No álbum Renaissance, a diva-pop Beyoncé canta que as pessoas, às vezes, só querem se sentir confortáveis como quem são e se jogar na pista de dança. Esses, inclusive, são desejos muito comuns de quem é da comunidade LGBTQIA+, quando celebra-se o orgulho neste mês de junho. De olho nisso, as produções da Maledita e da Tarantina se uniram para o feat MALETINA, neste sábado (10), no Armazém 14, no Recife.
Tradicionais festas do universo da pop music da noite recifense, o evento promete ser uma grande apoteose dos hits novos e clássicos internacionais e do Brasil. “Já existia esse flerte entre as duas festas e ambos os lados estavam dispostos… deu em romance”, conta o DJ e produtor Gibran Gomes, residente e produtor da Tarantina. Ele promete pista cheia nessa edição, com ingressos quase esgotados para o evento.
Junto com seus colegas Adriano Gomes e Ane Lima, Gomes está há 12 anos no comando da Tarantina. “No segundo evento que fizemos (já em 2012), queríamos “amaciar os custos”, então resolvemos nós mesmos tocarmos em algum momento da noite. Tudo muito espontâneo, sem muita técnica. Hoje em dia, a gente entende que damos o tom da Tarantina e somos essenciais para a proposta sonora da festa”, destaca.
Gomes adianta que não vão faltar hits, clássicos e outras novidades não vão faltar na MALETINA. “Uma porção grande de hits que estão bombando, uma porção de clássicos, uma porção de músicas que envelheceram bem e uma pitada de alguma música que você quer apresentar pro público”, destaca.
Os DJs que fizeram e fazem parte da história das duas festas também vão dominar a pista com Luana Lima e Fuckyeahguigs, Adriano Gomes, Ane Lima, Envy e Orlando e DK.
Confira o papo que batemos com Gibran Gomes.
Como surgiu a ideia de realizar um ‘feat’ pop da Maledita com a Tarantina?
Foi bem natural esse processo. Acabou que não teve um convite formal que desencadeasse tudo isso. Às vezes a gente (da Tarantina) se encontrava com o pessoal da Golarrolê em festinhas e no meio da conversa rolava um ‘e essa Maletina, hein?’ Já existia esse flerte entre as duas festas e ambos os lados estavam dispostos… deu em romance! Hahaha
Com quantos anos você começou a tocar em festas no Recife? O que te levou para a música?
Eu produzo festas com [os DJ’s] Adriano Gomes e Ane Lima desde 2011 (f*cking 12 anos já) e no segundo evento que fizemos (já em 2012), queríamos “amaciar os custos”, então resolvemos nós mesmos tocarmos em algum momento da noite. Tudo muito espontâneo, sem muita técnica. Hoje em dia, a gente entende que damos o tom da Tarantina e somos essenciais para a proposta sonora da festa.
Que tipo de música você tocava no início? Como você foi caminhando em direção ao pop?
Na primeira vez que eu toquei foi no último horário, que era quando a gente tinha mais liberdade de misturar. Lembro que foi bem uma “salada-mista-fim-de-festa”. Eu ia meio que sentindo a vibe do pessoal e botando as músicas como achava que daria certo hahaha. O caminho pro pop veio naturalmente porque consumo muito, todos os dias, desde a minha adolescência e fica muito mais fácil “falar’’ de algo que você tem domínio.
Você acha a cena de Recife aberta a artistas de outras regiões? Como aconteceu o processo de conquista de espaço dentro da noite recifense?
A cena tá aberta, sim. Claro que sempre pode melhorar, mas é quase certo ver alguém de outro estado tocando ou performando numa festinha que eu resolva ir. É mais frequente gente dos estados vizinhos e acho massa criar essa conexão que só nos fortalece. O processo de conquista do nosso espaço foi bem natural e espontâneo, mas requer disposição, paciência, pesquisa, network e investimento.
Esses dias eu tava “castelando” como foi que cheguei aqui porque eu, Adriano e Ane não tínhamos uma base em produção de eventos e, hoje, estamos com um público que se renova todos os anos.
