Antiprisma retorna com “Coisas de Verdade”, álbum “feito à mão”

Em tempos de Inteligência Artificial, duo paulistano faz disco mais humano

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(Foto: Antonio Moreira/ Divulgação)

Em um primeiro momento, “Coisas de Verdade” pode ser encarado como um álbum que celebra o retorno do Antiprisma ao caminho dos lançamentos, mas acima de tudo, é uma síntese madura e muito bem construída de tudo o que esse projeto liderado por Elisa Moos e Victor José vem fazendo desde 2014, quando lançaram o EP de estreia.

Apontados inicialmente como um duo que transitava entre o folk e o rock carregando nuances da MPB, o Antiprisma sempre fez questão de experimentar os limites do formato da canção. Deu seus primeiros passos nesse terreno de sons acústicos, abraçou definitivamente o universo da viola caipira em seu primeiro álbum Planos “Para Esta Encarnação (2016), flertou com a psicodelia e instrumentos elétricos no segundo disco,Hemisférios (2019), e agora chega com um álbum orgânico e com os pés fincados no chão.

Em tempos de ascensão da inteligência artificial, Coisas de Verdade foi pensado para ser o mais humano possível e enaltecer esse aspecto em cada detalhe, subvertendo de leve o atual contexto.

Segundo Elisa, que divide com Victor a produção e direção artística, “as músicas são exatamente como deveriam ser, não há concessões estéticas de qualquer tipo e mesmo assim elas soam abertas, de certa forma convidativas para qualquer pessoa que curta canções, o que é algo difícil de se conseguir, e isso nos alegra muito enquanto artistas independentes”.

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(Foto: John DiLallo/ Divulgação)

Isso pode ser percebido nas temáticas, nas estruturas das faixas e na roupagem de todo o álbum. Desde a fase inicial de composição até a gravação final, a busca pela autenticidade e por uma conexão verdadeiramente emocional foi um norte constante, moldando cada acorde, cada nota e cada arranjo.

Para isso, contaram com a sólida cozinha de Ana Zumpano e Beeau Gomez – bateria e contrabaixo, respectivamente – para gravar ao vivo boa parte do novo trabalho e mergulhar a fundo nesse processo. Em momentos como “Que Seja” e “Um Rosto Desconhecido na Esquina”, todos estão em uma mesma sala, celebrando o momento de criarem algo juntos e em total sintonia.

Parte dessa busca por algo “feito à mão” também está na escolha do que tocar. Em Coisas De Verdade não há emuladores, sintetizadores e nenhum instrumento que não tenha sido tocado por uma pessoa de fato. A própria faixa-título, por exemplo, traz uma base rítmica feita com sons de objetos domésticos, enfatizando essa busca pelo orgânico em todos os detalhes.

Como sempre em seus trabalhos, Antiprisma cuidou tão bem da poesia quanto do som. Ao contrário dos outros lançamentos, em Coisas De Verdade ficam um pouco de fora as letras de temas subjetivos repletas de paisagens e imagens contemplativas. Com isso, entram em cena assuntos muito mais pessoais, quase como pequenas crônicas sob o ponto de vista de uma experiência mais urbana, como em “Saturnino”, “São Duas Horas e Está Tudo Bem” e “Euforia”, o que enfatiza essa busca por um trabalho mais tangível.

Além disso, a viola caipira permanece como um elemento essencial em diversas composições, reforçando o DNA inventivo do Antiprisma, ao mesmo tempo em que mantém a conexão com suas influências, que vão do rock sessentista e o Clube da Esquina ao indie da década de 1990 e o folk brasileiro mais raiz.

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(Foto: Antonio Moreira/ Divulgação)

Ao longo de 2024, parte do novo trabalho foi antecipado ao público com o lançamento dos singles “São Duas Horas e Está Tudo Bem”“Vampiros” e “Tente Não Esquecer”, sendo esta última com a participação especial de Bemti nos vocais, na viola caipira e no videoclipe.

Além de Bemti, o álbum também conta com participações de Fábio Tagliaferri (Grupo Rumo, Black Tie), Mário Manga (Premeditando o Breque, Black Tie), Zé Antonio Algodoal (Pin Ups), Zé Mazzei (Forgotten Boys) e Fábio Cardelli.

Este novo lançamento não só consolida essa trajetória cheia de nuances, mas também evidencia um amadurecimento musical e emocional. Coisas de Verdade é mais do que um conjunto de canções, é um testemunho da maturidade artística e do compromisso contínuo do Antiprisma em desbravar novos desafios musicais, sempre com honestidade e uma sonoridade que ecoa o que de fato interessa: a emoção e a troca por trás de cada música.

Coisas de Verdade já está disponível em todas as plataformas digitais e é uma parceria com a Orangeira Music. O trabalho também será disponibilizado em vinil no primeiro trimestre de 2025, em uma parceria com o selo Midsummer Madness.

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Capa completa (Imagem: Elisa Moos e Victor José/ Divulgação)