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Especial Melhores de 2025
O ano de 2025 foi agitadíssimo no mundo da ficção seriada nas plataformas de streaming. Séries e minisséries de origem e gêneros diversos – tanto estreantes quanto as novas temporadas – deixaram os espectadores atordoados para dar conta de tantas produções de bom nível narrativo e estético.
Uma coisa que chamou a atenção entre nossos indicados é a forte presença de séries de ficção científica, revelando como o gênero tem se renovado com obras sofisticadas como a distópica Ruptura em sua segunda temporada, a maluquete Pluribus ou a minissérie alemã Cassandra. Mesmo as de estrutura mais clássica com muita ação e envolvendo alienígenas, a exemplo de Alien: Terra e O Eternauta, apresentam elementos inovadores e tramas de tirar o fôlego.
Outro destaque são as produções seriadas brasileiras que nada ficam a dever às estrangeiras. Os Donos do Jogo, Máquinas de Oxigênio Não Caem Automaticamente, Guerreiros do Sol e Pssica, demonstram a maturidade da nossa dramaturgia para o audiovisual com tramas empolgantes e mise-en-scène impecáveis.
Um aspecto interessante a ser observado é como muitas séries, hoje, estão de alguma forma pautando o debate público, seja quando abordam temas sociais contemporâneos ou quando espetacularizam contextos cuja conveniência é no mínimo discutível. Por conta disso, algumas produções fatalmente não podem deixar de ser vistas. No primeiro caso tivemos a minissérie britânica Adolescência que provocou discussões acaloradas sobre violência juvenil e a influência das redes sociais. No segundo, podemos apontar a brasileira Tremembé que mesmo recebendo muitas críticas pelo seu conteúdo, teve uma audiência explosiva.
Agora, resta conferir as nossas escolhas.
20
Cassandra (Netflix)
Cassandra é um desses produtos do streaming que te pegam de surpresa, em um momento de distração, e quando você menos espera já está rendido. Com uma história sobre uma robô governanta que se rebela contra os donos, a série é pensada para te viciar nos mínimos detalhes. A narrativa mistura melodrama e comédia em uma sci-fi especulativa que busca referência em 2001: Um Odisseia no Espaço e sitcom de famílias ao estilo Jetsons. – Paulo Floro.
19
Os Donos do Jogo (Netflix)
A minissérie se debruça sobre o mundo do jogo clandestino no Rio de Janeiro, uma das faces da contravenção brasileira, cujos comandantes já foram mais incensados pela mídia, mas hoje perderam o destaque para os narcotraficantes. No entanto, ao ganhar uma versão repaginada para o século 21, ela surpreende. O bom resultado se dá graças ao tratamento contemporâneo dado aos personagens, ao visual arrojado, a edição ágil, o ritmo acelerado e uma trama envolvente que prende a atenção do início ao fim. – Alexandre Figueirôa.
18
O Monstro em Mim (Netflix)
Claire Danes e Mathew Rhys dão show como antagonistas nesta série que explora a perigosa aproximação de biografado e biógrafa, com um adicional de mistério e terror psicológico. Danes segue entregando tudo o que gostamos em seu jeito de atuar: muitas expressões faciais, interpretações intensas e nuances nos momentos de maior introspecção. Ainda que exista uma pressa para lidar com temáticas que poderiam ser melhor exploradas, como o luto conjugal, ainda assim é uma minissérie que impressiona. – Paulo Floro.
17
Drag Race Brasil 2ª Temporada (Wow Presents+)
Assim como na temporada de estreia, em 2023, a competição despertou forte engajamento nas redes sociais, com fãs acompanhando atentamente cada etapa do programa. Mas esta nova edição superou as expectativas e fez do reality um fenômeno, com “watch parties” em todo o país. A apresentadora Grag Queen tem enfatizado seu orgulho e gratidão pela adaptação nacional do formato, destacando o alto nível das competidoras e o fortalecimento da franquia no país. A coroação de Ruby Nox na segunda temporada reafirma a consolidação da arte drag brasileira, ampliando sua visibilidade, reconhecimento público e valorização institucional por meio de prêmios e maior projeção midiática. – Túlio Albuquerque.
16
Guerreiros do Sol (Globoplay)
Quando parecia que tudo o que poderia ser falado sobre o cangaço já tinha sido feito em termos de narrativas audiovisuais, a novela do streaming escrita por George Moura e Sergio Goldenberg, prova que sempre é possível recontar boas histórias a partir de novas perspectivas. Com excelentes atuações e um texto que varia entre o teatral cheio de lirismo e o realista, Guerreiros do Sol é viciante com seus personagens cheios de nuances e muito vigor. Destaque também para o olhar feminino sempre ignorado em produções sobre o tema. E tem tudo o que esperamos de uma boa novela, com tramas paralelas envolventes, reviravoltas e imersão em seu universo. A direção de arte e as cenas de combate entre cangaceiros e polícia são um primor técnico pouco visto na TV brasileira recente. – Paulo Floro.
