A Semana Internacional de Música de São Paulo, o SIM São Paulo, tornou-se uma das atrações mais aguardadas do calendário cultural do ano. Sua proposta tem como maior interesse debater o ecossistema do mercado musical, além de promover atividades de negócios, palestras, showcases e workshops.
Com entrada gratuita para o público em geral, o SIM anunciou as primeiras atrações deste ano: a cantora Mahmundi abre o evento no dia 7 de dezembro, às 20h. Em seguida Liniker e os Caramelows convidam Elza Soares para um encontro histórico. Eles tocam juntos faixas do disco Remonta, estreia de Liniker e o aclamado A Mulher do Fim do Mundo.
O SIM São Paulo vai de 7 a 11 de dezembro. O Centro Cultural São Paulo abriga palestras, debates, showcases, workshops e atividades de negócios em uma programação diurna. As atrações noturnas ocupam diversas casas de shows da cidade, entre elas o Cine Joia, o Centro Cultural Rio Verde, o Z Carniceria, o Jongo Reverendo, Estúdio Music Club, jazznosfundos, entre outros. O encerramento será no Mirante 9 de Julho, no dia 11. Veja a programação completa.
Batemos um papo com Fabiana Batistela, que há quatro anos dirige o SIM (ela também é responsável pela Inker Agência Cultural). Conversamos sobre protagonismo feminino, tendências da música hoje e as dificuldades do mercado musical em um ano tão complicado quanto 2016.
A SIM vem se firmando como um dos festivais mais inovadores do País. Qual é hoje o principal diferencial em relação à agenda de eventos ligados à música?
Acho que o grande diferencial é que não somos um festival, mas, sim, uma feira de música/conferência de música. Temos como público a cadeira produtiva e criativa da música, além dos fãs e consumidores de música. A SIM São Paulo é o primeiro evento neste formado no país e, de edição em edição, vamos moldando com o que deu certo, além de evoluir com o mercado.
2016 foi um ano bem complicado para o Brasil e muitos festivais tiveram que se adaptar, seja enxugando a estrutura ou mudando o formato. Como foi produzir a SIM este ano?
Produzir a edição 2016 da SIM foi tão difícil quanto nos outros anos. Cada ano tem um desafio diferente. Como o evento vem crescendo muito rápido, a gente pensou que fosse conseguir mais patrocínio do que nos anos anteriores. Na verdade, estamos fazendo um evento maior com a mesma verba de 2015 praticamente. Mas em questão de parcerias de música, a gente cresceu 100% ou mais. Algumas empresas compraram espaço de promoção e marketing dentro do evento, por exemplo. Muitas propostas chegaram, as empresas que fazem parte da indústria musical querem estar dentro da SIM.
Quais os principais destaques entre os showcases deste ano?
Tem tanta gente incrível nesse ano… Sem dúvida, uma das bandas é As Bahias e a Cozinha Mineira. Além de ter um conteúdo artístico incrível, é uma banda que tem uma força e desejo empreendedor. Também tem o Yangos, de Caxias do Sul, e o Projeto Rivera, de Fortaleza. São bandas de duas regiões que estão produzindo muitas coisas legais. Fomos em eventos nessas regiões e conhecemos essas bandas que agora estão na SIM com a chance de romper uma fronteira.
A SIM sempre debate questões importantes do mercado de música. Pra você quais as principais tendências deste ano que passou e que vamos ver debatidas nos encontros do festival?
Políticas públicas é um assunto que não vai esfriar tão cedo. Um novo plano de políticas públicas para a música vinha sendo discutido em âmbito nacional e municipal. Mesmo com os acontecimentos políticos de 2016, acho que o mercado não vai desistir da discussão. Tecnologia também sempre é um assunto em alta, principalmente no audiovisual. Os vídeos de realidade virtual para música vão ser uma tendência daqui pra frente, porque os óculos já estão mais acessíveis e as câmeras também. Falar de música junto de questões sociais e humanitárias também é um ponto em pauta. Dois pontos que estamos focados em discutir nesse ano: a igualdade de gênero (nessa edição, teremos 50% da programação composta por mulheres) e a queda de barreiras sociais. A SIM TRANSFORMA conecta o centro de São Paulo com a periferia com troca de conteúdo artístico e profissionalizante. Vale muito a pena checar a programação.
A Semana é produzida por uma equipe formada, em sua metade, por mulheres. Qual a importância dessa representatividade e como isso aparece no festival?
Desde a primeira edição, a SIM São Paulo teve 80% de mulheres trabalhando na produção. Nesse ano, temos a regra de que 50% da programação deve ser composta por mulheres. Isso surgiu porque percebemos que, mesmo conhecendo um monte de mulheres inspiradoras que trabalham no mercado da música, a programação do ano anterior foi majoritariamente masculina. A gente parou para prestar atenção nisso. A ideia é criar um equilíbrio mesmo… O olhar está viciado em alguns nomes e, geralmente, são masculinos.