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"Mergulhão", de Juliana Soares e Rogi Silva. (Foto: Divulgação.)

Animage 2024: Mostra Pernambuco apresenta novos olhares na animação local

O festival reúne obras de diretores pernambucanos e promove debates sobre cinema na região

A Mostra Pernambuco, parte da programação do Festival Internacional de Animação de Pernambuco – Animage 2024, destaca produções locais em curtas-metragens de animação, com uma seleção que reflete a diversidade cultural e social do estado. O festival, que vai até este domingo (8 de outubro), no Recife, promove uma série de exibições gratuitas, criando um espaço de visibilidade para filmes fora do circuito comercial. Entre as obras da Mostra Pernambuco estão Hoje Eu Só Volto Amanhã, de Diego Lacerda, Alguma Coisa com Plutônio, de Raoni Assis, A Menina e o Pote, de Valentina Homem e Tati Bond e Mergulhão, de Juliana Soares e Rogi Silva.

O curta-metragem Hoje Eu Só Volto Amanhã, de Diego Lacerda, explora a vivacidade do carnaval de Olinda por meio de uma animação colaborativa com 10 animadores pernambucanos. Cada segmento é apresentado com um estilo visual único, refletindo diferentes visões sobre essa tradição local. “Os festivais e mostras são um espaço de exploração e descobertas de novos olhares e vozes. É gratificante ver o interesse que nosso curta gera no público e as discussões que surgem a partir dele”, afirmou Lacerda à Revista O Grito!.

Lacerda também ressaltou a importância do formato de festivais como o Animage: “Os filmes que temos a oportunidade de assistir em festivais não encontraríamos nos cinemas comerciais. Essa troca tem um valor enorme para os artistas e para a população, especialmente em eventos gratuitos, que facilitam o acesso à arte”.

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Hoje Eu Só Volto Amanhã. (Foto: Divulgação.)

A Menina e o Pote, dirigido por Valentina Homem e co-dirigido por Tati Bond, é um dos curtas de maior reconhecimento em 2024, tendo sido selecionado para festivais internacionais como Cannes e Annecy. O filme, narrado em nheengatu, é uma reflexão sobre a relação entre as culturas indígenas e o meio ambiente. “O filme trata de uma inquietação pessoal sobre o impacto da destruição da natureza e o que isso representa para o futuro. A partir dessa inquietação surge uma necessidade de aproximação com a natureza, de olhar para ela de uma maneira diferente e de tentar desfazer essa oposição”, refletiu Valentina.

“Para mim, já é maravilhoso que as pessoas se conectem com essa mensagem e essa perspectiva”, diz a diretora. “Acredito que estamos em um momento, infelizmente, em que o filme acaba se tornando muito atual, nesse contexto das queimadas e da destruição dos biomas. É uma situação muito dramática e grave, que nos coloca diante de um desafio gigantesco”.

O diretor Raoni Assis trouxe para o festival o curta Alguma Coisa com Plutônio, uma animação que mistura ficção e realidade. “O filme é um roteiro que escrevi a partir de um poeminha que fiz quando tinha uns 15 anos. É uma ideia de fim de mundos. Quando começamos a executar, tivemos alguns sustos, pois as notícias do mundo às vezes pareciam piores que as cenas do filme”, comentou o diretor.

Ele também comentou sobre a experiência de participar do festival: “O Animage é uma sumidade! O cinema conquistou um espaço incrível em Recife nas últimas décadas, e muitos festivais cresceram. A animação também ganhou alguns espaços, mas ainda acredito que a animação é uma categoria distinta dentro do cinema. É o cinema artesanal. É uma honra sempre poder participar disso”.

Mergulhão, dirigido por Juliana Soares e Rogi Silva, é baseado em uma história em quadrinhos criada por Rogi, que reflete experiências vividas por ele e por sua família nas periferias da Região Metropolitana de Recife. “A personagem passa por situações que minhas avós viveram, que eu vivi e que muitos, infelizmente, ainda são submetidos até hoje. Posso afirmar que toda a experiência e as contradições de ser pernambucano foram fundamentais para inspirar a criação do quadrinho e do filme”, compartilhou Rogi.

O diretor destacou também o papel do festival em promover debates e trocas entre os cineastas e o público: “Acho que essa é uma grande oportunidade para profissionais, aspirantes e o público que gosta de cinema (para além das imposições das salas de shoppings) se encontrarem, se divertirem e, quem sabe, começarem a construir algo coletivamente”.

O festival Animage segue até o dia 8 de outubro, com uma programação gratuita que inclui debates, oficinas e exibições de filmes nacionais e internacionais.