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21 Savage sustenta narrativa marcante em “American Dream”, seu disco mais pessoal

Disco fala da vida dura de imigrante e mostra versatilidade nos beats e letras do rapper

21 Savage sustenta narrativa marcante em “American Dream”, seu disco mais pessoal
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21 Savage
American Dream
Slaughter Gang/Sony. Gênero: Rap


O aguardado terceiro disco de 21 Savage chega após uma turbulenta fase da vida do rapper. Em 2020, Savage foi detido pelo serviço de imigração dos EUA sob a acusação de viver ilegalmente no país, sem visto. Até aquele momento ninguém sabia que uma das maiores estrelas da nova geração do Hip Hop, ligado à cena de Atlanta, era na verdade um cidadão britânico.

21 Savage (nome artístico de Shéyaa Bin Abraham-Joseph), na verdade, nasceu em Londres, no Reino Unido, mas imigrou para os EUA ainda criança. Tudo resolvido, o rapper conseguiu o seu green card no ano passado e o caso foi encerrado. American Dream inicia com esse tópico, que acaba perpassando todo o disco. Não à toa, sua mãe abre o trabalho com uma fala emocionante na faixa homônima.

American Dream é um disco que vai fundo nas complexidades de viver como imigrante, mas conecta essas questões com temáticas já trabalhadas por Savage, como a violência das ruas, histórias de gangues, racismo e a vida na pobreza nos subúrbios da Geórgia. Nas letras, o disco é claramente um avanço na poética do rapper, sobretudo quando ele se mostra mais vulnerável e aberto.

Mas a relação do rap com o “American Life” é, por definição, complicado e 21 Savage por vezes falha em dar contra dessas contradições. A resposta à opressão e preconceito muitas vezes vem carregada por discursos de opulência, objetificação, carros caros, armas, drogas, uma vitória pelo sucesso. Se equilibrando nesse subtexto e tentando dar conta de uma narrativa coesa da vida de imigrante, o disco por vezes perde a coesão.

21 Savage.
Foto: Ralph Aversen/Wikimedia Commons.

Mas há excelentes momentos que reforçam a versatilidade de Savage, como em “redhum”, em que fala da dura vida nas ruas em uma batida que chega após um emocionante sample de “Serenata do Adeus”, de Elza Laranjeira. Ou “née-nah”, que ganha força com a dinâmica entre o rapper e Travis Scott em faixa que traz sample de Nina Simone. As participações especiais são bem interessantes e encorpam o disco, sem soarem desconectadas, como Doja Cat em “n.h.i.e.”, Young Thug em “pop ur shit” e Lil Durk em “dangerous”.

Apesar de irregular em alguns momentos, American Life tem uma narrativa repleta de muita verdade e sustenta a força de 21 Savage como um das principais estrelas do rap atual.

Ouça 21 Savage – American Life

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