Chamou a atenção há alguns dias, quando o consagrado cantor Flávio José, 71 anos, desabafou, desconfortável, no palco do São João de Campina Grande (PB) após ter seu tempo de show reduzido devido a um suposto aumento no tempo da apresentação do sertanejo Gusttavo Lima, que se apresentou depois. A organização do evento, no entanto, negou que isso tenha acontecido, mas em seguida o prefeito Bruno Cunha Lima (PSD), pediu desculpas.
“Se ficar alguma música do repertório, que vocês tão pensando em ouvir, e não vão ouvir, a culpa não é minha. Eu não tenho nenhum show para sair daqui correndo pra fazer. Não foi ideia minha”, lamentou o músico, intérprete de músicas tradicionais do forró nordestino. O músico que é conhecido como o Rei do Xote, não foi o primeiro nome da música tradicional da região a reclamar de desvalorização no festival.
Lá em 2017 Elba Ramalho, cantora nascida em Campina Grande e uma das maiores estrelas da música surgidas no Nordeste, também reclamou da desvalorização do forró de raiz, pé de serra, em detrimento ao amplo espaço destinado aos artistas do sertanejo no festival, que vale lembrar foi criado em 1983 justamente em torno do forró, tradicional estilo musical da festa de São João.
De acordo com José Teles, crítico e pesquisador musical, a atual condição do forró nas festas juninas é resultado de anos de desvalorização. “Isso acontece no Nordeste inteiro. A pior programação que tem é a das cidades pequenas do interior, porque contratam bandas de baixíssimo nível. O forró perdeu espaço porque deixou de tocar em rádio, quando as gravadoras acabaram com o sistema de divulgação, de levar o artista nas rádios, mandar disco para as emissoras e tal”, disse.
“A geração de forrozeiros que renovou o gênero a partir dos anos 1980, não soube se adaptar aos novos tempos. Até os anos 1990, ainda tocavam no rádio. Mas não atentaram para as mudanças vindas com a internet. Trabalham pouco as redes e se divulgam pouco fora do Nordeste”, continuou o Jornalista. “Para os críticos de música do Rio, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, forró é qualquer música dançante com sanfona que venha do Nordeste”.
Teles lembra que um fenômeno parecido aconteceu com o carnaval do Recife nos anos 1990 e faz um paralelo sobre as duas situações. “O pessoal ia pro Recifolia [extinto evento de música com uma estrutura de trios elétricos semelhante ao Carnaval de Salvador], e outros carnavais movidos a axé, porque a música era na época o que mais tocava no rádio, na TV. Os artistas tinham gravadoras grandes, investindo neles. O povo ia pular nos trios para ver as celebridades. Foi quando o showbiz brasileiro tornou-se verdadeiramente grande”, recorda.
Assim como na folia de momo, o São João do Nordeste foi, paulatinamente, sofrendo a influência de agentes externos, sobretudo quanto à sua programação. “Empresários com muito dinheiro entraram na jogada, e convenceram os organizadores das festas juninas a incluir seus artistas na grade. Como são famosos, eles vivem nos principais programas de TV e atraem multidões”, detalha Teles.
“Mas não é só o sertanejo, são todos os estilos que entram na moda, feito o piseiro agora. Os empresários desses caras são superpoderosos, com uma superestrutura física. A plateia tá lá, a maioria de jovens, entra um forrozeiro com uma banda básica, se vê diante de uma mega estrutura, acho que fica até intimidado”. Ainda nesse sentido, o jornalista exemplifica que o palco que foi montado para o show de João Gomes no Marco Zero era do mesmo nível dos que usam Rolling Stones ou Taylor Swift, algo que nenhum forrozeiro consegue equiparar. “O cachê altíssimo é também uma atração pro público, senão não era tão comentado. É um rolo compressor”, resume.
