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(Foto: Hannah Carvalho/ Divulgação)

21ª do No Ar Coquetel Molotov: vozes cantam potência e resistência nos palcos

Neste ano o Palco Coquetel Molotov se tornou espaço para o Movimento Brega e vozes femininas do rap e funk se apresentaram nessa noite

A 21ª edição do Festival No Ar Coquetel Molotov consolidou mais uma vez sua posição como um dos eventos culturais mais importantes do Brasil, celebrando a diversidade musical e reafirmando sua relevância no cenário nacional. A programação do festival segue destacando a pluralidade da música brasileira, desde o funk carioca ao brega, passando por sonoridades eletrônicas e gospel.

Leia nossas coberturas anteriores:

O evento trouxe nomes como Ebony, que lotou o palco Coquetel Molotov com seus versos afiados e referências ao funk carioca; Ventura Profana, que transformou seu show em um culto carregado de potência e reverências às travestis; e Tati Quebra Barraco, que fez história com um baile funk vibrante no Palco Kamikaze. Além disso, o festival mergulhou na celebração do brega com performances icônicas de artistas como Zaynara, que representou o tecnobrega paraense, e Nega do Babado e Rayssa Dias, que uniu gerações em um show repleto de clássicos. Fechando o evento, Pabllo Vittar mostrou porque é uma das maiores estrelas do pop brasileiro, com um repertório que passeou por clássicos do forró, brega e tecnobrega.

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(Foto: Bieco Garcia/ Divulgação)

Ebony Bitch!

 “A Mais Postura” foi recebida no palco com o público chamando pelo seu nome. A plateia, que já estava lotada após o show de Ajuliacosta, duplicou em quantidade para ver Ebony. Acompanhada pela DJ e produtora Larinhx, a rapper carioca sobe no palco com a mesma força e confiança dos seus versos. 

Além dos seus principais hits como “Pensamentos Intrusivos” e “Hentai” – que levou o público ao clímax da empolgação -, a rapper trouxe outros singles para a setlist e faixas do seu primeiro álbum, Visão Periférica (2021), incluindo “Festa do Pijama”, feat com Urias.

Com a presença de Larinhx no palco, Ebony faz diversas referências ao funk carioca, gênero que tem influência direta na maneira que a rapper cria seus versos e pensa na produção de suas músicas.

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(Foto: Bieco Garcia/ Divulgação)

Ventura Profana faz culto no Palco Natura

“Terra de travestis abundantes, de travestis com fôlego para mudança” foram algumas das primeiras palavras de Ventura Profana para o público do Recife. Acompanhada de banda, a cantora, profeta e pastora incorporou nas suas músicas – produzidas com uma predominância de elementos eletrônicos – instrumentos orgânicos e um toque do gospel norte-americano. O show é, na verdade, um culto às “travestis vitoriosas”, como ela mesma chama.

O repertório do show foi composto majoritariamente pelas faixas de seu EP Traquejos Pentecostais Para Matar o Senhor, de 2020, que traz faixas como “Restituição”, “Vitória” e “Python”. Atualmente a artista trabalha na produção do seu primeiro álbum de estúdio, antecipado pelo single “Tranquila”, lançado na última quarta-feira (04).

 Momento Brega no Palco Molotov

A 21ª edição do Coquetel Molotov trouxe um olhar especial para o Brega enquanto gênero musical e movimento político, desde o Coquetel Molotov Negócios, que reuniu artistas para conversas sobre as relações entre o Brega e a música pop no debate Diálogos: Pop Tropical – Ecos do Brega. 

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(Foto: Hannah Carvalho/ Divulgação)

Já no Festival, o palco Coquetel deu protagonismo ao gênero nas suas últimas atrações. Zaynara se apresentou usando as cores da bandeira do Pará, um aspecto orgulhosamente pontuado pela artista desde o início da sua carreira. Seguindo a tradição de outras divas do tecnobrega, a cantora faz um show inteiro de salto alto, com direito a balé e coreografias. 

Na última terça-feira (03) Zaynara venceu a categoria Artista Revelação no Prêmio Multishow, que também premiou Viviane Batidão e Mahnu Batidão, ambas paraenses. 

“Eu fico muito feliz com o movimento que está acontecendo para o Brega como o todo. Confesso que estou ansiosa para que o brega de Pernambuco chegue mais em lugares como o Prêmio Multishow. Acho que é o momento de dar as mãos, unir forças e continuar nosso trabalho como a gente sempre fez”, comentou. 

