A Filosofia de Andy Warhol – De A a B e de volta ao A

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GUIA DE AUTO-AJUDA PARA CORAÇÕES DESESPERADOS
Andy Warhol resume amor, sexo, dinheiro, fama, trabalho, infância na Pensilvânia e revelações diárias na Nova Iorque dos anos 60 e 70
Por Fernando de Albuquerque

A FILOSOFIA DE ANDY WARHOL – DE A A B E DE VOLTA AO A
Andy Warhol
[Cobogó, 272 págs, R$ 43]

A versão original de A Filosofia de Andy Warhol foi lançada pela primeira vez em 1975 e revirou, como nenhum outro tipo de publicação, os meandros da vida o artista plástico mais icônico dos últimos cinquenta anos. Nas quase trezentas páginas do livro, Warhol teve toda sua vida devassada e revelado os principais medo e calafrios escondidos na pele de um homem cuja personalidade era tida como forte e inabalável. Apesar de ser assinado pelo próprio Warhol, o livro fora escrito por sua secretária, Pat Hackett, uma amiga, Brigid Berlin, e um ex-editor da Interview, Bob Colacello. Este útimo escreveria “barbaridades” sobre Warol no livro Holy Terror lançado no final dos anos noventa.

Já nas primeiras páginas, o leitor flagra uma conversa telefônica nem um pouco convencional entre o artista plástico e uma enigmática pessoa chamada de “B”. No decorrer do bate-papo ele pede conselhos e confidência toda a verve de seu sarcasmo: “minha grande ambição é comandar um show de televisão”. A insanidade continua quando seu interlocutor defende a ideia dele ser presidente dos EUA e receber convidados sempre com uma peruca diferente. Tal como uma Michele Obama com muito mais senso de humor.

A conversa que pode ser encarada como tola e superficial exala em todas as suas frases a principal visão que Warhol tinha sobre a vida e a própria arte: o comércio. E sua “visão empreendedora” (?) está plenamente refletida em todas as linhas e mostra como ele procurou estudar os mínimos detalhes da indústria do espetáculo. Inventando um personagem para si e permitindo que este engolisse sua própria personalidade original.

E assim Warhol se transformou muito mais numa marca, numa grife, que violentava a cada instante o próprio pensamento originário da produção artística do que alguém interessado em produção intelectual. Não foi a toa, por exemplo, que ele trocou seu psicanalista por uma televisão.

13004064E como artista empresarial, como ele mesmo almejou ser definido, Warhol singrou todos os EUA e Europa para se certificar que seus aforismos seriam um pleno sucesso editorial. E foi. O livro se tornou um best seller e rendeu um mar de fofocas sempre que Warhol era questionado sobre a real autoria da publicação.

E se ele defendia o imperativo dos 15 minutos de fama, fez de tudo para que Bob Colacello e sua amiga Brigid Berlin não levassem os louros sobre sua vida. E foi à França, à Itália e Inglaterra imprimir sua mão à crítica especializada. E assim ilustrar como a humanidade saiu da era da contemplação para entrar na da informação.

Cinema
Factory Girl, que chegou ao mercado brasileiro com um título que mais lembra uma comédia romântica de quinta, Uma Garota Irresistível, sintetizou a vida de Warhol exibindo o processo criativo e de imersão que era impresso dentro do estúdio de Warhol.

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TRECHOS DA OBRA

“Sou uma pessoa profundamente superficial.”

“No futuro, todos serão famosos por 15 minutos.”

“Cansei de dizer que todos, no futuro, serão famosos por 15 minutos. Agora, meu novo aforismo é: em 15 minutos, todos serão famosos.”

“Comprar é muito mais americano que pensar e eu sou absolutamente americano. Na Europa e no Oriente, as pessoas gostam de comerciar – comprar e vender, vender e comprar; são basicamente mercadoras. Americanos não estão interessados em vender – na verdade, eles preferem jogar fora a vender. O que eles realmente pensam é em comprar – pessoas, dinheiro, países.”

“Beleza não tem nada a ver com sexo. Beleza tem a ver com beleza, e sexo tem a ver com sexo.”

“Arte Empresarial é uma coisa melhor de se fazer do que Arte Arte, porque Arte Arte não sustenta o espaço que ocupa, enquanto a Arte Empresarial sim. (Se a arte empresarial não sustentar o próprio espaço, ela vai à falência).”

“Sempre gosto de trabalhar com restos, fazer as coisas de restos. É um procedimento econômico e engraçado.”

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