15
Tremembé (Netflix)
A série estreou cercada de controvérsias, sobretudo as levantadas pela crítica pela espetacularização da vida de criminosos célebres. O público, porém gostou e quer mais e a segunda temporada está a caminho. Embora pareça uma versão carcerária do reality A Fazenda, da Record, ela funciona, pois não deixa de ser impressionante termos num mesmo lugar tanta gente malvada vivendo juntas. A curiosidade como é a intimidade desses criminosos por trás das grades é um atrativo que foi muito bem aproveitado, sobretudo pela forma eficiente como o elenco deu vida aos personagens. – Alexandre Figueirôa.
14
Hacks – 4ª Temporada (HBO Max)
Impressionante como Hacks não perde o fio mesmo após quatro temporadas. O texto segue sendo um dos mais impressionantes entre as comédias atualmente no ar e sua trama segue inventiva. A química entre uma comediante veterana lidando com a velhice e as transformações do mundo (Jean Smart) e uma jovem roteirista talentosa, porém insegura e imatura (Hannah Einbinder), continua muito boa. A nova temporada traz como mote o tema da lealdade, mas aborda tópicos sensíveis como morte e reinvenção, além de trazer muitos momentos de drama (o que é bem a cara das comédias da HBO). – Paulo Floro.
13
Long Story Short (Netflix)
Nova série do criador de BoJack Horseman, Raphael Bob-Waksberg, Long Story Short chama atenção pelo domínio de seu roteiro difícil, que vai e volta no tempo para falar das aflições, medos e alegrias de uma família. Seus personagens são tão bem delineados e com tantas camadas que conseguimos uma aproximação já nos primeiros episódios. O modo como lida com temáticas difíceis, sem parecer pesado, também é um ponto forte. – Paulo Floro.
12
The Last of Us (2º temporada)
A segunda temporada de The Last of Us nem de longe tem o brilhantismo narrativo de sua estreia, mas difícil ignorar o modo como a série consegue lidar com a grandiosidade de sua narrativa (as cenas desafiadoras filmadas na neve, os efeitos especiais etc) com a delicadeza dos momentos mais intimistas que tratam das questões complicadas entre pai (Pedro Pascal) e filha (Bella Ramsay). – Paulo Floro.
11
Alien: Terra (Disney)
Para além das teorias viciantes sobre o universo Alien que instigam os fãs da série, Alien: Terra tem um componente metafísico em seu enredo que investiga questões profundas sobre o que significa ser humano. E qual o conceito de “humanidade” e como isso é relevante em um mundo onde o capital comanda todas as esferas da vida da pessoa. O modo como a produção conseguiu reinjetar ânimo na franquia com novos conceitos alinhados às referências do filme original de 1977, é impressionante. – Paulo Floro.
10
Pablo e Luisão (Globoplay)
Uma das mais gratas surpresas do audiovisual brasileiro em 2025, a série Pablo e Luisão usa humor e melodrama para falar de personagens periféricos com inteligência e sensibilidade. Sem perder a graça e o charme, a produção do Globoplay traz personagens carismáticos e usa bem a nostalgia noventista sem cair em caricatura ou clichês. Pode se tornar uma referência de como fazer comédias brasileiras originais daqui em diante. – Paulo Floro.
09
Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente (HBO Max)
Quando a série foi anunciada, houve quem dissesse que o tema da Aids seria algo ultrapassado. Ledo engano. Pelas estatísticas atuais, a contaminação pelo HIV ainda é um problema de saúde pública e o resgate da história das pessoas que contrabandeavam medicamentos dos Estados Unidos para o Brasil é uma justa homenagem a esses heróis anônimos que salvaram muitas vidas na década de 1980. Um elenco afinado e dedicado, um roteiro bem costurado que reconstrói os principais dilemas que a Aids trouxe, principalmente para a comunidade LGBTQIAPN+, faz dela, uma produção incontornável em 2025. – Alexandre Figueirôa.
08
Reencarne (Globoplay)
Reencarne passou quase despercebida em meio à profusão de novas séries, mas é uma grata surpresa a todo mundo que deu play. Trata-se de um terror rural que busca referências bem brasileiras para criar uma trama de mistério com altas doses de violência. A série conta com um elenco primoroso liderado por Taís Araújo e uma direção de arte que dá uma sensação de forte imersão no espectador. É mais uma representante da prolífica e criativa fase do audiovisual nacional. – Paulo Floro.
