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Rapper chilena Ana Tijoux celebra o poder da resistência em Vida

Em seu primeiro disco desde 2014, a artista retorna com um disco maduro e cheio de vigor para vencer as políticas da morte

Rapper chilena Ana Tijoux celebra o poder da resistência em Vida
4.5

Ana Tijoux
VIDA
Victoria Producciones, 2024. Gênero: Rap


Após uma década de hiato desde que foi indicada ao Grammy com Vengo, a rapper chilena Ana Tijoux retorna com um disco maduro, sofisticado e cheio de vigor para falar do poder que é estar vivo em um mundo repleto de políticas de morte – guerras, exploração pelo trabalho, remoções forçadas, poluição e degradação climática, machismo, etc.

Vida é um disco que chega após um período de muita reflexão e mudanças para Tijoux, que enfrentou diversas turbulências em sua vida nos últimos anos, como a perda de pessoas próximas. Este é, portanto, um disco de celebração da vida, que é a maior resistência possível e que é a base do desejo de uma vida digna e plena. “Não há nada mais político do que defender a vida e defender a humanidade”, disse a rapper em entrevista ao New York Times sobre o novo trabalho.

Gravado em Barcelona, cidade para onde se mudou durante a pandemia, Vida traz mais diversidade ao rap de Tijoux, que agora incorpora elementos mais eletrônicos, afrobeat, trip hop, tap, funk, além de incorporar influências de gêneros como dancehall reggae, dub, rock, cumbia e ritmos tradicionais latinos.

Tijoux rima sobre questões complexas em um mundo que parece se aproximar de seu fim, mas decidiu comentá-lo através de um filtro de otimismo, vitalidade. É o mote de “Ninx”, primeiro single do disco, lançado ainda no ano passado. “Esta música é um manifesto à criança que todos temos dentro de nós”, disse Ana Tijoux em comunicado à imprensa. Com Talib Kweli, a rapper apresenta “Tu Sae”, uma faixa grooveada de base hipnótica para falar do poder coletivo das diferentes culturas. “Bailando Sola Aqui”, com sua bateria dançante e ritmada, traz versos sobre o poder que recuperamos quando nos sentimos bem.

O disco revela ainda facetas que não conhecíamos de Ana, como seu talento como crooner, em baladas serenas, cantadas em interpretações muito sensíveis, como a linda “Fin del mundo” e “Busco mi nombre”. Já “Tania”, outra balada, foi escrita em homenagem à sua irmã, que morreu de câncer em 2019.

Ana Tijoux.
Disco traz influências de cumbia, rock e trip hop. (Foto: Javiera Gajardo/Divulgação).

Mas há também a rapper que nos acostumamos a amar dos discos anteriores, com rimas rasgadas em flows pesados e diretos, como “Dime Que” e “Oyeme”. Vida é um disco que revela novos contornos de uma das rappers mais talentosas da América Latina e que retorna mais madura, porém com o vigor renovado para seguir com seu projeto artístico de fazer do seu rap uma plataforma política contra a exploração. Superando adversidades, Ana Tijoux agora faz também um ativismo igualmente existencial e pragmática ao protestar contra a morte e todos que a empreendem.

Ouça Ana Tijoux – Vida

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