Neste trabalho do francês Mehryl Levisse é abordada a velha questão do corpo. Um corpo em constante mutação, oposto à representação pronta e acabada da escultura clássica. Por isso, o corpo aqui é neutro, sem gênero, porém por diversas vezes sexual mesmo sem ser. É como se o corpo na série Espaces Privés pendesse sobre uma corda banda se balançando sobre possibilidades, mas sem nunca as consolidar.
O corpo aqui não é um fim em si mesmo, pois ele está sempre recomeçando, se refazendo. A indumentária utilizada por Levisse o mistura ao cenário, o transforma em parte do espaço. O espaço é privado e limitado, não há uma noção de tempo percorrendo as imagens, não existem portas nem janelas, não se observa a passagem do tempo ou se tem uma noção de dentro e fora, é como se tudo ao redor fosse perpetuamente dentro.
Além disso, o tom de humor é muito presente. As cores vivas não deixam o tema da introspecção do sujeito se tornar obscuro. Apesar de muito presente nas fotografias, Levisse não está em todas, o que abre possibilidades mais dinâmicas ao projeto. Em entrevista, o autor resume bem seu trabalho quando diz que “o corpo está lá, ele fala de sexualidade, mas não mostra o seu sexo, ele fala da dor, mas não sangra. O corpo no meu trabalho se apresenta, não há necessidade de mostrar as coisas para vê-las. É acima de tudo uma possibilidade e uma impossibilidade”. Tem mais no site do artista.
Veja imagens da série abaixo.