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Doja Cat aposta no rap em Scarlet, mas resultado soa irregular

Artista conseguiu amarrar bem o conceito freak de violência e terror, mas resultado soou tímido

Doja Cat aposta no rap em Scarlet, mas resultado soa irregular
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Doja Cat
Scarlet
Kemosabe Records/RCA. Gênero: Rap, Pop

Depois de fazer enorme sucesso como uma artista que sempre transitou com desenvoltura entre o R&B, pop e rap, Doja Cat foi preparando terreno para uma virada na carreira, em uma tentativa de explorar terrenos mais desafiadores. É um movimento muito comum e já esperado de artistas de sua estatura.

Doja fez um projeto coeso, bem amarrado e que olha para o seu projeto artístico de maneira global, como se cada passo de sua persona pública fosse parte dessa performance. Ela entende como poucos o poder (e as armadilhas) da superexposição que qualquer astro pop está sujeito nos dias de hoje. Dessa maneira, vimos Doja Cat em diversas aparições nas redes sociais, mídia, e mais tarde, em clipes e apresentações, nos apresentando essa sua nova fase (ou “era”, como se diz hoje em dia).

Scarlet é um projeto muito refinado em que a artista disseca as vicissitudes das engrenagens da indústria do showbiz, comentando sobre o lado não muito bonito da fama, da necessidade de se expor a todo custo, tudo embalado em uma estética que remete ao imaginário dos horror movies de Hollywood, oscilando entre o camp e o terror psicológico. “Demons”, clipe e faixa e “Attention”, com Doja ensanguentada assombrando o espectador, são bons exemplos dessa proposta artística. Tudo auxiliado por uma interpretação que rompe com fase anterior, mais comercial e escapista.

Doja Cat.
Doja Cat não se contentou com a cartilha do pop. (Foto: Jacob Webster).

Se apresentando como rapper em primeiro plano, Doja Cat se mostrou afiada e ácida nas rimas e trouxe ótimas faixas na primeira metade do disco, como “Ouchies”, “97”, Fuck The Girls” e “Gun”. Há ainda acenos a um R&B mais experimental e sutil, como “Often”, que traz ecos de D’Angelo.

O disco, no entanto, não se mantém forte em quase 1h de duração, o que dilui um pouco do senso de urgência e impacto sonoro que o projeto parecia ter. Algumas faixas da metade final, inclusive, parecem estar ali apenas para ocupar espaço, pois soam repetitivas em relação ao que já tinha sido apresentado.

Com isso, o resultado final soa tímido em relação à expectativa gerada até aqui. Há muito potencial nesta nova fase de Doja Cat e Scarlet claramente é um projeto que não se encerra neste álbum. O disco também serve para revelar uma outra faceta de Doja, uma artista inquieta que não se contenta com o espaço que lhe foi dado no pop. Isso sempre é bom.

Ouça Doja Cat – Scarlet

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