De Fortaleza (CE)
O novo espaço do DFB Festival – do Terminal Marítimo de Fortaleza para o Aterro da Praia de Iracema – deu um novo gás ao evento. Com um acesso mais fácil ao público, o espaço contou com uma grande circulação de pessoas e salas de desfiles lotados. As coleções seguiram o tom do Dragão que já estamos acostumados: a ideia é equilibrar um inovador olhar da moda e peças criativas com uma experiência sensorial da passarela, como um show.
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Nessas performances artísticas e políticas tivemos desfiles que trouxeram uma olhar mais positivo como resposta ao atual estado das coisas do Brasil. Foi o caso da nova coleção de Lindebergue Fernandes e Silvânia de Deus. A semana teve ainda um resgate ainda maior do imaginário do Nordeste, sobretudo o sertão como visto no Cariri Visceral ou do artesanato do litoral, caso da Rota Jeri.
Matias.Matias retornou às passarelas do Dragão com uma alfaiataria moderna, mas apresentada na praia. A união dos dois universos incluiu até mesmo uma esteira de areia no meio da sala. A cartela de cores trouxe diferentes tons de azul até o branco, mas o que chamou atenção foi a proposta criativa para peças muito comuns da indumentária masculina.
O estilista baiano Jefferson Ribeiro, nome sempre conhecido do DFB, se inspirou na mulher sertaneja. Sua coleção, batizada de Bença, propõe peças com mais liberdade tentando fugir de padrões, o que segundo o designer é uma leitura da força da mulher nordestina. As peças usaram muito linho, sarja e algodão.
A Rota das Emoções, que ultrapassa os estados do Ceará, Piauí e Maranhão, inspiraram a coleção Rota Jeri, oferecida pela Sebrae ao DFB Festival 2019. Sob a assinatura dos estilistas Deoclys Bezerra e Beatriz Peixoto, a parceria nasceu do desejo de Cláudio Silveira, diretor do evento, em traduzir a cultura da região em uma proposta de moda autoral. Por isso vimos muitas peças com artesanato de couro, palha, crochê e renda.
Já Kalil Nepomuceno fez novo desfile-comoção. Assistir é sempre uma experiência, com a plateia empolgada com looks feitos para estontear. O estilista se inspirou no sacro e no profano e apresentou roupas com anjos, cupidos, florais incorporados por brilhos, paetês e seda. As transparências, telas, plumas e muita pinta de festa esteve presente, o que já é uma assinatura de Kalil. O artista tem todo um universo próprio, que só é reafirmado a cada edição.
O Senac Cariri com o Cariri Visceral se inspirou nos aspectos dessa região nordestina e também em mestres como Espedito Seleiro para uma coleção bem experimental com uso de técnicas como sublimação e macramê. Nos materiais tem muita juta, couro, cascas de coco e fibras naturais. Mais de 60 mãos foram responsáveis pela passarela que teve em sua equipe os estudantes dos cursos de Modelagem, Costura e Figurino.
Veja uma galeria de looks do DFB:
Fotos: Roberta Braga e Chico Gomes/Divulgação.
O jornalista viajou a convite da organização do festival.