O surgimento do YouTube proporcionou a diversos artistas independentes a divulgação de forma rápida e econômica de seus trabalhos e, assim, a fomentação de um público. Atualmente, são os serviços de streaming de música que exercem esse papel, porém a plataforma de vídeos não deixou de ser uma ferramenta de grande importância para os artistas que estão começando a dar seus primeiros passos no cenário musical. Antimatter Room, que lançou seu álbum de estreia no final do semestre passado, é um dos exemplos disso.
Em entrevista à Revista O Grito, Matheus Vieira, nome por detrás do pseudônimo Antimatter Room, de 21 anos e morador de uma comunidade na zona oeste do Rio de Janeiro, contou que, em 2015, conheceu um canal no YouTube explicando o passo a passo de como aprender a tocar teclado e também o básico de teoria musical. Motivado pelo canal, Matheus começou em um tecladinho de papel, desenhado por ele mesmo, a praticar até conseguir o conhecimento necessário para tocar teclado.
Após ter conseguido um teclado comprado pelo o pai, o jovem deixou-se imergir no mundo da música e deu início ao processo composição das letras de suas canções. “Eu me apaixonei mais ainda por música, comecei a compor e mostrar pra a minha amiga Laura Weichman, e começamos a sonhar em fazer um álbum.”, destacou. Além disso, Animatter preocupou-se em aprender sobre produção musical, logo todo o procedimento de mixagem e gravação do disco ficou sob sua responsabilidade, mas sempre contando com a ajuda dos tutoriais encontrados no YouTube, como ele mesmo confessou.
Em relação ao seu pseudônimo, Matheus relatou que a escolha surgiu em consenso com uma amiga. “A ideia de Antimatter surgiu junto da minha amiga Laura Weichman, que passou por todas as decepções junto comigo e que desencadearam esse álbum. A nossa linha de ideias é muito semelhante. A gente estava procurando algo “fora do espaço” como na primeira musica “Outer Space” e quando lemos sobre antimatéria, significou muito sobre como nos sentíamos.”, explicou ele. Sobre o “room”, ele afirmou que seu quarto era o refugio que encontrou para escapar de tais decepções, mas lá também foi o local onde ocorreu parte do processo de produção do Rewind, nome do seu primeiro registro de inéditas.
Composto por 11 canções, o álbum passeia por gêneros como dream pop, synthpop e dark wave, soando levemente com trabalhos como Dead Blue (2016), o mais recente disco lançado pelo duo Still Corners. Porém, diferente de Dead Blue, o novo Rewind inclina-se para um lado mais introspectivo, de versos frutos de experiências e sentimentos que o próprio Antimatter havia conservado para si mesmo há bastante tempo. Ainda que fale sobre seus sentimentos nas músicas, o cantor mostra-se tímido ao revelar que se sente mais confortável compondo em inglês, pois foi a forma que encontrou para não se expor demasiadamente.
Em relação às inspirações e influências, Antimatter cita a norte-americana Miley Cyrus como uma das artistas que o levaram a produzir seu álbum. “Quando a Miley Cyrus lançou o Her Dead Petz foi muito inspirador pra mim. Ver uma artista pop mainstream fazendo a música que ela quer fazer, por amor, foi muito corajoso. Era isso que eu queria fazer.”. Para dar base à sonoridade e os elementos que compõem o primeiro álbum, artistas como Banks, Lorde, James Blanke, The xx e entre outros foram algumas dos nomes que Antimatter encontrou. Nos trabalhos desses cantores, ele buscou a inspiração que precisava para compor as texturas densas, os vocais adornados de filtros que dão uma sensação ecoante a sua voz e letargia presente em todo o Rewind.
Como um diário de confissões que se tornam públicas, Rewind é o primeiro experimento de um jovem que construiu seu disco de maneira completamente independente, contando apenas com ajuda de amigos, familiares e de canais sobre música no YouTube. É nesse diário em forma de álbum que ele revela as frustrações, as fragilidades e os sentimentos dolorosos que teve de suportar mesmo tão jovem. “Um álbum sobre decepções, mas também sobre amadurecimento, de desde o começo da primeira faixa até a última. Uma transição em que eu me torno outra pessoa, um outro alguém que não tem mais medo de olhar para atrás, de recomeçar e de Rebobinar.” afirmou ele sobre como definiria o conceito por detrás do seu primeiro registro.
Rewind está disponível no YouTube e nas plataformas de streaming Spotify e Deezer.
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