O cantor e compositor Petrúcio Amorim tem mais de 30 anos de carreira, o que lhe ajudou a manter a agenda de shows lotada nesse São João. Apesar disso, o artista faz coro com os seus contemporâneos quanto à gradativa perda do sentido tradicional na festa. “A minha agenda está boa, até me surpreendeu esse ano a quantidade de shows. Em geral, não sinto dificuldades, mas o que está havendo, sem dúvida alguma, nessas festas é um movimento muito grande de tomada dos espaços por uma determinada classe artística. O São João de algumas cidades está virando mais um grande festival do que festa junina, o que prejudica muita gente, dos novos artistas aos veteranos, mas principalmente quem ainda não tem muito nome”, explicou.
Para Amorim, falta um pouco de sensibilidade na organização dessas grandes festas para privilegiar os artistas locais até para salvaguardar a tradição junina. Apesar de lutar pela valorização do gênero, o músico entende que é preciso haver um equilíbrio maior durante a escolha das atrações nas festas para tanto o forró quando outros gêneros terem espaço. Mas, diz que o protagonismo maior deveria ser do gênero tradicional junino. “O que a gente sempre coloca em pauta é um alerta para não deixar a cultura se apagar. Eu faço forró há 38 anos e não posso deixar que ele se apague porque tudo começou com um triângulo, uma sanfona e uma zabumba. Então temos que manter a tradição viva”. O ideal para os organizadores é atender os clamores do público e reservar um bom espaço para o forró, que é a música oficial da festa.
“O forró tem que ter o seu espaço, não se trata de evitar outros artistas e gêneros. É preciso equilibrar mesmo”, falou. Nesse momento, Petrúcio Amorim lembra do projeto de Lei Luiz Gonzaga, que deseja fazer com que forró ocupe 80% da grade junina nas festas. O projeto foi apresentado pelo deputado federal Fernando Rodolfo (PL-PE) e busca ampliar a presença de forrozeiros no São João. Nesta terça-feira (20/06) o projeto com requerimento de urgência foi aprovado hoje na Câmara dos deputados e entrará para votação final nos próximos dias.
“Esse período junino é uma festa nordestina, onde se comemora São Pedro, São João e Santo Antônio, então você não pode fazer uma avalanche de estilos diferentes e fazer do São João um festival. Eu não concordo com isso, como também não discordo de ter alguns artistas de porte nacional”, detalhou o cantor de “Anjo Querubim”.
O músico Júlio Cesar Mendes explica que as festas de São João de Caruaru e Campina Grande são muito influenciadas pelos patrocinadores da festa. “Esses lugares que tem muitos patrocínios de grandes empresas, essas empresas vão exigir que vá pra lá um artista que leve uma grande quantidade de público e pronto. Em geral, são marcas de cerveja, bebida, então não tem como competir muito com isso. Agora, juridicamente falando até, a exigência é que cabe ao Estado oferecer à população entretenimento de qualidade porque esses artistas grandes, supostamente, têm condições de sobreviver do capital particular, já que lotam os lugares que cobram ingressos”, detalhou.
“Em consequência disso, o que é considerado inferior em relação a atrair uma enorme quantidade de público fica subjugado. A questão é que é obrigação do Estado respeitar o que é tradicional, lutar pela preservação do patrimônio e oferecer isso para a população”, completou Mendes.
Com a autoridade de quem às vésperas do São João, acaba de lançar o Forró da Liberdade (leia nossa crítica), um disco de forró no sentido lato do termo, Bruno Lins, vocalista da banda Fim de Feira, é um dos artistas que fazem parte de uma segunda geração nordestina que celebra o ritmo. “Ano que vem o Fim de Feira faz 20 anos de história e nós viemos de uma geração que tem acompanhado essa mudança total de paradigma da festa junina que aconteceu justamente ao longo das últimas duas décadas”, disse.
“Começou ali no começo dos anos 2000 com aquele movimento da auto-intitulação do forró, quando ele começou a se metamorfosear com outros ritmos. Sempre trazendo a alcunha de forró no texto, mas na essência a coisa ia se descaracterizando”, continuou Bruno. O cantor explica que, gradativamente, o cenário das bandas de São João foi se alterando primeiro com a chegada de bandas daquilo que se convencionou chamar de forró “fuleiragem”, muito em voga na primeira metade dos anos 2000.