Você precisa estar muito disposto e encarar tudo com seriedade e honestidade. Quando você procura fazer o certo o universo de alguma forma vai te devolver isso. Claro que vai demandar também outras coisas, mas as boas intenções sempre te colocam num caminho certo. A gente não acerta sempre (óbvio) e os perrengues não deixam de aparecer, tem que ter ciência disso e saber se está disposto a encarar e continuar.
Quais são as referências musicais e artistas que você se inspira?
Minha base musical é muito do que rolava na MTV dos anos 2000, que foi quando eu comecei a prestar atenção em música. Madonna, Britney, Beyoncé nas Destiny’s Child, Spice Girls, Avril Lavigne, Kylie Minogue, as boybands, as bandas de emo rock e tudo o que configurava aquele cenário era o que eu tava sempre ouvindo e o que moldou meu gosto musical.
Depois de um tempo, fui percebendo outros artistas e bandas não tão mainstream da cultura pop. Isso é muito refletido nos meus sets atuais, eu entro com uma Agnes, depois uma Cher, um k-pop, meto uma Kylie e vou seguindo.
Qual o seu setup de produção?
“Basicamente eu não levo nada de casa. Eu só levo o meu corpo, o meu talento e a confiança” VIEIRA, Susana. O nosso setup de organização é: checar luz e som, o operacional do bar, se as bebidas estão corretas, conversar e orientar a equipe de segurança, ver a limpeza do local, sinalização, conferir se todos os outros serviços estão funcionando pra que a festa ocorra da melhor maneira e, claro, testar os pendrives no CDJ pra ninguém ter problema na hora de tocar. Fora isso é ficar com os olhos bem abertos a noite inteira pra nada sair do controle.
E a música pop em geral, evoluiu nos últimos anos? Você tem acompanhado as novidades, o que acha?
Acho que a palavra certa não é “evolução”, mas “transformação”. A música se transforma acompanhando o mundo desde sempre. Não sou especialista em música, mas falo de um lugar de alguém que consome o tempo todo, usa redes sociais e toca. Percebo que a indústria musical hoje se preocupa muito mais em bombar no TikTok do que qualquer outra coisa porque o consumo imediato e desenfreado é a nossa realidade atual. É tudo muito mais descartável, nem todo mundo se preocupa em produzir um álbum ou músicas que vão atravessar gerações. Felizmente, temos artistas que não se rendem a esse molde atual de músicas curtas e coreografias batendo a mão na cabeça e girando.
O Brasil parece ter virado uma meca da música eletrônica. Alguns grandes festivais vieram pra cá. Como você avalia que a sua geração está profissionalizando a cena eletrônica no país?
Fico muito feliz e empolgado que o mundo começa a enxergar o potencial que o Brasil tem em receber grandes festivais. O nosso país é muito grande e cada pedaço tem sua particularidade. Creio que esse boom só tende a crescer nos próximos anos quando voltarmos a ter a economia estabelecida (Lula, confio em você).
Como foi o processo de seleção das músicas para o evento? O que o público pode esperar dessa festa deste sábado? Quem mais vai comandar a noite da Maletina?
A gente costuma perguntar uns aos outros o que pensa em tocar e vamos alinhando para que os sets não tenham músicas repetidas, por exemplo. Abrimos caixinhas de perguntas no Instagram pra as pessoas mandarem os seus pedidos e SEMPRE olhamos tudo porque existe esse cuidado.
Eu costumo ter uma receita na hora de tocar: uma porção grande de hits que estão bombando, uma porção de clássicos, uma porção de músicas que envelheceram bem e uma pitada de alguma música que você quer apresentar pro público.
Os sets serão dos residentes da Maledita (Luana Lima e Fuckyeahguigs) e Tarantina (Adriano, Ane e eu), Envy e Orlando num b2b e DK, que é um lindo & perfeito de Natal (RN), que também vai trazer performance pro set dele. Então, o público pode esperar uma surra de pop do bom a noite inteira! Chega me tremi aqui.