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(Foto: Hannah Carvalho/ Divulgação)

Sobre suas relações com o brega pernambucano, Zaynara afirmou acompanhar o trabalho de Priscila Senna e Raphaela Santos, afirmando que ambas “são incríveis”. A cantora paraense cantou, além das suas músicas, clássicos do brega populares do Norte e Nordeste, um acerto especial com o público local. 

Um dos nomes mais tradicionais da música pernambucana, Nega do Babado seguiu o momento dominado pelo Brega no Palco Coquetel. Sem um repertório necessariamente pessoal, a cantora cantou clássicos de Alcione, Reginaldo Rossi e, claro, seu próprio hit “Milk Shake”. 

Chamada por Nega do Babado de sua “dupla dinâmica”, Rayssa Dias também se apresentou com um repertório de brega-funk. A MC abriu seu show com uma entrevista em que a própria Nega do Babado fala sobre a figura de Rayssa, enquanto uma mulher, dentro do brega-funk, que ainda é um setor de predominância masculina. 

“O que a gente quis mostrar é que o Brega pode se unir. Virão muitas surpresas dessa junção minha com Rayssa nos palcos e acho que é de extrema importância”, afirmou Nega do Babado. 

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(Foto: Hannah Carvalho/ Divulgação)

Tati Quebra Barraco fez um baile funk no Palco Kamikaze

Tati Quebra Barraco, sem dúvidas, foi a atração que mais reuniu público no palco Kamikaze. A artista carioca de quase 30 anos de carreira ainda conserva a imagem criada anos atrás: uma mulher que canta sobre sua sexualidade e que, na música, de forma recorrente, desafia a autoridade do homem e seus privilégios. 

Toda essa marra de Tati Quebra Barraco está conservada nos clássicos que apresentou no palco Kamikaze: “Boladona”, “Homem é pra sentar” e “Mamãe da Putaria”. Com seus clássicos, a Tati canta muito mais do funk carioca, que era predominante há 20 anos atrás, mas ela também entra nas vertentes mais novas do gênero, como o Mandelão, que está bem presente no repertório dela. 

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(Foto: Dondinho/ Divulgação)

Um ponto que o show de Tati Quebra Barraco provou é a relevância do palco Kamikaze; no momento do seu show, a tenda eletrônica do Coquetel Molotov superou o público do palco vizinho e apesar do show da funkeira ter sido um acerto na programação do palco, a infraestrutura não pareceu dar conta do número de pessoas presentes. O som se concentrou do lado de dentro da tenda, então o público mais afastado não conseguia escutar a voz da artista ou a música.

Pabllo Vittar ensinou o Coquetel Molotov a fazer o “P”

Já a última atração do palco Coquetel Molotov foi Pabllo Vittar, que foi uma das últimas atrações a serem anunciadas pelo festival e, sem dúvida, uma das mais aguardadas. A drag queen apresentou o show do Batidão Tropical Vol. 2, que se encaixou à atmosfera de Brega mantida no palco, já que o álbum é uma reinvenção de clássicos do forró, brega e tecnobrega do Norte-Nordeste.

Pabllo Vittar não carrega o título de popstar e maior drag queen do mundo à toa, a cantora é uma artista magnética em cima do palco, de uma forma que é impossível até de você não prestar atenção no show, que se constroi não só pela presença de Vittar, mas também pelo espaço ocupado pelo balé. Além das faixas do Batidão Tropical Vol. 2, entraram músicas do Volume 1 e canções de outros discos da cantora que flertam com o brega e o tecnobrega. 

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(Foto: Hannah Carvalh/ Divugação)

Apesar da escolha acertada do repertório, uma série de problemas técnicos acabou comprometendo o rendimento do show de forma geral. Primeiro, houve uma interrupção na reprodução da base da música e o show teve que ser parado por alguns minutos, depois houve problemas com o microfone, a cantora teve que trocar de microfone três vezes durante a apresentação; ao longo da apresentação, Pabllo se queixou do volume de sua voz no seu retorno de palco – o fone de ouvido utilizado para manter a banda e o músico sincronizados. 

Mesmo não escondendo a insatisfação em cima do palco, o show conseguiu ser levado adiante, principalmente pelas interações entre a drag queen e o público. Entre a incorporação da melodia de “Frevo Mulher” na faixa “Ai que Calor” e o salve para a “galera de Ibura”, que a recebeu na gravação do clipe de “Vira Lata”, Vittar homenageou Pernambuco e o seu público.

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