Com a Fim de Feira, Bruno Lins chegou a tocar em grandes palcos de São João, como Caruaru e Arcoverde, mas com o passar do tempo isso foi mudando. “Isso não acontece mais. Pontualmente, ainda tem alguns representantes do forró que conseguem galgar algum espaço, mas até esses forrozeiros tem reclamado e questionado sobre esse novo modelo de festa junina”, afirmou. “Se você imagina que um Flávio José sobe no palco e o pessoal diz pra ele tocar uma hora a menos porque vai vir um cantor de fora que vai ter um espaço maior, imagine as bandas menores. Flávio José que é consagrado e tem mais de 30 anos de história no forró e é um dos caras que ajudou a pavimentar o São João e o forró. Esse cara tá perdendo espaço, pensando em desistir”, continuou.
Ao longo dos últimos anos, o artista vem sentindo maiores obstáculos para as apresentações da Fim de Feira durante o período junino e Lins acredita que isso se deve a reconfiguração da prioridade dessas festas. “Nós temos sentido cada vez mais dificuldade ao longo dos anos de conseguir tocar nas cidades nesse período, por essa questão de um projeto econômico deliberadamente ligado às marcas e ao marketing, onde as escolhas funcionam exclusivamente na perspectiva de tentar alimentar um negócio e não necessariamente de dar continuidade a uma tradição”, desabafou. Apesar de manter uma agenda ainda forte com festas privadas e públicas, o vocalista aponta uma tendência de maior espaço nas festas privadas frente às tradicionais comemorações públicas, que dão menor protagonismo aos artistas do gênero.
Para ilustrar sua visão de como funciona esse mercado hoje, o cantor recorre a uma interessante metáfora. “E acho que a Fim de Feira como uma banda de médio porte, nós sentimos uma dificuldade muito grande nessa cadeia alimentar, porque tem os grandes predadores que são de fora daqui, sequer são artistas nordestinos, e que cantam outros segmentos, eles pegam a maior fatia de espaço. Aí quando sobra alguma coisa, é o que fica para os artistas que já estão consolidados nos ciclos”.
O diagnóstico que o cantor faz acompanhando de perto esses últimos anos no período junino e trabalhando na festa é que dá para observar uma descaracterização das festas de São João. “E não é uma crítica pontual a A ou B, eu acho que é uma questão do tempo mesmo. O tempo vem dilapidando essas estruturas e nós estamos cada vez mais sem condições de tentar reagir e até de permanecer nessa luta, porque ela é muito desigual”, desabafou.
No último dia 19 de junho, no Sítio Da Trindade, principal palco do São João de Recife, Santana, o cantador, fez uma homenagem para Flávio José e criticou de forma sutil (mas todo mundo entendeu a mensagem) a inundação de Sertanejo universitário nas festas de São João do Nordeste.
Fato é que para muitos forrozeiros, o São João é a festa do ano. É o momento de maior oportunidade de renda e fazer o pé de meia que vai segurar suas finanças. Desprestigiar o forró, os nossos artistas locais, é também desvalorizar a sobrevivência de toda uma cadeia produtiva da cultura tipicamente nordestina. A segunda consequência é descaracterizar parte importante de nossa cultura, nossa identidade regional e brasileira e uma das maiores festas do Nordeste.
Artistas da nova geração oxigenam o forró
Apesar de todas essas dificuldades, Pernambuco vive uma cena efervescente de forró atualmente. São diversos grupos e artistas engajados em manter o gênero vivo e pulsante. Para José Teles, o único porém é o curto alcance que essa cena tem. “Esse pessoal só é conhecido em nicho. Não estão com empresários biliardários, mas tem muito forró de qualidade sendo feito. Juba, lançou um ótimo EP de forró”, destacou o crítico musical.
Com um sorriso aberto e um alto astral contagiante, o cantor Juba lançou seu EP São Jubão no início do mês junino com participações de artistas da nova cena musical pernambucana, como Marília Parente, Lucas Bezerra, Feiticeiro Julião e Forró Escaletado, como um disco de forró em sua essência e que foi considerado pelo mesmo José Teles como o melhor disco de forró lançado em 2023.
