As quatro indicações ao Eisner Awards recebidas por Thomas Woodruff tem chamado atenção no Twitter desde que a lista dos indicados foi anunciada esta semana. O autor norte-americano concorre ao prêmio de melhor “graphic novel”, melhor desenhista/artista multimídia, melhor letreiramento e melhor design de publicação por Francis Rothbart! The Tale of Fastidious Feral, lançado pela Fantagraphics e inédito no Brasil.
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Ele é o segundo autor mais indicado ao Eisner este ano depois de Zoe Thorogood.
Tanto o autor quanto sua obra são controversos, em diferentes níveis. Assim que as indicações foram anunciadas, os estudantes de Thomas Woodruff no departamento de quadrinhos da School of Visual Arts vieram a público criticar o comportamento do desenhista, que foi citado como “excessivamente duro com os alunos”. Há também acusações de comentários sexistas, homofóbicos e racistas em suas aulas.
Um ex-estudante, no Twitter, lembrou que Woodruff fez uma pintura de Donald Trump usando suas próprias fezes e usou o scanner da universidade para escanear a obra. Em seguida, ele pediu para um dos alunos limpar o equipamento sujo de cocô.
Já em relação à obra, a principal crítica diz respeito à apropriação cultural e aos estereótipos raciais apresentados. A narrativa acompanha a história de um garoto órfão, de ascendência asiática, que se torna selvagem, em uma estética muito próximo de Mogli, o Menino Lobo (cuja história em si é igualmente problemática). Pra piorar, a HQ de Woodruff, citada como uma “ópera gráfica”, tem um componente ligado ao erótico-grotesco.
O corpo de jurados do Eisner este ano também está na berlinda. Dos seis membros do comitê do júri, há duas mulheres e quatro homens, todos brancos.
A School of Visual Arts (SVA) é uma das escolas de arte mais importantes dos EUA e formou vários quadrinistas, artistas visuais, cineastas e animadores. Entre seus ex-alunos e alunas estão nomes como Raina Telgemeier, Rebecca Sugar, David LaChapelle, Dash Shaw, Kyle Baker, entre outros. Woodruff foi nomeado chefe do departamento de quadrinhos e ilustração em 2000 e se aposentou em 2021. No ano passado, aos 66 anos, ele ganhou um perfil de destaque no New York Times destacando os feitos de sua carreira.
A editora Fantagraphics e a School of Visual Arts (SVA) ainda não se pronunciaram oficialmente sobre as acusações online contra Thomas Woodruff. [Com informações do Bleeding Cool e The Beat]