante o isolamento pandêmico.

Após um período de desvios e dedicação a outros projetos, o grupo soteropolitano retorna com um disco que se diferencia dos anteriores, mas ainda preserva a essência que tornou o BaianaSystem reconhecido. Como os próprios integrantes já declararam, o álbum faz um aceno ao passado da banda, especialmente aos trabalhos Duas Cidades (2015) e O Futuro Não Demora (2019). Essa conexão não se dá apenas pelas parcerias que retornam — como Antônio Carlos & Jocafi e a Orquestra Afrosinfônica —, mas também pela sonoridade, que remete diretamente a esses discos.

De certa forma, foram esses dois álbuns — e os inúmeros hits que deles surgiram — que consolidaram o estilo inconfundível do BaianaSystem, tornando-o a assinatura do grupo: a fusão de gêneros e ritmos baianos com influências internacionais, especialmente latino-americanas e africanas. Em O Mundo dá Voltas, essa identidade sonora ressurge ainda mais intensa, elevada à enésima potência.

Se formos apontar divergências, o ponto fora da curva neste álbum é o seu distanciamento da agitação presente nas canções que arrastam multidões, que sempre deram tão certo para o grupo. Esse álbum desacelera e entrega uma setlist que rende os ouvidos, os captura com as melodias bem trabalhadas – experiência que tive em “Praia do Futuro” e “Palheiro”, que tem participação do paraense guitarrista Manoel Cordeiro. Óbvio que momentos dançantes existem, “Magnata”, “Balacobaco” e “Cobra Criada/ Bicho Salta” têm esse propósito, mas aqui elas não soaram como protagonistas. 

Quem também brilha neste disco são as parcerias. À primeira vista pode até assustar um disco 100% colaborativo, principalmente quando a ideia é que seja um álbum que reforce e celebre os artistas por trás dele, mas neste caso fez total sentido. A graça das parcerias aqui é que elas trazem suas referências para as faixas que participam, e o BaianaSystem tem no núcleo da sua arte a intenção de amalgamar estilos e feitios musicais diversos. No final das contas, tudo fica coerente, do Pop de Anitta, ao Rap de Emicida, a MPB de Gilberto Gil e a poesia recitada pela atriz Alice Carvalho, tudo isso consegue ser costurado junto. 

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(Foto: Bob Wolferson/ Divulgação)

O Mundo Dá Voltas é uma celebração à identidade do BaianaSystem. Ao investir em um disco inteiramente colaborativo e com uma sonoridade desacelerada, a banda nos mostra a capacidade de reinventar sua própria fórmula sem perder a essência. Se por um lado há um distanciamento da efervescência de seus trabalhos anteriores, por outro, há uma riqueza musical que valoriza as influências e os diálogos sonoros que sempre marcaram sua trajetória. No fim, o álbum se apresenta como um convite para escutar o BaianaSystem sob uma nova perspectiva, sem perder de vista o que os tornou tão reconhecíveis.

Ouça O Mundo Dá Voltas, de BaianaSystem

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