“O São Jubão nasceu de forma muito natural, geralmente as minhas composições já tem essa tendência de cair pra música nordestina mesmo, tanto pro São João quanto pro carnaval. Muito pelas influências que eu tenho”, explica o músico. “Quando eu comecei a compor já tive esse direcionamento para esse lado, aí eu percebi que eu já tinha um apanhado de músicas que conversavam umas com as outras”. O álbum mescla xote, forrós e arraste-pés em cinco músicas, quatro produzidas por Erick Amorim, e uma por Feiticeiro Julião.
Para um jovem artista, produzir um álbum de forró atualmente é também um exercício de resistência na luta por manter viva a chama do gênero. “Eu acho que o forró tá muito vivo em determinados nichos do Brasil todo, mas também no mundo. Tem forró em tudo o que que é lugar, na Rússia, em Portugal, França, isso é uma efervescência que já tem um tempo. Então, talvez, o próprio brasileiro em alguns pontos não perceba o quanto é valorizado um negócio que é nosso”, reflete o cantor.
Em São Jubão, a sanfona, o triângulo e a zabumba conversam com sintetizadores e recebem visitas de ritmos como frevo e ijexá, mas Juba deixa de lado qualquer ideia de que esteja inovando dentro do gênero, garantindo que o forró já é moderno por si só. “Essas incursões já são postas no forró há muito tempo, desde a década de 1980. Por exemplo, Assisão no segundo disco já tem bateria eletrônica. Meu pai já usava sintetizador no forró há um bom tempo”, enumera. O cantor cita “Vem morena” como uma das canções em que Alceu já utilizava o recurso. Para Juba, o mérito de São Jubão está em ser um disco essencialmente de forró com referências e um norte muito claro no que pretende.
Unindo forró, música pop latina e o piseiro, o pernambucano Jáder exalta a regionalidade do ritmo com sua interpretação própria. Até por causa disso, o músico não encontra tanto espaço em palcos mais tradicionais durante as festas juninas. “Eu enxergo que sim, eu faço uma pesquisa importante sobre o forró, mesclando intersecções entre o forró, identidade de gênero, a minha questão também de sexualidade e tudo isso é um novo olhar sobre o forró e sobre os protagonismos dentro de um gênero plural”, explica o artista, com consciência sobre o lugar que ocupa.
“É fundamental vermos ritmos se atualizarem também. Se pensarmos que só o tradicional pode existir, acabamos cortando as asas de várias coisas maravilhosas que podem surgir. Eu valorizo muito a cultura popular e consumo muito forró dito raiz, mas na minha criação artística e nos meus processos eu acabei encontrando novos caminhos para a minha arte fazer sentido”, completa o músico. Em Quem Mandou Chamar (aqui a nossa crítica), sua estreia solo, o cantor desenvolve sua sonoridade pop latina experimentando a partir do forró e somando gêneros do norte/nordeste do Brasil.
Para bandas como Forró Casa Amarela, o forró não resume ao ciclo junino. “Nós tocamos forró o ano todo, tanto com o Forró Casa Amarela, quando com o Forró do Macaco, que é meu forró de rabeca e conseguimos nos manter nesse mercado, digamos mais alternativo, da cena”, revela José Demóstenes, que é popularmente conhecido como Macaco, rabequeiro da banda.
Ele revela que uma solução encontrada pelo Forró Casa Amarela foi produzir as próprias festas. “Essas produções são de bom público, conseguimos arcar os custos, pagar o cachê dos convidados, pagar os nossos cachês, som, tudo. Fazer a festa acontecer de maneira saudável”, garantiu. O Forró Casa Amarela faz um som mais tradicional e se organiza como uma celebração do gênero com um toque moderno.