07
Task (HBO Max)
A HBO segue cumprindo sua tradição de lançar ao menos uma boa série de mistério por ano. Task é mais uma para sua prateleira estrelada, que já tem títulos como Mare of Eastown, sem falar da franquia True Detective. Mais do que uma boa produção de crime, esta produção estrelada por Mark Ruffalo te conquista pelo drama humano. São episódios longos, mas que mantém uma voltagem alta o tempo todo para falar de violência e encruzilhadas vividas por pessoas em uma área empobrecida da Filadélfia – Paulo Floro.
06
Ruptura – Segunda Temporada (Apple TV+)
Ruptura nasceu como uma série inventiva e divertida que trazia uma crítica ao mundo do trabalho, na sua aridez das relações humanas e na destruição da individualidade e da criatividade. Mas aos poucos, a produção caminhou para explorar outros aspectos da ficção científica mais tradicional, o que deu muito certo. A segunda temporada teve um ritmo mais acelerado, tons mais violentos, mas manteve o charme da série, que ganha o espectador pelo tom de absurdo que permeia toda a trama. – Paulo Floro.
05
Pluribus (AppleTV+)
Pluribus tinha tudo para ser mais uma boa série de ficção científica entre as dezenas disponíveis no catálogo da AppleTV+. Mas, o seu enredo e o modo como a trama de Vince Guilligan foi conduzida, fez a produção bater recorde de audiência, tornando-se a mais assistida de todos os tempos na plataforma. Há um tom sarcástico, até cômico, no modo como a série é construída, mas há também passagens mais densas, contemplativas. O que aconteceria se a felicidade no mundo fosse obrigatória? São esses tons especulativos, quase filosóficos, que tornam a série tão envolvente. O seu roteiro meticuloso é pensado para fazer um sci-fi bem absurdo, mas pouco histriônico, te conquistando sobretudo pelo desenrolar da trama. – Paulo Floro.
04
Black Rabbit (Netflix)
Por estar situada num pequeno restaurante frequentado pelos descolados novaiorquinos, a trama de Black Rabbit, de cara, nos remete a série O Urso. Mas, logo, vemos que dessa vez o babado é bem mais pesado. Ao misturar restauração com o mundo do crime, a minissérie nos joga numa história de tirar o fôlego, capitaneada pela relação entre dois irmãos, um deles um trapaceiro contumaz. Com uma narrativa que mescla ação e drama de forma hábil e envolvente, é uma daquelas produções que entregam o que prometem. Entretenimento de primeira. – Alexandre Figueirôa.
03
O Eternauta (Netflix)
A famosa HQ de ficção científica argentina do quadrinista Hector Oesterheld, publicada pela primeira vez em 1957, ganhou uma adaptação à altura de sua qualidade narrativa, apesar dos ajustes temporais e novos personagens introduzidos na trama pelos realizadores da série. Além do pioneirismo e originalidade na criação de um mundo distópico que estavam presentes na HQ, o clima de mistério e a crítica ao autoritarismo e às desigualdades sociais nelas contidas foram incrementadas tornando a versão audiovisual ainda mais instigante. É série para se maratonar sem pensar e aguardar a segunda temporada que já foi anunciada. – Alexandre Figueirôa.
02
Adolescência (Netflix)
O drama do adolescente de 13 anos acusado de cometer um crime de assassinato contra um colega da escola ganhou destaque por onde passou. Suscitou debates, reflexões sobre o papel das redes sociais na vida dos jovens da atualidade e comoveu quem a assistiu. Com uma dramaturgia potente, personagens bem construídos e uma estética realista otimizada pelo uso do plano-sequência, a minissérie ganhou a merecida dimensão e nos leva a assegurar, sem medo, o seu lugar nas grandes produções audiovisuais lançadas esse ano. – Alexandre Figueirôa.
01
Pssica (Netflix)
Pssica é uma explosão. A minissérie adaptada por Bráulio Mantovani a partir do livro homônimo do paraense Edyr Augusto traz um Brasil pouco conhecido da maioria da população. Com quatro episódios, a produção da Netflix dirigida por Fernando e Quico Meirelles apresenta uma trama de corrupção, tráfico humano e violência no Norte do país. A série tem cor e ritmos únicos, que a distinguem da maior parte das produções brasileiros no streaming hoje. O roteiro consegue lidar bem com o tom dramático pesado que a temática exige, mas de maneira sensível, ainda que sem rodeios. Imperdível. – Paulo Floro.