A diversidade no forró
Para Lucas Furtunato, músico, historiador e pifeiro da banda Forró dos Caetés, dentro do forró existem diversos formatos com públicos variados. “O forró é um gênero que tem uma diversidade de instrumentos, de formas de fazer, de sotaques, e para cada uma dessas formas a gente nota que tem um público específico”, relatou. “Por exemplo, quem curte mais o forró de sanfona, que curte composições de artistas mais consagrados como Accioly Neto, Flávio José, Petrúcio Amorim são bem fiéis a essa forma. Já tem outro público um pouco mais jovem que curte muito forró de rabeca, então assim essa renovação do forró hoje em dia aqui em Pernambuco passa tanto pela renovação das pessoas que fazem, como também de linguagem e de formas de fazer”, completou.
Lucas revela que a Forró dos Caetés vem fazendo uma agenda de shows desde abril com apresentações semanais em estabelecimentos de Olinda, como bares e restaurantes, e neste mês de junho conseguiram espaço também em shoppings e em hotéis daqui e de Alagoas. Apesar disso, como integrante de uma banda independente, o artista sente falta de maiores políticas públicas para fomentar a cena.
“No que diz respeito a proposição de novos projetos como é a Forró dos Caetés, é sempre um movimento muito independente. Não há, por exemplo, algum programa ou política cultural específica que fomente inovação a partir de jovens músicos que queiram desenvolver o gênero”. Ele explica que essa nova cena de forró é exclusivamente feita de forma independente.
O historiador é um defensor da diversidade do forró em suas múltiplas formas e para ele está aí a sua beleza. “Recentemente o forró foi patrimonializado pelo IPHAN, ele hoje é patrimônio imaterial do Brasil e o interessante é que o dossiê da candidatura deu conta dessa diversidade histórica, social e musical que constrói o forró”, afirmou. Até nesse sentido, a programação de São João da Prefeitura do Recife se destacou esse ano
José Teles reconhece que as mudanças no gênero são naturais como em qualquer expressão cultural, o problema para ele é a forma como aconteceu nas festas de São João e o sentido desse novo patamar da celebração. “As mudanças acontecem, a cultura não é estática. Só que estas mudanças na festa foram realizadas abruptamente, impulsionadas por muito dinheiro. O forró não tem estrutura financeira. As prefeituras falidas, estão entregando a festa a patrocinadores, que montam as grades com os artistas deles”, explicou.
“Às prefeituras restam alocar os forrozeiros para palcos periféricos, com cachês que pagam com dificuldade. Alguns forrozeiros reclamam, mas non troppo, temendo retaliações. Porém, mesmo assim, eles continuam fazendo muito shows nesse período, claro com cachês razoavelmente bons, mas nada comparável às celebridades. Acabou que o Forró virou música indie, ou alternativa, do São João”, concluiu.
No último sábado (17), um dos grandes expoentes do forró mainstream, com status de astro pop brasileiro, Xand Avião fez uma homenagem ao músico paraibano Flávio José na abertura de seu show, cantando o clássico “Tareco e Mariola”, no mesmo São João 2023 de Campina Grande. Além da homenagem ao músico, Xand também disparou quanto a uma maior valorização do “forró tradicional” nas festas juninas, numa crítica à presença de outros gêneros musicais nas festas nordestinas.
“Essa homenagem eu queria fazer para um cara chamado Flávio José, que é paraibano igual vocês, que tem orgulho de ser nordestino, e aqui, e em lugar nenhum do Brasil e do mundo, ninguém vai derrubar o nosso munguzá. Sejam bem-vindos a um show de forró, com cantor de forró, cantando forró”, criticou Xand já no início de sua apresentação em Campina Grande demonstrando apoio aos mestres e consciência de sua classe.
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Consuella, o filme que lançamos em 2023
2023 foi bem especial pra gente! Lançamos o curta Consuella, dirigido por Alexandre Figueirôa, editor-executivo da Revista O Grito!. O filme resgata a história de uma importante personalidade artística do Recife, que viveu seu auge nos anos 1970-80 e que abriu portas para diferentes artistas LGBTQIA+. O curta percorreu o circuito de festivais e teve uma première concorrida no Teatro do Parque, com a presença de pessoas que conviveram com Consuella, além da equipe que produziu a obra. Trata-se de uma importante memória da excelência trans, de alguém que ousou peitar as convenções tradicionais e conservadoras de sua época.